Ouvido pela CPI das Pirâmides Financeiras, Saulo Gonçalves Roque negou atuar como operador da MSK Operações e Investimentos, empresa investigada por golpe com criptomoedas.
“Há dois anos, eu venho enfrentando acusações da MSK de que fui o responsável por desviar ou roubar R$ 400 milhões, outras vezes dizem R$ 700 milhões, nem sabendo quanto é realmente”, afirmou.
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“Nunca fui responsável, não sou nem gerenciei recurso nenhum da MSK”.
Fundadores da MSK negam desvio de recursos
Os fundadores da MSK, Carlos Eduardo de Lucas e Glaidson Tadeu Rosa, acusaram Roque de desviar recursos da empresa em seus depoimentos. A MSK está em recuperação judicial após bloqueio de recursos. Glaidson afirma ser inocente e disse que pretende ressarcir as vítimas.
A MSK foi indiciada por pirâmide financeira e lavagem de dinheiro em 2022, por captar mais de US$ 1 bilhão e desviar esses valores. Isso prejudicou milhares de clientes que esperavam retorno fixo de 5% em investimentos com ativos digitais. A empresa parou de pagar investidores em dezembro de 2021.
O presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), insistiu com Roque, relembrando a alegação dos sócios da MSK. “Glaidson nos informou que o senhor era o responsável por toda e qualquer negociação dentro da empresa, que o senhor administrava as carteiras e que desde 2018 tinha total autonomia sobre as negociações”, pontuou.
Segundo Roque, no entanto, a responsabilidade por todas as operações era de Fernando Fernandes Gomes, que também foi convocado pela CPI, mas ainda não foi localizado.
“A minha responsabilidade na MSK nunca foi sequer gerir, movimentar ou ser responsável por pagamentos. O meu papel era e sempre foi de consultor, para dizer se é o momento de comprar ou de vender, e muitas vezes isso nunca foi nem levado muito a sério”, disse Roque, que informou receber um salário entre R$ 3.000 e R$ 5.000.
Saulo Roque tinha empresa que operava criptomoedas
Antes de atuar como trader na MSK, Roque admitiu ao deputado Caio Vianna (PSD-RJ) que tinha uma empresa que operava com criptoativos e ofertava lucros de 31% ao mês.
Saulo respondeu que conseguia cumprir esses pagamentos por um tempo e depois “perdeu a mão das operações”. “Tenho um plano para pagar a todas essas pessoas em dois anos”, disse.
Segundo ele, cerca de 100 clientes ainda aguardam receber de volta valores investidos, que juntos representam uma dívida de R$ 3 milhões a R$ 6 milhões. “Vou pagar trabalhando. Tenho plano para poder pagar de forma parcelada”, acrescentou.
Vianna indagou se Roque acredita que a empresa dele funcionava como uma pirâmide financeira. “Eu errei por falhas de administração, mas, se ficar caracterizada pirâmide, vou pagar por isso”, concluiu Roque.
Questionado pelo relator, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), Roque negou que ainda possua carteira com criptomoedas e se comprometeu a entregar à CPI informações sobre as carteiras de criptomoedas da MSK, que, segundo ele, totalizam 16.844 mil ativos digitais, cerca de R$ 2 bilhões.
“Não só isso, vamos entregar também as carteiras das plataformas em que eles liquidaram os recursos de 2018 até o termino da operação da MSK”, prometeu Saulo Roque.
Ex-funcionário da MSK, desmente Saulo
Christian Jardiel Braz, ex-funcionário da MSK, afirmou em depoimento na quarta-feira (30) que evidências como registros internos, e-mails e declarações de Saulo Roque à polícia comprovam desvio de recursos por parte dele na MSK.
Braz explicou o processo de compra e venda de criptomoedas na MSK, indicando que Saulo Roque estava envolvido nas operações, coordenando com Fernando Fernandes Gomes, convocado pela CPI, mas não foi localizado.
“O Saulo orientava: hoje vamos trabalhar com a plataforma tal. Eu mandava o dinheiro para a plataforma, o Fernando [Gomes] comprava os bitcoins e remetia ao Saulo”, acrescentou.
Braz negou que Roque fosse remunerado em moeda corrente pela MSK, mas admitiu que Fernando Gomes recebia salário de R$ 25.000 da empresa.
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