Enquanto o governo Biden anuncia a suspenção da importação do petróleo da Rússia, um dos maiores produtores do mundo, a China considera comprar participações em companhias na Rússia de commodities e energia.
O presidente da maior economia do mundo, Joe Biden, anunciou, nesta terça-feira (8), a proibição para comprar petróleo dos russos. O líder ucraniano Volodomir Zelensky agradeceu a ação e pediu na mesma publicação que outras nações sigam o exemplo e façam o mesmo.
Os preços da commodity voltaram a disparar após o anúncio do chefe da casa Branca. O barril do Brent do mar do Norte – negociado em Londres e referência no mercado – era negociado no fechamento desta matéria a US$ 132,13 o barril, com valorização de 7,24%.
Já o West Texas Intermediate (WTI) negociado em Wall Street valia US$ 128,09, alta de 7,28% em relação ao fechamento do dia anterior – e que registrou os maiores níveis de preços desde 2008.
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O vice-ministro russo Alexander Novak disse em um pronunciamento na TV estatal russa que o preço do barril pode chegar a US$ 300 após a suspenção das potencias ocidentais da importação do petróleo russo.
Novak disse ainda que a Europa levaria mais de um ano para substituir o volume de petróleo que recebe da Rússia e que as autoridades da região devem alertar “honestamente” seus cidadãos e consumidores sobre o que pode vir a acontecer.
“Se quiserem rejeitar o fornecimento de energia da Rússia, vão em frente. Estamos prontos para isso. Sabemos para onde podemos redirecionar os volumes”, ressaltou.
Novak reforçou que seu país fornece 40% do gás da Europa e que continua cumprindo suas obrigações de entrega sem interrupção. No entanto, a Rússia tem tem “o direito de retaliar a União Europeia” em caso de suspensão da importação de petróleo.
Falando em mercados, a Bolsa de Valores de Moscou, fechada desde 28 de fevereiro, permanecerá fechada assim até quarta-feira (9) e apenas operações limitadas serão permitidas. Moscou não informou que operações seriam essas. O rublo russo despencou para as as mínimas frente ao dólar americano.
China considera comprar participações em empresas russas de energia e commodities
Após quase duas semanas ou 13 dias da invasão, Pequim sinalizou que considera comprar ou aumentar participações em empresas russas de energia e commodities. Segundo a Bloomberg, a gigante de gás Gazprom e a produtora de alumínio United Co. Rusal Internacional estariam na mira do governo Xi Jinping.
De acordo com a reportagem da agência americana, a China já tem conversas avançadas com suas empresas estatais de Petróleo e alumínio sobre oportunidades de investimentos potenciais em empresas ou ativos russos. O objetivo dos chineses seria o de garantir energia e segurança alimentar em meio ao conflito.
Pequim também já expressou preocupação com as baixas civis e se prontificou a mediar as negociações de paz para acabar com a guerra.
Especialista diz que China e Rússia querem fazer parte de “novo concerto mundial”
Para o professor de Relações Internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Alcides Eduardo dos Reis Peron, porém, a guerra tem outro objetivo: alçar o presidente russo, Vladimir Putin, e a Rússia de volta à mesa de negociação das grandes potências mundiais.
“O objetivo de longo prazo, na minha visão, parece ser colocar a Rússia de volta nesse possível novo conserto mundial. Mas é importante pensar os objetivos russos de curto prazo: desmilitarização da Ucrânia, e frear o avanço da OTAN, que é entendido como algo ameaçador pelas doutrinas de segurança russas”, opina.
O professor explica que potências como a Rússia, desde o fim da guerra fria, se esfacelaram do ponto de vista militar e econômico. Com a eleição de Putin no início do milênio, a Rússia se reconstrói, tornando-se um player no cenário internacional. O país também se aliou à Índia, à China e aos BRICS, que nunca contestaram a hegemonia dos Estados Unidos, respaldado pelas doutrinas geopolíticas internas, e inclusive pelos próprios parceiros do Brics.
“Tudo indica que China e Rússia querem fazer parte do novo concerto mundial. Esse conflito tem como objetivo mostrar o poderia bélico e trazer a Rússia para a mesa das potências mundiais. O modo de agir de Putin deixa evidente que reassumir o controle da Ucrânia era um elemento estratégico do ponto de vista militar e econômico que ajudaria ele a reassumir esse lugar no mundo”, finaliza o especialista.
Segundo dados do serviço de inteligência dos Estados Unidos entre 2 mil e 4 mil soldados russos foram mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro.
As Nações Unidas falam em quase dois milhões de refugiados. A quantidade de ucranianos fugindo da violência e da fome é a maior em um curto período de tempo – algo não visto desde a 2ª Guerra Mundial.
Falando por vídeo ao parlamento inglês, o presidente da Ucrânia Volodomir Zelensky disse diz que lutará até o fim e que terror russo é contra o mundo todo. O líder ucraniano foi ovacionado e aplaudido de pé pelos ingleses.
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