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Especialista em segurança chama Bitcoin de ‘bomba-relógio’

4 Min.
Atualizado por Luís De Magalhães

Resumo

  • Taxas de transação em queda e recompensas de bloco finitas do Bitcoin podem comprometer a segurança de sua rede a longo prazo, alerta Justin Drake.
  • Especialista propõe soluções controversas: remover o limite de 21 milhões de BTC ou mudar para Proof-of-Stake.
  • Críticos argumentam que a receita de taxas deve ser vista em dólares, não em BTC.
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O Bitcoin, a criptomoeda pioneira, é frequentemente elogiada por sua descentralização, segurança e imutabilidade. No entanto, uma análise recente do especialista em segurança Justin Drake levantou sérias preocupações sobre a sustentabilidade do modelo de segurança do Bitcoin. Ele descreveu o sistema como uma “bomba-relógio”.

Drake alertou para uma falha crítica no mecanismo de Prova de Trabalho (PoW) do Bitcoin que, se não for resolvida, pode comprometer todo o ecossistema de criptomoedas.

A argumentação de Drake gira em torno da queda acentuada nas taxas de transação do Bitcoin, que atingiram o menor nível em 13 anos, ficando abaixo de 10 BTC por dia.

Taxas de Transação do Bitcoin
Taxas de Transação do Bitcoin. Fonte: Blockchain.com

Ele explicou que as taxas de transação representam apenas cerca de 1% da receita dos mineradores. Os 99% restantes vêm das recompensas de bloco — os novos Bitcoins gerados para incentivar os mineradores a proteger a rede.

Queda nas taxas desafia modelo econômico da mineração do Bitcoin

No entanto, essas recompensas são reduzidas pela metade a cada quatro anos, em um evento conhecido como halving do Bitcoin. Em abril de 2024, a recompensa por bloco caiu para 3,125 BTC. Essa tendência continuará até que o suprimento total de Bitcoin atinja o limite rígido de 21 milhões de moedas.

Historicamente, a comunidade do Bitcoin acreditava que as taxas de transação aumentariam à medida que as recompensas diminuíssem, garantindo o incentivo econômico necessário para que os mineradores mantivessem a segurança da rede. Mas os dados mostram o oposto: na última década, as taxas de transação caíram ainda mais rápido do que as recompensas de bloco.

Gráfico Histórico de Taxas em Recompensas do Bitcoin. Fonte: Bitinfocharts
Gráfico Histórico de Taxas em Recompensas do Bitcoin. Fonte: Bitinfocharts

Por exemplo, em março de 2016, as taxas de transação representavam 1% da recompensa de bloco de 25 BTC. Em abril de 2025, mesmo com a recompensa reduzida para 3,125 BTC, as taxas ainda correspondiam a apenas 1%. Essa queda persistente na receita com taxas está reduzindo o orçamento de segurança do Bitcoin — o montante que financia e motiva os mineradores. Como consequência, a rede está se tornando progressivamente mais vulnerável a ataques.

“Imagine que as taxas fossem a única fonte de receita dos mineradores hoje:
→ receita cai 100x
→ infraestrutura de hashing diminui 100x
→ 1% da infraestrutura de hoje (1 grande fazenda) pode atacar o Bitcoin com 51%
Esse é o caminho que estamos seguindo. O limite de 21 milhões quebra a segurança, é autodestrutivo. Deve estar claro agora que Satoshi cometeu um erro.” – disse Justin Drake .

Esforços para aumentar a utilidade das transações e elevar as taxas falharam. Iniciativas como Lightning Network, Liquid, Stacks e Ordinals provocaram apenas aumentos temporários nas taxas, seguidos por novas quedas.

Como resultado, a segurança do Bitcoin ainda depende fortemente das recompensas de bloco — um recurso finito que, sob o modelo atual, desaparecerá com o tempo.

Nem todos, porém, concordam com a avaliação de Drake. Kushal Babel, pesquisador da Category Labs, argumentou que as taxas de transação devem ser analisadas em dólares, e não em BTC, para refletir com mais precisão sua tendência real.

“É incorreto dizer que as taxas estão em um nível mais baixo de todos os tempos denominando-as em BTC. O que importa para a segurança são as taxas em termos de dólares—precisamos considerar o preço BTC/US$. Isso pode contar uma história diferente.” – disse Kushal Babel .

Satoshi cometeu um erro?

Drake propôs duas soluções potenciais para evitar uma crise de segurança. No entanto, ambas são altamente controversas dentro da comunidade Bitcoin.

A primeira seria introduzir recompensas de bloco perpétuas, eliminando o limite de 21 milhões de BTC. Essa mudança quebraria um dos princípios centrais do Bitcoin: sua escassez como ativo digital. A segunda alternativa seria abandonar o modelo de Prova de Trabalho (PoW) e adotar um mecanismo de consenso por Prova de Participação (PoS), como fez o Ethereum em 2022. O PoS depende de validadores que fazem staking de moedas, em vez de utilizar poder computacional. É mais eficiente em termos energéticos e pode oferecer um modelo de segurança mais sustentável.

No entanto, ambas as propostas são culturalmente inaceitáveis para muitos entusiastas do Bitcoin, pois desafiam pilares fundamentais como a escassez e a descentralização.

Lukasinho, analista de Estratégia na Auditless, argumentou que Satoshi não cometeu erro algum. Para ele, o problema está no afastamento da rede em relação à visão original do criador do BTC. O Bitcoin teria se transformado em uma reserva de valor, com baixa atividade de transações — o que limita o crescimento das taxas.

“Satoshi não cometeu um erro nem os 21 milhões estão errados. Os pequenos bloqueadores cometeram o erro. A visão de Satoshi era que o BTC se tornasse dinheiro digital, usado frequentemente — e gerando taxas de transação. Não para se tornar uma pedra de estimação dormindo em carteiras”, afirmou Lukasinho.

Há também um fator que Satoshi provavelmente não antecipou: os ataques quânticos.

Embora um ataque de 51%, como o citado por Drake, pareça improvável devido ao custo e à complexidade de execução, especialistas vêm reforçando os alertas sobre os riscos trazidos pela computação quântica. Essa tecnologia poderia quebrar a criptografia do Bitcoin, aumentando ainda mais a urgência de se adotar um modelo de segurança mais robusto e preparado para o futuro.

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Lucas Espindola
Lucas estudou na FMU e acumula experiência em empresas como Quinto Andar e Vitacon. Profissional experiente em redação de conteúdo, é especializado em gestão de reputação corporativa, marketing digital edição. Como especialista em Web3 e SEO, Lucas combina estratégias digitais inovadoras com a criação de conteúdo tradicional para ajudar empresas a aumentar sua visibilidade e credibilidade em várias plataformas.
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