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Empresas já estão prontas para aceitar blockchain, segundo esse empresário

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Atualizado por Júlia V. Kurtz

Grandes empresas estão sofrendo pressões do mercado para adotarem soluções mais transparentes e amigáveis com o meio ambiente. E, para o CCO da Pepita Global, Rodrigo Mentor, isso é o primeiro passo para que elas adotem tecnologias como o blockchain.

Mentor tem mais de 20 anos de experiência no mercado de seguros e resseguros na colocação de riscos complexos e no programa de seguros corporativos. Expertise na exportação de commodities do Brasil para o mundo e em soluções inovadoras para diferentes mercados e soluções para combater a crise climática.

Nessa conversa com o BeInCrypto, ele fala sobre a disposição das empresas em migrarem para novas tecnologias e como fazer para diminuir o receio do público em entrar no mercado cripto.

  • Como foi sua jornada profissional?

Eu venho do mercado tradicional e estou há quase 20 anos atuando no mercado de seguros. Mas eu já vinha trabalhando com outras oportunidades de negócios fora dessa área.

Antes da pandemia, eu trabalhava no mercado de commodities com alguns parceiros. E, durante a pandemia, nossas conversas evoluíram em direção a um projeto maior e nós precisávamos captar recursos em um primeiro momento.

Nesse momento, graças aos relacionamentos que eu criei dentro do mercado, nós unimos algumas peças para esse projeto, que hoje não está mais no nosso portfólio porque não atendeu a uma série de requisitos contratuais.

Independente disso, nós continuamos o trabalho porque as peças se encaixaram muito bem. Eu assumi a pasta de comunicação e marketing do projeto.

O tempo passou e hoje nós temos uma estrutura bem legal e robusta para dar suporte para a gente poder botar a cara. Não dá para estar despreparado no mercado descentralizado.

  • E falando sobre a Pepita: o que ela é e qual seu objetivo?

A Pepita precisa ser olhada de forma diferente por cada mercado. Nós temos um foco, que é atender e agregar valor para o mercado de mineração e commodity de forma geral. Nós focamos no mercado de mineração de ouro em um primeiro momento, mas estamos conversando com outras operações de outros ativos.

São empresas que sentem necessidade de captar recursos de forma mais inteligente e, ao mesmo tempo, menos onerosa ou complexa. Nós entendemos que a rastreabilidade dos processos é uma demanda muito grande do mercado, não só do de mineração como de uma forma geral.

É preciso trazer mais transparência e credibilidade aos projetos e à operação de empresas. Especialmente as de ativos minerais, que, hoje, sentem uma necessidade muito grande disso por conta de fatores ambientais, sustentáveis e éticos.

Nós entendemos que a blockchain é uma peça essencial nesse processo, então criamos um modelo de negócios para atender a essas empresas de forma ampla.

São operações de investimentos altíssimos que estas empresas fazem um ótimo trabalho até um determinado momento e, depois, esbarram devido a dificuldades financeiras para fazer a operação ser alavancada.

Basicamente, nós queremos ajudar estas empresas a entrarem em um mercado descentralizado em que há diversos pequenos investidores de olhos em ativos com certa segurança ou reserva de valor.

Por fim, a percepção depende de cada segmento. Pode ser que bancos e fundos de investimento olhem para nós de forma diferenciada, como um ativo que não é realmente seguro para usar em suas operações.

Então, nós conversamos com vários perfis de empresas, incluindo exchanges, que é onde a Pepita é comercializada. São as exchanges que fazem essas negociações.

  • Como as empresas recebem a ideia de integrar tecnologias como o blockchain?

Já existe um movimento do mercado nessa direção. E também um projeto de lei. Enfim, há uma pressão muito grande do mercado por operações mais transparentes, éticas e sustentáveis. Nós temos, por exemplo, problemas com a crise climática, com indígenas, com extração de ouro ilegal.

Essas coisas são boas por um lado porque nos levam a um momento em que tudo converge e não precisamos fazer esforço para convencer as empresas. Pelo contrário, são elas que vêm até nos de forma orgânica. Isso é legal porque elas sentem uma necessidade e sabem que, em algum momento, essa cobrança vai chegar e que não se adaptar vai ficar para trás.

A blockchain não é mais novidade, mas, para muitos, ela ainda é um bicho de sete cabeças, então nós tentamos simplificar as coisas e convencer as pessoas do mercado tradicional que este é o caminho certo para elas.

  • O mercado de criptomoedas é muitas vezes associado com crimes e fraudes devido à baixa regulamentação. Isso preocupa as empresas na hora de adotar soluções descentralizadas?

Essa desconfiança é natural devido à falta de regulamentação do mercado. Ao mesmo tempo, nós vemos órgãos de diversos países tentando ver como eles podem participar dessas operações descentralizadas.

Sinceramente, essas não é uma preocupação nossa, porque é algo normal e que nós esperamos que tenha um desfecho positivo a partir do momento que todo mundo começar a se envolver. As peças vão se encaixando e soluções vão nascendo.

Ao mesmo tempo, não vejo viável uma solução radical como tentar fechar o mercado ou proibir transações. Bitcoin e outros cripto ativos tomaram uma dimensão sem precedentes e sem retorno. Nós podemos ter ações pontuais desses órgãos, mas, independentemente disso, é um mercado sem volta.

A própria blockchain já é uma realidade, independente do ativo usado como meio de pagamento. As vantagens dela estão 90% na rastreabilidade e 10% no meio de pagamento. Isso é só um pedaço pequeno dentro do ecossistema.

  • Por mais que a tecnologia por trás das criptomoedas seja sólida, a experiência para o usuário final ainda é mais complicada do que usar, por exemplo, o PIX. Como convencer o consumidor a adotar a tecnologia nesses casos?

Nesses casos, é importante não sobrecarregar o usuário com um excesso de termos como carteira, metamask ou similares. A tecnologia realmente exige mais conhecimento do usuário para entender como ela opera.

É preciso suprir essa necessidade para facilitar o sistema e permitir que qualquer leigo possa transferir criptomoedas de forma tão fácil quanto um PIX.

O que nós temos desenvolvido é uma integração com bancos e plataformas financeiras tradicionais para que tudo ocorra no mesmo ecossistema ao qual o usuário já está acostumado.

Depois disso, já é possível ter conversas mais avançadas com plataformas financeiras digitais e bancos para essas integrações. E fica mais fácil porque o usuário não precisa aprender como mexer numa exchange, numa carteira ou em um hardware novo.

As peças vão se encaixar e, pra ele, vai ser muito mais fácil. Eu acredito que até o fim de 2023 já existam novidades no mercado nesse sentido que vão facilitar a vida das pessoas.

Atualmente nós temos mais de 1 milhão de investidores cripto no Brasil e, ao integrar bancos tradicionais, esse número vai dar um salto gigantesco, porque muitos outros vão perder o receio de entrar em operações cripto.

Há plataformas, como o Nubank, por exemplo, que já fazem coisas nesse sentido.

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Júlia V. Kurtz
Editora-chefe do BeInCrypto Brasil. Jornalista de dados com formação pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia pela Globo e, agora, está se aventurando pelo mundo cripto. Tem passagens na Gazeta do Povo e no Portal UOL.
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