A empresa de tecnologia brasileira TuneTraders acaba de lançar uma solução de detecção de inteligência artificial voltado exclusivamente para o setor musical. O sistema é capaz de identificar com precisão a presença de IA em composições musicais, determinando inclusive quais obras foram usadas para treinar o modelo de IA e em que trecho da música essas influências foram inseridas.
Lastreada na blockchain, a solução surge em meio a um problema crescente e sem precedentes na indústria fonográfica: o crescimento exponencial da produção musical baseada exclusivamente em IA. Em abril deste ano, por exemplo, a plataforma Deezer revelou que recebe cerca de 20 mil músicas geradas por inteligência artificial por dia — número que acende um alerta no setor.
O funcionamento está apoiado em um protocolo que registra cada etapa de criação, compressão e execução das músicas. Segundo a empresa, o objetivo é oferecer rastreabilidade e auditoria em todas as fases da cadeia fonográfica.
A obra é executada e toda a cadeia, desde a execução da mesma, até o registro e pagamento daquele play, está registrada ali. E por que a blockchain? As pessoas, às vezes, têm dúvidas, mas é bem simples. Ela é uma tecnologia que funciona como um um registro eletrônico de transações, onde as informações são registradas entre si de forma segura, transparente e impossível de ser alterada sem o consenso da rede, que são os atores que aderiram àquele protocolo, neste caso, músicos, distribuidoras, gravadoras, entidades, etc, explica Carlos Gayotto, sócio da TuneTraders.

O protocolo ainda permite aferir detalhes como melodia original, tipo de compressão do arquivo e histórico de criação, reunindo dados que podem ser consultados por gravadoras, distribuidoras, plataformas de streaming e órgãos reguladores. A empresa defende que esse nível de detalhamento favorece a distribuição justa de receitas e contribui para a preservação dos direitos autorais.
Meu sócio e eu começamos a estudar essa solução durante a pandemia, após resultados de pesquisas da Berklee Music com o MIT, e demos continuidade ao projeto que deu vida ao protocolo. Uma das grandes inovações que fizemos recentemente foi colocar dentro dele um identificador de inteligência artificial. Com mais de 75% de acurácia, o nosso detector consegue sinalizar se a música foi feita ou não com IA, se ela tem algum componente de uma obra anterior naquele machine learning, que é o aprendizado que a máquina obteve para criar uma nova obra. Isso faz com que, no médio e longo prazos, obras que foram utilizadas para fazer a máquina aprender e tirar suas conclusões para criar uma nova música possam ser devidamente remuneradas. E é uma tecnologia nossa, 100% brasileira, detalha Gayotto.
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