Em pouco mais de um ano, desde que desembarcou oficialmente em terras brasileiras, a OKX já movimentou muito mais do que os R$ 2 bilhões anunciados no primeiro ano de operação no Brasil. E segue crescendo.
Com cerca de um ano e meio em operação no país, o diretor geral da OKX Brasil, Guilherme Sacamone fez um balanço do período. Segundo o executivo, focar em necessidades específicas dos brasileiros, impulsionou — e muito — as operações no país. Ele conversou com o BeInCrypto durante o Web Summit 2025.
Desde que a OKX chegou ao Brasil oficialmente em 2023, vocês (OKX) pensaram na tropicalização de produtos. De lá para cá, como você viu a evolução do mercado e o que mudou para a exchange?
Guilherme Sacamone: Quando pensamos no mercado, nos grandes players de criptoativos no Brasil, na nossa opinião, quando decidimos vir para o Brasil, nenhum deles estava tratando o mercado brasileiro da forma que ele merece. Então, vimos, de fato, uma oportunidade.
Quando estávamos fazendo nosso planejamento estratégico para o Brasil, vimos basicamente dois cenários. Os players locais, que ofereciam uma experiência muito amigável, de fato tropicalizada, porque no fim de dia eram brasileiros construindo produtos para brasileiros, mas com um portfólio de produto um pouco mais limitado, pelo simples fato de operarem apenas em uma jurisdição. Isso acaba, de fato, limitando o tipo de produto que você consegue operar.
E do outro lado desse espectro, os globais, que tinham um portfólio de produto muito robusto, mas como eu disse, não estavam priorizando o Brasil. Então eles não tinham uma estratégia de produto pensada e desenvolvida para o mercado brasileiro.
A maioria dos top 04 grandes players, quase nenhum deles operam com entidade no Brasil, por exemplo. A grande maioria deles operam com offshores, oferecendo soluções para o Brasil, o que gera uma série de impactos e dificuldades.
Facilidades do IR ao Pix
Por exemplo, você precisa fazer sua própria declaração mensal de negociação, se você negociou R$ 1 ou R$ 1 milhão, precisa fazer o seu próprio reporte para a Receita Federal, via IN888.
Então, quando olhamos para esses dois cenários, a OKX vê uma oportunidade de se colocar exatamente na intersecção. Vamos trazer toda a nossa robustez de produto e penetração global, que a gente sabe fazer muito bem no mundo, de uma forma pensada e desenhada para o mercado brasileiro, enfatiza Guilherme.
Então, de fato, criamos uma entidade no Brasil, temos responsabilidade jurídica no Brasil, o nosso produto é pensado para o brasileiro.
Temos um dos depósitos do saque-Pix mais rápidos do mercado hoje, o que nos permite trabalhar com grandes players como o Banco BTG, que faz a nossa custódia de fiat hoje. E de fato, trazer produtos pensados para o brasileiro, complementa Sacamone.
Exchange bem cotada no Reclame Aqui
Hoje, se você entrar no reclame aqui, por exemplo, a maior nota de todas as exchanges globais é a da OKX. A única com oito ou maior, a única que está com a nota ótima, reforça o head da exchange.
Isso mostra como vem dando certo essa estratégia de fato de construir, de trazer uma empresa global, com o objetivo de construir o produto pensado para o mercado brasileiro.
Nosso atendimento ao consumidor é 24×7 feito por brasileiros. Não temos alguém lá do outro lado do mundo usando um tradutor para falar com o usuário. Então, de fato, somos feitos por brasileiros, apesar de sermos uma marca global.
OKX acelera crescimento no Brasil
Como você enxerga o amadurecimento do seu público no Brasil? Sobre regulamentação, como você enxerga a atuação das autoridades como o BC?
Guilherme Sacamone: Falando do nosso público especificamente, se você contasse para mim e contasse o crescimento tão rápido que a OKX teria, a gente anunciou, em novembro do ano passado, R$ 2 bilhões negociados.
Esse número hoje está tão distante! As coisas aceleraram tanto desde novembro passado, não tenho o número público ainda de volume negociado, mas estamos exponencialmente maiores do que estávamos em 2024 em um ano de operações.
De fato, a nossa estratégia está muito diferente, crescemos muito mais rápido do que a média das corretoras que competem hoje pelo mercado brasileiro. Então, estamos muito felizes com esse amadurecimento e a percepção de marca.
Você acha que esse crescimento se deve a todo esse trabalho que vocês estão fazendo, de tropicalizar?
Guilherme Sacamone: Sem dúvida. Estamos colhendo bons frutos com esse trabalho de pensar no produto para o brasileiro. No ano passado a OKX fez várias ações no Brasil e em Mônaco em homenagem ao ídolo brasileiro, Ayrton Senna
Consultas públicas do BC geram polêmicas
Sobre as consultas públicas do Banco Central, a polêmica sobre o limite para stablecoins. Eu até acredito que as stablecoins irão em um futuro nem tão distante o sistema SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication). O que você pensa sobre isso?
Guilherme Sacamone: Eu acho que tem uma grande chance significativa de isso acontecer. Agora sobre o Banco Central especificamente.
Desde que iniciamos a nossa trajetória no Brasil, nós nos sentamos na mesa da ABcripto e acabamos interagindo com o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Estamos contribuindo, inclusive, com as consultas públicas sobre a indústria, via a ABcripto.
Quando olhamos as duas principais hoje, que mais tocam o nosso mundo, são a 109 e a 111. Estamos super felizes com o caminho que 109 está seguindo. Acho que o Banco Central está conseguindo mostrar bastante equilíbrio de proteção e, ao mesmo tempo, permitindo que esse mercado de Prestadoras de Serviços de Ativos Virtuais (PSAVs) se desenvolva. Porém, a 111 tem alguns aspectos que realmente […] É a que toca em stablecoin […] Tem alguns aspectos […] Foi bastante polêmica.
E aqui, sim, olhamos com um pouco mais de preocupação, porque de fato queremos ter certeza de que a regulação do Banco Central brasileiro visa proteger o usuário, mas não isolar.
Brasil não pode afastar brasileiros com legislação engessada
Porque o mercado de criptoativos é muito difícil, de fato, de você ter um controle como você tem no mercado tradicional.
Isolar o mercado brasileiro basicamente significa que você mata a indústria, mas você não mata o acesso dos brasileiros a esse tipo de produto, porque eles são, por essência, cripto é cross-border, cripto é na internet, então, basicamente, se você não criar um mercado amigável, você mata as iniciativas de empresas locais. As boas iniciativas e você força o brasileiro a acessar players internacionais, correr muito mais risco.
Você, basicamente, aumenta o grau de risco e tira impostos do Brasil, pontua Guilherme.
Já tivemos casos grandes em 2022, e sabemos o que acontece quando você força brasileiros a negociarem plataformas internacionais, se dá algum problema. Tivemos mais de 150 mil brasileiros desamparados juridicamente com a quebra da FTX porque não havia contrapartida jurídica no Brasil. Qualquer litígio tinha que acontecer fora do Brasil, então você deixa esses brasileiros desamparados.
Temos que tomar muito cuidado para que, dependendo de como essa infraestrutura regulatória for construída, você não gere novos casos como esse no futuro.
Questão Trump. Como fica esse vai e vem na indústria a e as canetadas do presidente da maior economia do globo?
Guilherme Sacamone: Eu acho que é um governo extremamente volátil, pode ter mudança de direções muito grandes, o que gera preocupação no mercado, no sentido de o mercado gostar de constância e segurança. E quando você tem esse apetite um pouco mais volátil ao mercado, a coisa fica um pouco mais tensa. Temos uma desvalorização do dólar significativa, estamos vendo o que aconteceu agora no mercado de tesouros americanos, de bonds, e como de fato isso gerou uma pressão muito grande sobre as próprias formas que o Trump estava endereçando as políticas dele.
Mas o que eu acho imutável é a questão de que esse governo (Trump) será um governo pró-cripto e vai facilitar o desenvolvimento do mercado todo.
Então acredito que, independentemente do que aconteça no curto prazo, eu não vejo Trump mudando de direção em relação ao apetite que esse governo vai ter em relação a cripto.
Eu acho que para o mercado de criptoativos, seja para as frentes de infraestrutura como o Layer 1, Layer 2, principalmente no mercado americano, eles terão muito mais suporte. Vimos vários processos da Securities Exchange Commission (SEC) sendo interrompidos agora, e vemos com bons olhos para o mercado todo proliferar também nas Américas.
Reserva estratégica de Bitcoin e a primavera
Sobre a questão da reserva estratégica de Bitcoin estou muito curioso ainda para ver como que isso de fato vai acontecer.
Essas compras de Bitcoin, mas acho que de fato estamos entrando em uma nova era do mercado cripto, talvez uma primavera que pode ser muito interessante.
No fim do dia, o que vai mandar, na minha opinião, vai ser liquidez de curto prazo, então estamos muito de olho no que o Federal Reserve (FED) vai fazer nas próximas reuniões.
Ao contrário do que muita gente estava falando, que as tarifas iam ser inflacionárias, elas vão ser deflacionárias.
Então se você olhar a inflação americana, estamos vendo uma inflação abaixo de 2%, o que abre muito o caminho para o Fed ter uma postura um pouco mais dovish e quando é dovish, quando você injeta, o preço do Bitcoin tende a aumentar.
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