CEO de fintech inglesa similar ao Nubank diz que grandes bancos estão perdidos e não sabem o que fazer com agências após digitalização trazida pela pandemia
A digitalização das finanças acelerada pela pandemia está deixando grandes bancos completamente perdidos. Essa é a opinião de Anna Boden, CEO da fintech Starling Bank, espécie de Nubank do Reino Unido. Segundo a executiva, agências bancárias podem eventualmente se transformar até em cafeterias.
Em entrevista durante ao Web Summit 2020 na quarta-feira (2), Boden falou sobre a transição das finanças do analógico para o digital. Em certa altura, ela comentou como a digitalização acelerou nos últimos 10 anos por conta da pandemia. Consequentemente, o uso de agências bancárias faz cada vez menos sentido.
Grandes bancos estão perdidos, eles não sabem o que fazer com as agências. Todo mundo sabe disso. As pessoas antes iam [às agências] fazer todo tipo de coisa, mas de repente se viram na situação de não poder sair de casa. Não sei o que elas vão virar. Cafeterias talvez?
Boden é famosa, entre outros motivos, por ter fundado sozinha o Starling Bank aos 54 anos. Em entrevista ao The Guardian, ela contou que começou o projeto preparada para falhar.
No entanto, após lutar para conseguir dinheiro para começar, a fintech acumula três anos seguidos de prêmio de melhor banco do Reino Unido. Agora, surgem rumores de que o gigante JP Morgan estaria interessado em uma aquisição.

O Starling funciona como o Nubank e outros bancos digitais do tipo: totalmente via aplicativo. No Web Summit, Boden explica que a empresa trabalha com uma margem pequena.
Eu acho que os serviços bancários devem ser mais baratos para todo mundo. Nós oferecemos a maioria dos nossos serviços de graça. Trabalhamos com uma estrutura enxuta e uma margem muito pequena. Mas, esse ano, finalmente vamos ter lucro.
Bancos como o Nubank podem acabar com agências no Brasil?
A situação do Starling Bank lembra a do próprio Nubank. O unicórnio brasileiro apresentou recentemente um balanço negativo com prejuízo de R$ 443,5 milhões em 2019.
O aumento nas perdas de 285,3% foi impulsionado principalmente por maiores provisões para eventuais calotes em meio à crise. No entanto, também pesa o fato de fintechs como essa operarem propositalmente no vermelho para acelerar o crescimento.

A pandemia, no entanto, adiantou ganhos que viriam anos à frente. O cenário também foi identificado no Brasil, onde a pandemia acelerou em pelo menos três anos a digitalização das finanças, segundo levantamento do Nubank.
A chegada do Pix, no entanto, pode ajudar a aumentar ainda mais o ritmo de digitalização no país. O sistema do banco central, segundo especialistas, seria inclusive melhor do que as soluções chinesas de pagamentos.
Há poucas semanas, os bancos Bradesco e Santander demitiram, juntos, quase 4 mil funcionários. Sindicatos também apontam que o cenário não é positivo para quem trabalha no Itaú. Quem sabe, também no Brasil, agências estão igualmente próximas de fechar de vez – ou se transformarem em cafeterias.
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