Na era moderna da transformação digital, as empresas são pressionadas a inovar constantemente para se manterem competitivas frente as startups tech e aos unicórnios em rápida evolução e plena expansão. Isto levou à rápida diminuição da expectativa de vida das empresas no auge do sucesso, deixando espaço para novas tecnologias como as Finanças Descentralizadas (DeFi).
Enquanto em 1958 as organizações listadas no S&P 500 tinham uma permanência média de 61 anos, este número caiu para apenas 18 anos atualmente. A velocidade da disrupção está em ritmo acelerado e prevê-se que, até 2027, 75% das empresas atualmente listadas no S&P 500 desaparecerão.
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DeFi pode assumir o controle do sistema financeiro?
No rescaldo da crise financeira global de 2008, o sistema financeiro tem enfrentado numerosos desafios, dentre eles a inclusão e a digitalização. As Finanças Tradicionais (TradFi) demonstraram resiliência, mas à custa da inclusão financeira.
Segundo o Banco Mundial, 1,4 mil milhões de pessoas em todo o mundo não tem acesso a uma conta bancária. Isto impede “frequentemente que as mulheres, mais pobres, com menos instrução que vivem em zonas rurais” acessem serviços financeiros essenciais e perpetua o ciclo de pobreza.
“Para alcançá-los, os governos e o setor privado terão de trabalhar juntos para forjar as políticas e práticas necessárias para construir confiança nos prestadores de serviços financeiros, confiança na utilização de produtos financeiros, novos designs de produtos personalizados, bem como uma forte e aplicável estrutura de defesa do consumidor”, disse a economista-chefe em economia de desenvolvimento e vice-presidente do relatório Global Findex, Leora Klapper.
O DeFi é uma forma de financiamento baseada em blockchain que não depende de intermediários financeiros centrais. Isso inclui corretoras, bolsas ou bancos que oferecem instrumentos financeiros tradicionais.
Em vez disso, o DeFi oferece uma infinidade de serviços financeiros. Da concessão de empréstimos à contratação e negociação de empréstimos dentro da blockchain, o DeFI garante que as transações estejam disponíveis publicamente, sejam transparentes e imutáveis.
O DeFi está preparado para reescrever o livro de regras dos sistemas financeiros globais, pois apresenta inúmeros benefícios em relação ao TradFi. Ele permite a movimentação de valor em tempo real, reduz as barreiras à entrada e garante que os usuários mantenham o controle sobre seus ativos, para citar alguns.
“Os longos processos de integração, bem como a quantidade de tempo envolvido na execução da negociação e nas atividades pós-negociação, tornam o TradFi muito mais caro do que o necessário. O setor poderia reduzir até 80% do que gasta atualmente em despesas de liquidação pós-negociação, aproveitando ao máximo a tecnologia blockchain… No geral, estima-se que “a movimentação de títulos em blockchains poderia economizar entre US$ 17 bilhões e US$ 24 bilhões por ano nos custos de processamento do comércio global”, dizi o relatório DeFi-TradFi da Concordium.
O potencial do DeFi na próxima alta chama a atenção do setor bancário tradicional. O volume diário de transações neste setor, atingiu seu pico, ultrapassou os US$ 10 bilhões, e os ativos bloqueados cresceram de menos US$ 1 bi para mais de US$ 100 bilhões num curto espaço de dois anos.
A estrutura descentralizada do DeFi alimenta o seu rápido crescimento. Elimina a necessidade de intermediários, reduzindo significativamente os custos indiretos e de processamento.
Isto é uma mudança de jogo para a população sem conta bancária nas economias emergentes. Agora podem acessar serviços financeiros sem a necessidade de uma conta bancária tradicional.
“Ao eliminar a necessidade de gestão intermediária de ativos, a blockchain permite a alocação de recursos de forma mais eficiente, garantindo assim que todos os membros da sociedade possam desfrutar de acesso imparcial aos serviços de crédito. A blockchain é uma ferramenta poderosa para corrigir o catálogo de ineficiências no setor financeiro tradicional, simplificando processos e facilitando maior inclusão e níveis mais elevados de acessibilidade global”, afirmou o presidente e fundador da Concordium, Lars Seier Christensen.
Estruturas regulatórias para promover a adoção
No entanto, para que o DeFi aproveite totalmente o potencial da tecnologia blockchain e impulsione a adoção generalizada, um quadro regulamentar é crucial. A clareza jurídica não só protegerá os utilizadores, mas também evitará a manipulação do mercado, promovendo a estabilidade financeira no DeFi .
Além disso, a regulamentação promoverá aceitação, adoção e confiança mais amplas. Abrindo assim o caminho para o crescimento exponencial do DeFi no próximo ciclo de alta do mercado.
“Se quiserem alcançar a adoção convencional, o DeFi e os criptoativos devem integrar algumas das práticas regulatórias e autorregulatórias que trouxeram estabilidade funcional ao TradFi. Mas também há uma necessidade urgente de que os administradores da economia global explorem soluções DeFi e cripto para seus muitos problemas”, disse Michael Casey, pesquisador de economia.
A integração de uma estrutura de identificação auto soberana no nível do protocolo pode abordar a conformidade do Know Your Customer (KYC). Consequentemente, reduzindo o risco de roubo de identidade ou fraude, garantindo privacidade e segurança. Esta estrutura pronta para regulamentação reduz significativamente as barreiras de entrada para as empresas, impulsionando o DeFi a se tornar uma solução financeira convencional.
À medida que o DeFi continua evoluindo e integrando práticas regulatórias e autorregulatórias, ele se destaca como uma luz de inovação financeira. O JPMorgan Chase e o Bank of America já estão explorando a tecnologia blockchain, indicando uma transição promissora para um ecossistema financeiro dominado pelo DeFi .
“As aplicações DeFi requerem desenvolvimento para produzir um produto diferenciado e uma experiência de usuário positiva, o que impulsiona a adoção e o uso. O aumento da adoção e do uso resulta no aumento das receitas e na valorização dos tokens nativos, se projetados adequadamente, os quais podem ser reinvestidos no desenvolvimento. [Embora as aplicações DeFi sejam imaturas], continuamos nos estágios iniciais de uma grande mudança nas aplicações que pode ocorrer nos próximos 30 anos”, informou o Bank of America .
Com o seu potencial para promover a inclusão financeira, reduzir custos e promover a inovação, o DeFi poderá ser o maior ganhador na próxima corrida altista, remodelando o cenário financeiro global.
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