A indústria de mineração de Bitcoin enfrenta um período desafiador, com custos de produção em alta e um hashrate recorde na rede.
Esse cenário resulta não apenas da dificuldade histórica de mineração, mas também do aumento nos preços de energia e da crescente concorrência entre as empresas do setor.
Segundo o relatório mais recente da TheMinerMag, o custo médio para minerar um Bitcoin subiu de US$ 52 mil no quarto trimestre de 2024 para US$ 64 mil no primeiro trimestre de 2025. No segundo trimestre de 2025, o valor ultrapassou US$ 70 mil, representando um avanço de mais de 34% em apenas dois trimestres.
“Os registros do primeiro trimestre das principais empresas de mineração de Bitcoin destacam um aumento no custo de produção, impulsionado tanto pelo aumento do hashrate da rede quanto, em alguns casos, por preços de energia mais altos,” explicou o relatório .
A TheMinerMag destacou que a dificuldade de mineração do Bitcoin superou 126 trilhões. Dados da Coinwarz confirmam essa marca, com gráficos que apontam um crescimento expressivo ao longo dos últimos anos.

A dificuldade de mineração do Bitcoin indica o nível de complexidade para encontrar um bloco válido na rede. Trata-se de um índice relativo, sem unidade física específica, comparado à dificuldade inicial registrada quando o bloco gênese foi minerado em 2009. Uma dificuldade de 126 trilhões significa que o processo está 126 trilhões de vezes mais difícil do que no início da rede.
O que explica esse aumento de dificuldade?
O principal fator é a elevação do hashrate médio de 14 dias, que atingiu 913,54 EH/s, ficando apenas 10% abaixo da marca de 1 mil EH/s, o equivalente a um zetahash. O EH/s, sigla para exahashes por segundo, mede a capacidade computacional da rede. Um exahash representa 1 quintilhão de cálculos por segundo, refletindo o volume de operações realizadas pelos mineradores para validar novos blocos.

O hashrate representa o poder computacional total da rede dedicado à execução de operações de hash para encontrar blocos válidos. Um aumento no hashrate indica a entrada de mais mineradores, eleva a competição e reduz as margens de lucro.
A TheMinerMag atribui essa expansão à rápida escalada das grandes empresas do setor.
“O recente aumento no hashrate da rede Bitcoin foi impulsionado em grande parte por empresas de mineração públicas que estão escalando e energizando novas capacidades. Empresas líderes como MARA, CleanSpark, IREN e Riot relataram aumentos no hashrate realizado,” acrescentou o relatório.
No entanto, enquanto o crescimento do hashrate fortalece a rede, ele tem um custo. O hashprice — uma métrica que mede quanto um minerador pode ganhar por unidade de hashrate — caiu para apenas US$ 52 por PH/s.

Outro fator de preocupação é a queda nas taxas de transação do Bitcoin. A TheMinerMag revelou que, em maio, as taxas representaram apenas 1,3% das recompensas de bloco, percentual que caiu para menos de 1% em junho — o nível mais baixo já registrado. Essa redução agrava a pressão financeira sobre os mineradores, que dependem majoritariamente das recompensas de bloco para cobrir seus custos operacionais.
Empresas de mineração de Bitcoin diversificam frente à concorrência crescente
O desempenho das ações de empresas de mineração não acompanha necessariamente o preço do Bitcoin. O relatório da TheMinerMag apontou uma divergência cada vez maior entre os resultados dessas ações, refletindo as diferentes estratégias adotadas pelas companhias para se adaptar ao novo cenário.

“A crescente divergência ocorre apesar do preço relativamente estável do Bitcoin, destacando um desacoplamento entre o BTC e as ações de mineração. Essa tendência sugere que os investidores em ações estão cada vez mais avaliando os mineradores com base em sua adaptabilidade no ambiente pós-halving — particularmente sua capacidade de buscar novas narrativas — em vez de simplesmente espelhar os movimentos de preço do Bitcoin,” afirmou o relatório.
Como resposta, grandes empresas de mineração estão diversificando suas fontes de receita para reduzir a dependência do preço do Bitcoin.
A Riot, por exemplo, dobrou sua linha de crédito garantida por Bitcoin com a Coinbase, elevando o valor para US$ 200 milhões. Já a MARA alocou 500 BTC na gestora Two Prime com o objetivo de ampliar sua estratégia de geração de rendimento. Outras companhias estão migrando para áreas como computação de alto desempenho (HPC) e hospedagem de IA, buscando compensar a queda nos lucros provenientes da mineração.
Com o aumento dos custos operacionais e a queda na rentabilidade, as empresas do setor enfrentam uma escolha estratégica: adaptar-se ao novo cenário ou correr o risco de perder espaço no mercado.
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