A escalada da violência no Oriente Médio tomou outras proporções nesta segunda-feira (23) após o Irã atacar bases militares americanas no Catar e Iraque.
Pelo menos cinco países fecharam o espaço aéreo temporariamente hoje. Entre eles Kuwait, Emirados Árabes e Bahrein. O conflito entre Irã e Israel começou há dez dias com acusações de Tel Aviv sobre o país persa ter armas nucleares avançadas.
Com a falta de diálogo, a escalada da violência vem impactando na cotação internacional do petróleo. O tipo Brent, acumula valorização de 21% em junho. Apesar da queda desta segunda-feira no fechamento, a situação é muito incerta. Nos Estados Unidos, o contrato futuro para agosto do barril WTI (West Texas Intermediate) na Nymex fechou valendo cerca de US$ 68,40. Desvalorização de 7,41%. Já o Brent – usado como referência pela Petrobras, recuou 6,82% a US$ 70,34.
Cripto sente?
O fechamento do estreito de Ormuz também pode impactar os preços nos próximos dias, uma vez que o local é a rota de 21% do petróleo de todo planeta. Thiago Ruediger, CEO da Tanssi Foundation, diz que fechamento do espaço aéreo e a ameaça ao Estreito de Ormuz, reacendem o temor de um choque no preço do petróleo.
Por ora, o mercado ainda aposta que o fluxo não será interrompido — mas qualquer bloqueio real poderia disparar o barril para cima de US$ 100. Um petróleo mais caro pressiona a inflação global e pode obrigar o Federal Reserve (FED) a manter juros elevados por mais tempo (quiça aumentar), o que tende a afetar ativos de risco em geral.
Fabrício Tota, Vice-presidente de Novos Negócios do Mercado Bitcoin, disse ao BeInCrypto que “o revide de hoje do Irã parece ter sido mais simbólico que ofensivo, com aviso e sem baixas. Mas o que realmente importa agora é o risco de fechamento do Estreito de Ormuz.”
Se isso acontecer, o tom da resposta internacional pode variar, e aí sim o conflito pode escalar. Um país pode ver como ameaça direta, outro como provocação tolerável que poderia ser resolvida na mesa de negociações. O perigo está aí: na assimetria das reações, explica Tota
Bitcoin como instrumento de hedge
Para o setor cripto, o impacto vem por esse canal macro. Dito isto, este mesmo cenário reforça, o Bitcoin como potencial hedge contra o aumento da inflação global, devido a sua taxa de emissão previsível e definida em código. O efeito líquido depende de quão longe a crise escale nas próximas horas, finaliza Ruediger.
Sarah Uska, analista de criptoativos do Bitybank, também acredita que o conflito no Oriente Médio acendeu o alerta nos mercados globais, inclusive no mercado cripto.
Para Uska, um reflexo direto disso foi a forte volatilidade no preço do petróleo, que chegou a abrir em alta, mas já recua com força. Esse tipo de oscilação aumenta a incerteza macroeconômica e tende a afastar investidores de ativos considerados de risco. Se entendermos o Bitcoin como um desses ativos, é natural que seu preço sofra pressões de queda em momentos assim, diz.
No entanto, o que temos visto é uma resiliência cada vez maior do Bitcoin. Mesmo após cair para a casa dos US$ 98 mil no fim de semana, a cripto se recuperou rapidamente e já volta acima dos US$ 103 mil. Esse comportamento reforça a visão de que o Bitcoin, além de volátil, começa a ser percebido também como um ativo alternativo diante de choques globais, sejam eles tarifários ou bélicos, pontua a analista de criptoativos do Bitybank
Cripto sente? Para o VP do Mercado Bitcoin, No curto prazo, sim.
Esse tipo de tensão afasta capital de ativos de risco, e Bitcoin ainda está nessa cesta. Ainda que bitcoiners e até mesmo recém-convertidos digam o contrário. Mas no médio prazo, o jogo muda. É o famoso “quanto pior, melhor”. Crises geopolíticas reforçam o papel do BTC como ativo neutro, global e inconfiscável, ressalta Tota.
Ainda assim, o mercado segue dividido sobre qual papel o Bitcoin realmente cumpre: ativo de risco ou reserva alternativa de valor. O índice de medo e ganância do Bitcoin, por exemplo, está em 37 pontos, refletindo um sentimento de cautela predominante, lembra Sarah Uska.
Outro fator importante a monitorar é o impacto indireto do petróleo sobre a inflação. Caso os preços do petróleo disparem e pressionem os índices inflacionários, o Federal Reserve pode reagir com aumento de juros, o que, por sua vez, tende a enfraquecer ainda mais os ativos de risco, inclusive o Bitcoin. O momento, portanto, é de atenção redobrada. A resiliência da maior cripto do mercado é um sinal importante, mas os desdobramentos geopolíticos e macroeconômicos seguem ditando o ritmo, acredita o analista cripto do Bitybank
Stablecoins no foco
Fabrício Tota reforçou o papel das stablecoins nesse cenário.
A combinação de necessidade de financiamento com sanções econômicas pode colocar as stablecoins no centro da conversa, seja como instrumento de comércio internacional, seja como alternativa de funding entre nações. Mais uma prova de fogo à vista. E, desta vez, com a rastreabilidade das blockchains sendo observada de perto por governos, reguladores e players geopolíticos.
No momento do fechamento deste texto, o Bitcoin é negociado perto de US$ 104 mil, valorização de quase 4,30%.
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