As exchanges descentralizadas (DEXs) estão crescendo em popularidade entre os usuários de cripto. No último ano, as DEXs geraram uma concorrência significativa para as exchanges centralizadas (CEXs) que atualmente controlam as negociações.
Em uma conversa com o BeInCrypto, especialistas do setor da CoinGecko, Gate.io e PancakeSwap disseram esperar que as DEXs cresçam em 2025, mas também sugeriram que as CEXs ainda serão fortes concorrentes para os novatos.
O sucesso das CEXs e DEXs
Desde o início das negociações de cripto, CEXs como a Coinbase e a Binance dominaram o mercado de cripto. Essas exchanges atualmente acumulam mais de 300 milhões de usuários combinados, oferecendo alta liquidez e servindo como plataformas fáceis de usar para traders iniciantes.
No último ano, as DEXs também ganharam impulso, fornecendo aos usuários uma alternativa descentralizada para negociação. Com um nível mais alto de segurança para prevenir fraudes e menos exposição à regulamentação excessiva, as DEXs desafiam o controle das CEXs sobre o mercado de cripto.
Mas, apesar da crescente adoção das exchanges descentralizadas, as CEXs estão longe de desaparecer.
… enquanto as DEXs estão prontas para continuar crescendo e evoluindo em 2025, as CEXs ainda desempenharão um papel fundamental no ecossistema, particularmente na introdução de novos usuários. Ambos os tipos de exchanges têm papéis complementares e, juntas, contribuirão para o crescimento e adoção geral de cripto nos próximos anos, disse Chef Kids, Head Chef na PancakeSwap.
Aproveitando essas vantagens, as CEXs continuarão a comandar o setor.
O controle inicial das CEXs
As exchanges centralizadas de criptomoedas são plataformas que armazenam ativos digitais em nome dos clientes e permitem que eles negociem, depositem e retirem suas criptomoedas.
Uma entidade central controla essas exchanges e atua como intermediária entre compradores e vendedores. Essa entidade também é responsável por garantir que os fundos dos usuários permaneçam seguros.
As CEXs são a principal via para negociação de criptomoedas porque são facilmente acessíveis para investidores de cripto iniciantes. Binance, Coinbase e Kraken estão entre as exchanges centralizadas mais usadas.
Segundo Shaun Lee, analista de pesquisa da CoinGecko, 2024 foi um ano muito bem-sucedido para as CEXs.
… no geral, as CEXs tiveram um desempenho extremamente bom, com as 10 principais mostrando volumes de mais de US$ 2 trilhões, ao longo de vários meses no ano. Em 2023, as 10 principais CEXs só conseguiram ultrapassar a marca de US$ 1 trilhão uma vez, em dezembro, disse ele.
As CEXs também tendem a atrair certos investidores porque estão sujeitas a rigorosa supervisão regulatória. Isso pode atuar como uma salvaguarda para traders que buscam dar o primeiro passo fora dos setores financeiros tradicionais.
A ascensão das DEXs
As DEXs funcionam como um mercado peer-to-peer e não dependem de intermediários para negociação de cripto ou custódia de fundos. Ao contrário das CEXs, que são reguladas por uma entidade central e exigem que os usuários passem por processos de Conheça Seu Cliente (KYC), as DEXs oferecem aos usuários a possibilidade de negociar anonimamente.
Sua popularidade recentemente aumentou, proporcionando aos traders e investidores uma alternativa descentralizada às exchanges centralizadas. Construídas com tecnologia blockchain, as DEXs eliminam a necessidade de intermediários. Enquanto isso, contratos inteligentes imutáveis facilitam a negociação.
Essas qualidades têm se tornado cada vez mais atraentes para traders que buscam priorizar segurança e autonomia ao trocar ativos.
As plataformas DeFi se tornaram rivais competitivas para as CEXs. A hyperliquid, por exemplo, é uma blockchain layer-one para negociação descentralizada que permite negociações de alto desempenho e rápidas com taxas reduzidas. A exchange foi amplamente adotada no último ano.
“As exchanges descentralizadas (DEXs) atualmente capturam cerca de 40% do mercado, e estão ganhando terreno sobre as exchanges centralizadas (CEXs). Na verdade, olhando para 2025, as DEXs terão ainda mais oportunidades de crescer. À medida que o DeFi amadurece e a adoção aumenta, as exchanges descentralizadas desempenharão um papel cada vez mais central no ecossistema financeiro mais amplo,” disse Chef Kids.
Embora CEXs e DEXs operem em estruturas diferentes, ambas as plataformas demonstram sinais de crescente adoção por parte dos usuários e sucesso no campo.
Preocupações com segurança e regulamentação excessiva em CEXs
As CEXs tendem a ser sob críticas em relação à segurança. Como a plataforma em si detém as chaves privadas das carteiras de seus clientes, é totalmente responsável pela custódia dos ativos dos usuários. Os usuários ficam vulneráveis a uma possível perda de fundos em caso de ataques ou fechamentos repentinos da exchange.
Kevin Lee, diretor de negócios da Gate.io, explicou que, dada a sua natureza centralizada, as CEXs precisam continuar desenvolvendo mecanismos que aumentem a segurança e evitem possíveis violações de segurança.
“As exchanges centralizadas (CEXs) devem priorizar a segurança empregando medidas abrangentes que protejam tanto os usuários quanto seus ativos. Isso envolve a utilização de tecnologias avançadas, como carteiras multi-assinatura, soluções de armazenamento a frio para a maioria dos fundos e criptografia robusta para prevenir violações. Além disso, auditorias regulares de terceiros nos sistemas de segurança e contratos inteligentes são críticas para identificar vulnerabilidades de forma proativa. As exchanges também devem integrar ferramentas de monitoramento em tempo real alimentadas por IA para detectar e responder a ameaças potenciais imediatamente,” ele disse.
A maioria das exchanges centralizadas usa procedimentos KYC para cumprir com os requisitos regulatórios destinados a prevenir atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. Os usuários devem fornecer informações de identidade, enviar documentação de apoio e aguardar a verificação para financiar suas contas e começar a negociar na plataforma.
Como resultado, essas plataformas estão sujeitas a uma supervisão extensa. Isso pode envolver requisitos de licenciamento rigorosos e regulamentos de conformidade impostos pelas autoridades, o que pode potencialmente limitar a capacidade das CEXs de suportar certos tokens ou atender usuários em jurisdições específicas.
A queda da FTX
Devido à sua natureza centralizada, várias CEXs proeminentes, incluindo FTX, Mt. Gox e WazirX, experimentaram violações de segurança significativas, resultando em perdas financeiras substanciais para seus usuários.
Um dos casos mais notórios é a FTX, uma exchange de criptomoedas proeminente que ocupava o terceiro lugar globalmente em volume de negociação em 2022. A FTX faliu em novembro daquele ano em meio a alegações de que seus proprietários haviam desviado e usado indevidamente fundos de clientes.
Na época, surgiram relatos de que a Alameda Research, uma empresa de negociação afiliada, derivava uma parte significativa de seu valor de investimentos especulativos em criptomoedas. Isso gerou preocupações entre os clientes da FTX, que posteriormente retiraram seus fundos da exchange em massa, levando a FTX diretamente à falência.
Um conto de advertência
O colapso subsequente da FTX teve um impacto significativo no mercado de criptomoedas e resultou em uma sentença de prisão de 25 anos para o então CEO Sam Bankman-Fried.
“Esses casos servem como lembretes da importância da conformidade regulatória proativa e da gestão de riscos sólida. As exchanges devem garantir que sua liderança adere a práticas éticas, com controles internos robustos para prevenir falhas sistêmicas,” disse Lee da Gate.io.
A dissolução repentina da FTX também levantou preocupações sobre a estabilidade e resiliência do ecossistema de criptomoedas mais amplo, abalando a confiança dos investidores. Lee acrescentou que as exchanges centrais devem usar a FTX como ponto de referência para medidas que evitem perdas financeiras dos usuários.
“Os incidentes de destaque em plataformas como FTX e WazirX ensinaram à indústria que transparência e governança forte são essenciais para a sobrevivência das exchanges centralizadas. Esses eventos ressaltaram a importância de manter uma separação rigorosa entre fundos de usuários e fundos operacionais para prevenir uso indevido e má gestão. Eles também destacaram a necessidade crítica de auditorias regulares de prova de reservas e divulgações públicas para fomentar a confiança e responsabilidade dos usuários,” ele disse.
Situações como essas levantam questões sobre a natureza centralizada das operações de uma exchange. Traders experientes tendem a adotar exchanges descentralizadas para ter controle total sobre as chaves de suas carteiras de cripto.
DEXs e problemas de liquidez
Uma desvantagem significativa das DEXs em comparação com as CEXs é a menor liquidez. Essa menor liquidez pode resultar em deslizamento de preço substancial, significando que o preço real em que uma negociação é executada pode desviar consideravelmente do preço de mercado esperado.
Como a maioria das DEXs tem uma base de usuários geralmente menor e volumes de negociação mais baixos, às vezes é mais difícil encontrar contrapartes imediatas para negociações.
“Liquidez é crucial para qualquer DEX, grande ou pequena, pois impacta diretamente a eficiência de negociação, deslizamento, e a experiência geral do usuário. Para DEXs menores, a falta de liquidez pode ser particularmente desafiadora, pois limita traders ativos e pares de negociação disponíveis,” disse Chef Kids da PancakeSwap.
Como as CEXs têm acesso a um pool mais extenso de compradores e vendedores, os usuários tendem a negociar nessas exchanges para evitar problemas de liquidez. Chef Kids afirma que as DEXs devem abordar essa questão para se tornarem mais competitivas.
“Para qualquer DEX, mais liquidez beneficia todo o ecossistema DeFi ao possibilitar melhores preços, atrair mais usuários e, em última análise, criar um mercado mais vibrante e eficiente. Isso, por sua vez, fortalece o espaço DeFi como um todo, impulsionando a inovação e o crescimento,” ele disse.
Abordar questões de liquidez é crucial para as DEXs melhorarem sua competitividade e contribuírem efetivamente para o crescimento e desenvolvimento das exchanges descentralizadas.
Obstáculos de integração para DEXs
As DEXs frequentemente apresentam um nível mais alto de complexidade técnica do que as CEXs. Usar uma DEX geralmente requer algum conhecimento de tecnologia blockchain, pois envolve o uso de carteiras compatíveis e o gerenciamento adequado de chaves privadas.
Esse nível de conhecimento pode apresentar barreiras para os novatos em cripto que negociam em exchanges pela primeira vez.
“A complexidade das carteiras de autocustódia e a interligação ainda apresenta uma barreira significativa para o usuário médio, tornando a adoção em massa das DEXs desafiadora. Para alcançar um público mais amplo, as DEXs devem simplificar e tornar a experiência do usuário mais acessível,” disse Chef Kids.
Esse fator por si só torna as CEXs mais atraentes para traders iniciantes.
“As CEXs permanecerão uma parte crucial do ecossistema cripto, especialmente ao impulsionar uma adoção mais ampla. Para muitos novatos, as exchanges centralizadas oferecem o ponto de entrada mais simples, interfaces intuitivas, rampas de acesso a fiat e processos de integração fáceis,” ele acrescentou.
Criando recursos educacionais de apoio e iniciativas amigáveis à adoção, as DEXs podem facilitar a adaptabilidade para usuários interessados em migrar para exchanges descentralizadas.
Conectando opções centralizadas e descentralizadas
Kevin Lee da Gate.io diz que as CEXs podem aproveitar essa vantagem para enfrentar a concorrência de DEXs cada vez mais populares, como a hyperliquid, a uniswap e a pancakeswap.
“As CEXs podem liderar na educação e integração de usuários ao simplificar o acesso às tecnologias blockchain e criar experiências intuitivas. Colaborações com projetos e ecossistemas emergentes ajudam a expandir o escopo da inovação em suas plataformas”, explicou Lee.
As exchanges centralizadas também devem integrar soluções que atendam às necessidades de investidores que priorizam abordagens descentralizadas para negociação.
“Ao integrar modelos híbridos, como carteiras não custodiais e opções de negociação descentralizadas, as CEXs podem oferecer aos usuários uma ponte entre a conveniência centralizada e a autonomia descentralizada. Além disso, oferecer serviços de valor agregado, como rampas de entrada fiat, ferramentas de negociação avançadas, staking e produtos de nível institucional permite que as CEXs atendam a uma gama mais ampla de usuários”, explicou Lee.
À medida que tanto as CEXs quanto as DEXs ganham popularidade, é provável que aprendam umas com as outras para superar seus respectivos desafios. Abordar essas lacunas garantirá o crescimento sustentável e o sucesso a longo prazo das exchanges de criptomoedas.
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