Cada vez mais empresas estão adotando estratégias agressivas de acumulação de Bitcoin, seguindo o modelo da Strategy (antiga MicroStrategy). No entanto, o banco de ativos digitais Sygnum levantou preocupações sobre os riscos envolvidos nesses chamados veículos de aquisição de BTC.
Segundo o banco, apesar da intenção de lucrar com a valorização do ativo, o uso excessivo de alavancagem pode desestabilizar o mercado e atrair atenção regulatória.
De acordo com levantamento do BeInCrypto, pelo menos 61 companhias com diferentes atividades principais já incorporaram o Bitcoin como ativo de reserva. Além disso, diversas novas empresas têm surgido com modelos de negócios voltados exclusivamente à compra do criptoativo.
Essas organizações, ao contrário de corporações com operações variadas, operam de forma semelhante a fundos de investimento. Elas levantam capital com o objetivo específico de adquirir Bitcoin, o que, segundo a pesquisa da Sygnum, ajudou a impulsionar o preço do ativo ao atrair investidores em busca de exposição indireta às criptomoedas.
Entretanto, o banco alerta que o modelo de valorização via emissão de ações e compras de BTC não se sustenta no longo prazo. A forte dependência de empréstimos ou emissões de capital expõe essas empresas a riscos significativos.
Empresas com estratégia de acumular Bitcoin
Caso o mercado cripto enfrente uma retração ou a demanda estacione, essas companhias podem ser obrigadas a vender parte de suas reservas para pagar dívidas ou atender a resgates. Esse movimento pode desencadear quedas adicionais no preço do Bitcoin, comprometendo a estabilidade do setor e a confiança dos investidores.
“Uma saturação da demanda, juntamente com um mercado de baixa de cripto, pode levar esses veículos a vender Bitcoin, o que exacerbaria uma tendência de queda já existente no preço do Bitcoin – tanto como resultado da pressão de venda quanto do impacto que isso teria no sentimento. ‘Michael Saylor vendendo Bitcoin’ seria uma manchete difícil para o mercado de cripto enfrentar”, observou a Sygnum em seu último relatório.
A instituição também apontou riscos regulatórios relevantes. Para a Sygnum, apesar dessas companhias implementarem estratégias de investimento, muitas não são reguladas como instituições financeiras, o que as torna vulneráveis a mudanças no ambiente político.
“Embora o clima político e regulatório atual nos EUA reduza esse risco (ou possa resultar em penalidades muito mínimas, se houver), futuras eleições podem mudar o equilíbrio”, acrescentou o banco.
Outro ponto de atenção é a concentração de grandes volumes de Bitcoin nas mãos de poucas empresas. Isso, segundo a Sygnum, pode reduzir a liquidez e aumentar a volatilidade do ativo, além de afetar sua atratividade como reserva para bancos centrais.
“Grandes participações concentradas são um risco para qualquer ativo e, neste ponto, as participações da (Micro)Strategy estão se aproximando de um ponto em que se tornam problemáticas, com a empresa detendo perto de 3% do total de Bitcoin já emitido, mas uma parcela muito maior do suprimento líquido real”, escreveu a Sygnum.
O crescimento dos veículos de aquisição de BTC mostra o avanço da adoção institucional, mas também expõe o caráter especulativo da estratégia. O sucesso da Strategy inspirou concorrentes, mas nem todos têm estrutura financeira para resistir à volatilidade.
O BeInCrypto concluiu que a proliferação dessas empresas indica um mercado mais maduro, embora as estratégias ousadas possam acentuar a instabilidade de um ativo já volátil. O alerta da Sygnum reforça que, embora possam gerar retornos de curto prazo, a sustentabilidade de longo prazo desses modelos permanece incerta.
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