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COAF precisa se capacitar para combater crimes com cripto, aponta estudo

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Escrito por
Aline Fernandes

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Editado por
Lucas Espindola

25 junho 2025 19:00 BRT
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  • Estudo revela urgência do fortalecimento do Coaf para sufocar novas fronteiras financeiras do crime organizado no Brasil
  • Levantamento realizado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta soluções para combater a lavagem de dinheiro realizada por meio de fintechs, bets e criptoativos.
  • Instituto Esfera revela urgência do fortalecimento do Coaf para sufocar novas fronteiras financeiras do crime organizado no Brasil.
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O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) precisa se capacitar para combater crimes em blockchain. Isso porque o crime organizado tem apostado, por exemplo, em lavar dinheiro via criptomoedas.

O alerta é do Instituto Esfera, que fez um levantamento em parceria com Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre a capacidade operacional do COAF. Atualmente, o órgão precisa combater as sofisticadas redes de lavagem, que operam via fintechs, bets e criptoativos. Tudo isso para desviar ou lavar dinheiro do crime organizado no Brasil.

COAF precisa de treinamento em blockchain

O relatório “Lavagem de Dinheiro e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil” destaca desafios enfrentados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no combate ao crime organizado, especialmente facções como o PCC e Comando Vermelho.

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Responsável por receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas de atividades ilícitas, o órgão, peça-chave no sistema de inteligência financeira brasileiro, registrou aumento de 766,6% nas comunicações de operações suspeitas entre 2015 e 2024. Um crescimento de 335,9% na produção de relatórios de inteligência financeira no mesmo período.

A análise dos ilícitos informados revela que as categorias tráfico de drogas e facções criminosas responderam, em 2024, por 48,5% dos crimes citados nos intercâmbios de informações do Coaf —o que evidencia a centralidade que o crime organizado vinculado ao narcotráfico passou a ocupar no sistema de inteligência financeira do país.

Ilícitos informados nos intercâmbios do Coaf em 2024, em %. fonte: Conselho de Controle de Atividades Financeiras; Fórum Brasileiro de Segurança Pública

COAF precisa de especialistas

Embora o COAF tenha registrado um aumento expressivo nas comunicações de operações suspeitas, a estrutura institucional não acompanhou esse crescimento. Isso porque o órgão opera com apenas 93 funcionários. O que é insuficiente, comparado a unidades de inteligência financeira de outros países, como Estados Unidos com 300 colaboradores e França com 230. Além disso, a falta de uma carreira própria dificulta a especialização.

As facções criminosas têm ampliado suas operações de lavagem de dinheiro por meio de fintechs, plataformas de apostas online e criptoativos, aproveitando brechas regulatórias e a digitalização financeira. As fintechs operaram sem regulação até 2021, enquanto as apostas online dificultam o rastreamento de recursos ilícitos. Já os criptoativos, por sua vez, são usados também para ocultar patrimônio e realizar transferências internacionais anônimas.

O estudo sugere cinco medidas para fortalecer o Coaf:

  • Ampliar o quadro de pessoal: Criar uma carreira própria com servidores concursados e especializados.
  • Fortalecer bases de informação: Melhorar o acesso a dados de outros órgãos e obrigar a comunicação de ilícitos pelo Ministério Público.
  • Melhorar a infraestrutura tecnológica: Investir em ferramentas avançadas como machine learning para analisar grandes volumes de dados.
  • Aperfeiçoar a supervisão de setores não financeiros: Expandir a regulação para áreas de alto risco, como criptoativos e sorteios.
  • Coordenação entre autoridades: Melhorar a cooperação entre Polícia, Ministério Público, Receita Federal e o Coaf, reduzindo a judicialização excessiva.

A implementação dessas medidas é uma decisão estratégica para o Brasil, não apenas para o aprimoramento técnico, mas para a proteção da economia e o enfraquecimento do poder de facções criminosas que ameaçam diretamente a segurança pública e a soberania nacional, afirma a CEO da Esfera Brasil, Camila Funaro Camargo Dantas.

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