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Cinco caminhos para o futuro dos ETFs no Brasil

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Escrito e editado por
Lucas Espindola

09 dezembro 2025 17:00 BRT
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  • Estudo da B3 aponta caminhos para ampliar a adoção de ETFs no país.
  • Comparação com EUA e Europa destaca potencial de expansão do mercado brasileiro.
  • Cinco pilares estratégicos: cultura de longo prazo, incentivos, experiência digital, diversidade e tributação.
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Um levantamento da B3 examina referências internacionais e aponta lições de mercados avançados que podem orientar a expansão desses instrumentos no país.

Os ETFs, fundos de índices negociados em bolsa, vêm ganhando espaço entre os investidores e têm potencial para fortalecer tanto a diversificação das carteiras quanto o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro.

“Trata-se de um produto que promove uma mudança estrutural, ao oferecer acesso a estratégias sofisticadas com custos reduzidos, liquidez e transparência. O patrimônio dessa indústria alcançou R$ 75 bilhões e, apenas neste ano, registramos 53 novas listagens na B3. Isso significa que praticamente todas as semanas temos gestoras trazendo um novo ETF para negociação por diferentes perfis de investidores”, afirma Luiz Masagão, vice-presidente de Produtos e Clientes da B3.

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O número de pessoas físicas aplicando nesses fundos saltou de 42 mil para 666 mil em sete anos. Cerca de 10% dos investidores brasileiros possuem ao menos um ETF, proporção ainda distante de mercados como Estados Unidos, onde metade da população investe, e Europa, onde esse percentual chega a 20%. Nos EUA, o volume de ETFs listados — cerca de 4.000 — já supera o de ações. No Brasil, há 162 ETFs disponíveis.

A observação desses mercados indica não só o potencial local, mas também direções claras para o crescimento do segmento. Um estudo independente elaborado no âmbito do IFC-Milken Institute Capital Markets Program, da Georgetown University, identificou cinco fatores determinantes para a expansão da base de investidores de ETFs globalmente: cultura de longo prazo, incentivos a assessores e corretoras, experiência do usuário, diversidade e promoção dos produtos, e neutralidade tributária.

1) Cultura de investimento em longo prazo

Nos Estados Unidos, 77% dos investidores utilizam ETFs para objetivos de aposentadoria, apoiados por um ambiente de juros historicamente reduzidos, que favorece a acumulação em renda variável.

No Brasil, com uma dinâmica macroeconômica distinta, ETFs de renda fixa e de criptoativos vêm ganhando relevância. A B3 estimula novas listagens em diferentes classes de ativos e oferece ferramentas de análise para apoiar decisões dos investidores. Entre elas está o comparador de ETFs do portal Bora Investir, que reúne dados de fundos locais e de BDRs de ETFs que replicam índices estrangeiros.

2) Incentivos a assessores e corretoras

O modelo fee-based, que remunera assessores por uma taxa fixa em vez de comissões por produto — prática predominante nos EUA — incentiva a recomendação de ETFs. Aproximadamente 70% dos profissionais americanos indicam esses fundos aos seus clientes.

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Em 2023, 71% da receita desses assessores veio do fee-based, percentual que pode atingir 76% em 2025. A mudança se apoia em fatores como previsibilidade de receitas, maior alinhamento aos objetivos do cliente e diferenciação no serviço prestado.

A migração para esse modelo nos EUA levou cerca de seis anos para se consolidar, seguindo três passos fundamentais:

  • Planejar: avaliar carteiras, estimar impactos em receita e retorno ao longo do tempo;
  • Comunicar: esclarecer ao cliente as diferenças entre os modelos;
  • Migrar: iniciar a mudança com um grupo restrito de clientes, de forma gradual.

No Brasil, a resolução 179 da CVM tende a ampliar a transparência sobre remuneração e pode acelerar a adoção do fee-based.

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3) Experiência do usuário

Corretoras americanas e europeias utilizam tecnologia para facilitar a criação de carteiras diversificadas, em duas frentes principais: “Model Portfolio” e “ETF Savings Plan”.

No Model Portfolio, algoritmos sugerem combinações de ETFs com base em objetivos, renda, experiência, tolerância a risco e horizonte de investimento. A alocação é feita uma única vez, incentivando iniciantes a começar a investir.

No ETF Savings Plan, comum na Europa, o próprio investidor define o portfólio e realiza aportes mensais automáticos. O valor médio é de 136 euros. Em 2024, havia 10,8 milhões de planos ativos — 88% na Alemanha — somando 17,6 bilhões de euros. A projeção para 2028 é de 32 milhões de planos e 64,3 bilhões de euros.

4) Diversidade e promoção de ETFs

A ampla divulgação dos ETFs em mercados desenvolvidos — em transportes, aeroportos e eventos — reforça a familiaridade do público com o produto. A expansão dos ETFs ativos é um destaque: em 2024, eles representaram 77% das novas listagens nos EUA.

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No Brasil, a B3 amplia a variedade de classes disponíveis, indo além de índices acionários. A bolsa foi uma das primeiras do mundo a listar ETFs de criptoativos, em 2021. Nos últimos anos, também autorizou fundos com distribuição de proventos e ETFs híbridos, que combinam renda fixa e variável. ETFs ativos ainda não existem no país, mas o tema está em análise.

5) Neutralidade tributária

Em mercados consolidados, investir via ETFs ou diretamente nos ativos subjacentes implica praticamente o mesmo tratamento tributário, o que simplifica a escolha do investidor. No Brasil, ainda há diferenças relevantes entre as modalidades.

ETFs de renda variável são tributados sobre ganhos de capital e dividendos, independentemente do valor negociado, enquanto ações têm isenção para vendas mensais de até R$ 20 mil e dividendos isentos para pessoas físicas.

Já ETFs de renda fixa oferecem vantagens frente a produtos bancários e fundos tradicionais: seguem alíquotas regressivas de 25% a 15%, sem incidência de IOF, e não possuem come-cotas.

“Os ETFs têm potencial para transformar o mercado de investimentos pela simplicidade e pela variedade de opções, permitindo que investidores acessem diferentes classes de ativos com poucos cliques. A indústria no Brasil tem apenas 21 anos. Avançou muito, mas ainda há espaço significativo para crescer”, conclui Luiz Masagão.

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