Sete grandes associações financeiras chinesas emitiram conjuntamente um alerta de risco, marcando a repressão mais abrangente contra cripto desde a proibição de 2021 que afastou todas as exchanges de cripto do país.
As associações abrangem bancos, valores mobiliários, fundos, futuros, compensação de pagamentos, empresas listadas e finanças na internet. Elas afirmaram que todas as atividades comerciais relacionadas a cripto, incluindo stablecoins, airdrops, mineração e, notadamente, tokenização de ativos do mundo real (RWA), são ilegais na China.
SponsoredTokenização de RWA sob críticas regulatórias
O comunicado, emitido em 5 de dezembro, afirmou explicitamente que os reguladores financeiros chineses “não aprovaram nenhuma atividade de tokenização de ativos do mundo real,” marcando a primeira proibição oficial de RWA no país.
Um pesquisador explicou que a última vez que essa coalizão se mobilizou foi em 24 de setembro de 2021. Naquela ocasião, 10 departamentos governamentais emitiram conjuntamente o “Aviso sobre a Prevenção e Eliminação de Riscos do Comércio de Moeda Virtual.” Essa ação forçou todas as exchanges de criptomoedas a saírem da China e encerrarem todas as operações de mineração. A participação da China na hashrate global de Bitcoin despencou de 75%.
Esta ação ocorre enquanto a tokenização de RWA no mundo todo ultrapassa US$ 30 bilhões em tamanho de mercado. Grandes players, como o fundo BUIDL de US$ 2 bilhões da BlackRock — tokenizado pela Securitize e aceito como garantia na Binance, Crypto.com e Deribit — estão impulsionando a adoção mainstream.
Reguladores chineses parecem preocupados que a tokenização de RWA poderia se tornar uma ferramenta sofisticada para fuga de capital. O mecanismo permitiria que indivíduos convertessem ativos domésticos em tokens, transferissem para carteiras offshore e os trocassem por moeda estrangeira, tudo isso contornando controles bancários e de câmbio tradicionais.
Fiscalização se intensifica com coordenação interagências
O comunicado reafirmou que moedas virtuais, incluindo stablecoins e tokens como a Pi coin, não têm status legal e não podem ser circuladas na China. Indivíduos e organizações não podem emitir, trocar ou levantar fundos via RWAs ou moedas virtuais no continente chinês. Essa restrição também se aplica se empresas offshore empregarem pessoal baseado na China.
SponsoredA ação coordenada segue a reunião de 28 de novembro do PBoC com altos funcionários do governo. As autoridades declararam stablecoins como uma forma de moeda virtual sujeita a processo jurídico.
Um relatório de dezembro registrou um aumento de 37% ano a ano em lavagem de dinheiro envolvendo ativos virtuais, reforçando o movimento por uma aplicação rigorosa.
A declaração conjunta das sete associações cria o que analistas descrevem como um “bloqueio de quatro camadas.” Isso inclui cortar infraestrutura de mineração, bloquear canais de pagamento de stablecoins, vedar caminhos de RWA e eliminar esquemas fraudulentos como o Pi Network.
O alerta também estabelece uma clara diferença com a abordagem amigável à cripto de Hong Kong, afirmando que “funcionários baseados no continente de provedores de serviços de moeda virtual offshore” enfrentarão consequências legais. A China tem promovido o yuan digital (e-CNY) como uma alternativa aprovada pelo Estado.
Hong Kong lançou seu regime de licenciamento de stablecoins em 1º de agosto de 2024, atraindo 80 candidatos, com as primeiras aprovações esperadas para o início de 2026. Plataformas licenciadas como HashKey e OSL continuam operando exchanges de ativos virtuais. A cidade também permite pilotos de tokenização de RWA, embora estritamente limitados a ativos offshore e usuários não-continentais.
Descontentamento dos jovens fervilha sob a superfície
A proibição gerou um debate acalorado online, especialmente entre jovens investidores que se sentem excluídos das oportunidades globais de cripto. Análise do BigNews destacou a frustração dos jovens, impulsionada pela esperança de riqueza rápida em meio à ascensão do Bitcoin e regulamentos amigáveis aos cripto nos EUA.
Discussões em comunidades online revelam decepção com a diferença de políticas entre China e nações ocidentais. Críticos argumentam que proibições abrangentes sufocam a inovação, além da proteção legítima aos investidores.