Movimento global que contesta exigência de diploma universitário avança no país e reforça importância de habilidades práticas no mercado de trabalho. Um diploma de ensino superior ainda funciona como porta de entrada para muitas vagas no Brasil. Mas essa exigência começa a ser questionada por empresas, profissionais e iniciativas que enxergam valor em outro tipo de qualificação: a prática.
Inspirado no movimento norte-americano “Tear the Paper Ceiling”, criado em 2022, o debate sobre o chamado “teto de papel” começa a ganhar força também no Brasil. O termo se refere às barreiras invisíveis que dificultam a ascensão profissional de pessoas sem diploma, mesmo quando têm experiência e habilidades para ocupar cargos qualificados.
Dados revelam exclusão silenciosa
Nos Estados Unidos, mais de 70 milhões de trabalhadores se enquadram na categoria STARs — pessoas que adquiriram habilidades por rotas alternativas, como cursos técnicos, treinamentos e experiências práticas. Embora representem metade da força de trabalho, muitos ficam de fora de processos seletivos porque sistemas automatizados filtram automaticamente candidatos sem formação acadêmica. Segundo estimativas, até 90% das grandes empresas utilizam esse tipo de triagem.
No Brasil, os dados também são preocupantes: 27% dos jovens entre 25 e 34 anos não concluíram o ensino médio, segundo a OCDE. Entre os adultos sem essa formação, 59% ganham até metade da renda mediana nacional. A informalidade nesse grupo chega a 70,9%, o que reforça o impacto da exigência de diplomas formais como critério único de contratação.
Tecnologia como porta de entrada
A crescente valorização das chamadas hard skills e soft skills — como domínio técnico, pensamento crítico e capacidade de resolver problemas — vem transformando setores como tecnologia, Web3 e inteligência artificial. Nessas áreas, diplomas são cada vez menos exigidos. O que conta é o que o profissional sabe fazer.
O setor de blockchain mostra claramente essa mudança: pessoas autodidatas ou com formações alternativas desenvolvem muitos dos projetos mais relevantes. Nessa nova lógica, a experiência prática e o aprendizado contínuo valem mais do que um diploma.
NearX aposta em talentos reais
No Brasil, a NearX Innovation School atua alinhada a essa tendência. A plataforma de educação em tecnologias emergentes está em sua terceira edição do evento “O Grande Código ZKVerify”, voltado à descoberta e incubação de talentos — com ou sem diploma.
A nova fase do evento, chamada Incubação, começa em junho. Os participantes terão acesso a mentorias especializadas e poderão receber até R$ 50 mil para desenvolver seus projetos. A proposta é transformar boas ideias em soluções viáveis para o mercado.
“Educação não é sobre onde você aprendeu, mas sobre o que você sabe fazer com o que aprendeu. Na NearX, não avaliamos o papel. Avaliamos o impacto”, afirma Caio Mattos, CEO da NearX.
Inclusão real passa por reconhecer novas trajetórias
O debate sobre o “teto de papel” ainda está no início no Brasil, mas o avanço de movimentos e iniciativas que reconhecem o valor das rotas alternativas de aprendizado é um sinal promissor. Para que o mercado de trabalho seja de fato mais inclusivo, será preciso romper com o modelo tradicional e abrir espaço para quem aprendeu fora da sala de aula — mas está pronto para contribuir.
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