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Regulamentação cripto do BC: veja o que pensa o mercado

5 mins
Atualizado por Luís De Magalhães

EM RESUMO

  • Especialistas apresentam manifestação à Consulta Pública 109/2024 do Banco Central.
  • ABcripto diz que garantir a separação entre os ativos das PSAVs e os ativos dos clientes é essencial para a segurança do mercado.
  • Proteção ao consumidor entra na pauta.
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O mercado cripto brasileiro se posiciona sobre a regulamentação proposta pelo Banco Central. O escritório Bichara e Motta Advogados, por meio de seu Departamento de Gambling & Crypto, enviou contribuições à Consulta Pública 109/2024, buscando ajustes no arcabouço regulatório das Prestadoras de Serviços de Ativos Virtuais (PSAVs).

Entre as sugestões, destacam-se a necessidade de uma definição mais precisa de contrato inteligente e maior rigor nas atividades de intermediação, para garantir segurança jurídica e fomentar o desenvolvimento do setor.

Por sua vez, a ABcripto também apresentou propostas, visando fortalecer a segurança jurídica, proteger os investidores e manter a competitividade do Brasil no cenário global.

Segurança jurídica e proteção ao consumidor

A manifestação do escritório de advocacia enfatiza a necessidade de um quadro regulatório balanceado, que concilie, principalmente, segurança jurídica e proteção ao consumidor, sem comprometer a inovação e o desenvolvimento do setor.

O escritório sugeriu ajustes na terminologia, apresentando uma definição mais precisa de contrato inteligente, de modo a evitar que códigos autoexecutáveis sejam indevidamente equiparados a contratos na acepção jurídica clássica, prevenindo implicações negativas para desenvolvedores e empreendedores.

Além disso, propôs maior rigor conceitual nas definições para as atividades de intermediação, de modo a reduzir inseguranças no seu enquadramento regulatório. Os especialista ainda alertam para o risco de captura regulatória, tendo em vista a extensão da definição das PSAVs como entidades que atuam “em nome próprio”, recomendando que a regulamentação siga estritamente o escopo da Lei nº 14.478/22, restringindo este conceito à prestação de serviços em nome de terceiros.

Por fim, o escritório abordou a interseção entre Finanças Descentralizadas (DeFi) e PSAVs, recomendando que qualquer regulamentação voltada ao setor seja proporcional e adaptada às suas particularidades, reconhecendo a desintermediação como o grande diferencial competitivo. Nesse sentido, sugeriu a adoção do princípio de “full and fair disclosure”, exigindo que as PSAVs forneçam informações claras sobre riscos aos clientes, sem impor obrigações indevidas a participantes dos protocolos DeFi.

ABcripto propõe ajustes

A Associação Brasileira da Criptoeconomia (ABcripto) enviou, as contribuições para as Consultas Públicas 109/2024, 110/2024 e 111/2024 do Banco Central do Brasil (Bacen). Elas estabelecem as bases da regulamentação das PSAVs.

Apesar da avaliação positiva, a ABcripto sugeriu ajustes para fortalecer a segurança jurídica, garantir proteção aos investidores. E, principalmente, preservar a competitividade do Brasil no cenário global. 

Para Bernardo Srur, CEO da ABcripto, a regulamentação do setor precisa equilibrar inovação e proteção ao consumidor, sem impor restrições excessivas às empresas.

O avanço regulatório é essencial para conferir previsibilidade ao mercado e incentivar investimentos de longo prazo. Nossa prioridade é garantir regras que assegurem a segurança dos clientes, promovam a inovação e posicionem o Brasil como um ambiente competitivo para negócios digitais. O Banco Central tem conduzido um diálogo aberto e técnico, e seguimos comprometidos em contribuir para um marco regulatório moderno e eficiente, afirma Srur.

Consulta Pública 109/2024 – Regulamentação das PSAVs 

Historicamente a ABcripto defende a prática e propôs aperfeiçoamentos nos requisitos. 

Segregação patrimonial e gestão de riscos : Garantir a separação entre os ativos das PSAVs e os ativos dos clientes é essencial para a segurança do mercado.

Preservação da confidencialidade e segurança da informação : O fortalecimento das normas de proteção de dados é fundamental para assegurar que informações financeiras e pessoais de clientes e empresas sejam resguardadas contra acessos indevidos e ciber ameaças. 

Definição clara dos tipos de PSAVs: A proposta regulatória estabelece categorias distintas para os diferentes agentes do setor, como prestadores de liquidez, intermediadores, custodiantes e corretoras, garantindo regras adequadas para cada modelo de operação e evitando exigências desproporcionais. 

Competividade do mercado nacional e equilíbrio regulatório: As normas precisam ser compatíveis com as melhores práticas internacionais e equivalentes regulatoriamente para garantir que as empresas que mantenham seu desenvolvimento sustentável, preservando a dinâmica e inovação, reduzindo a possibilidade de arbitragem regulatória, sem adição de controles desnecessários que possam comprometer a competitividade do setor e a integração com mercados internacionais. 

Revisão da interconexão regulatória entre diferentes reguladores: A delimitação clara das competências dos reguladores é essencial para evitar sobreposições de papeis e efeitos de interdepências que possam acarretar lacunas regulatórias, insegurança jurídica e atrasos, garantindo um ambiente de negócios mais previsível e eficiente. 

Prazo adequado para adequação regulatória: Um período de transição bem estruturado permite que as PSAVs realizem ajustes necessários sem comprometer suas operações, garantindo adaptação progressiva às novas exigências. 

Consulta Pública 110/2024 – Processos de autorização para funcionamento das PSAVs 

Processo de licenciamento eficiente: A criação de um fluxo de autorização ágil e proporcional ao porte das empresas e favorece a inovação no setor. 

Governança e compliance. O alinhamento das exigências de governança com as melhores práticas do mercado é essencial para transparência, solidez operacional e mecanismos eficientes de prestação de contas. 

A regulamentação precisa ser implementada de forma gradual, permitindo que as PSAVs ajustem seus processos internos e estrutura operacional. E tudo sem impactos negativos ao mercado e aos investidores. 

Flexibilidade para empresas de diferentes portes: A regulamentação deve levar em conta o porte e a complexidade das operações das PSAVs, garantindo que os requisitos regulatórios sejam proporcionais à sua escala de atuação. 

Consulta Pública 111/2024 – regras cambiais para ativos virtuais 

Diferenciação entre operações de câmbio e transações com ativos virtuais. As stablecoins e outros ativos digitais possuem características próprias que precisam ser consideradas para evitar que sejam equiparados automaticamente às operações cambiais tradicionais, prevenindo distorções no setor. 

Evitar barreiras ao mercado internacional. A regulamentação deve permitir que empresas brasileiras atuem globalmente sem restrições que possam comprometer a competitividade e inovação.

Autocustódia e prevenção à lavagem de dinheiro. Um equilíbrio entre a prevenção a ilícitos e a viabilidade operacional das PSAVs deve ser mantido, diz a entidade. Para garantir que a autocustódia permaneça existente e os controles aos diferentes tipos de prevenção a ilícitos possam ser incorporados de forma segura e eficiente. 

Clarificação do papel das stablecoins. A diferenciação entre os tipos de stablecoins e as respectivas funções no mercado deve ser incorporada à regulamentação, evitando restrições genéricas que possam limitar seu uso. 

Adaptação às dinâmicas do mercado. Para ABcripto, o modelo regulatório deve levar em conta as especificidades da descentralização, da inovação tecnológica e da globalização do setor. E garantindo assim que as normas sejam adequadas à realidade do setor. 

Competitividade do mercado nacional e integração com o mercado global.

Revisão de obrigações que acarretam impacto ao mercado nacional é essencial para preservar a liquidez do mercado e garantir que a regulamentação não inviabilize modelos de negócios já consolidados no cenário global de criptoativos. 

Colaboração contínua com o Banco Central.

A ABcripto reforça seu compromisso em trabalhar ao lado do regulador para construir um arcabouço normativo equilibrado, eficiente e voltado para o crescimento sustentável da criptoeconomia no Brasil. 

A íntegra das contribuições está disponível no site da ABcripto .

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Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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