Setembro há muito tempo carrega uma má reputação no mercado cripto. Tanto o Bitcoin quanto o Ethereum frequentemente enfrentaram dificuldades neste mês, com a história mostrando quedas acentuadas ou desempenho fraco. É amplamente considerado o mês mais fraco para cripto, mas 2025 parece diferente em vários aspectos: ambos os ativos recentemente atingiram novos recordes históricos, os fluxos de ETF agora moldam a liquidez do mercado, e cortes de taxas estão novamente em pauta.
A questão é se a fraqueza de setembro pesará novamente sobre o mercado cripto ou se este ciclo mudou. E se esses dois pilares do mercado cripto — Bitcoin e Ethereum — se moverão juntos novamente, seja em alta ou em baixa. Ou haverá uma mudança de destino para um deles?
Reservas e retiradas em exchanges apresentam cenário misto
As reservas de Bitcoin nas exchanges caíram cerca de 18,3% desde setembro passado, enquanto as reservas de Ethereum diminuíram aproximadamente 10,3%. Isso é interessante, considerando que ambos os ativos estão atualmente negociando bem próximos de seus recordes históricos.

Ambos apontam para tendências de acumulação de longo prazo, já que menos moedas estão nas exchanges prontas para venda.
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No entanto, os endereços de retirada pintam um quadro mais complexo.

Os endereços de retirada de Ethereum subiram de 53.333 em 2024 para mais de 60 mil este ano, reforçando o argumento otimista de uma custódia própria mais forte e acumulação.

O Bitcoin, por outro lado, viu os endereços de retirada caírem drasticamente de 35.347 no ano passado para apenas 11.967 no momento desta análise, mostrando uma preferência mais fraca por custódia própria e potencialmente uma demanda de acumulação mais suave, ainda. Mas há mais nesse quadro.
Embora a demanda de acumulação de Bitcoin pareça fraca no papel, isso deixa espaço para crescimento de preço se um fator positivo, como os cortes de taxa de setembro de 2025, ocorrer. Com o histórico de entradas mais fortes de ETF para o Bitcoin em setembro em comparação com o Ethereum, o baixo número de endereços de retirada pode ser menos um sinal de fraqueza e mais uma preparação para a demanda futura.
Oferta de lucro e risco de pressão de venda pairam sobre ambos
Tanto o Bitcoin quanto o Ethereum agora mostram uma porcentagem muito maior de oferta em lucro do que há um ano. Para o Bitcoin, a participação subiu de 76,91% em setembro de 2024 para 88,17% em setembro de 2025. A porcentagem do Ethereum saltou ainda mais, de 73,83% para 92,77%.

Isso significa que a maioria dos investidores está com ganhos, historicamente um cenário que incentiva a realização de lucros.

Com ambos os ativos próximos de máximas históricas durante o que geralmente é o mês mais fraco para cripto, setembro pode ver uma pressão de venda aumentada — a menos que seja compensada por entradas estruturais em outros lugares. E apenas olhando para os números puros, o ETH continua sendo um caso de alto risco.
ETFs adicionam uma nova dimensão em 2025
Sponsored SponsoredEste ano introduz uma variável que os setembros passados não tinham nessa escala: os fluxos de ETF. Desde o lançamento, os ETFs de Bitcoin atraíram cerca de 54,5 bilhões de dólares em entradas ao longo da vida, enquanto os ETFs de Ethereum — o produto mais novo — captaram cerca de 13,3 bilhões de dólares.
Nos últimos 30 dias, os ETFs de Ethereum viram entradas líquidas de 4,08 bilhões de dólares, em comparação com saídas de 920 milhões de dólares para os ETFs de Bitcoin. Esse contraste levou muitos a dizer que o ETH está vencendo neste ciclo.
Mas ao analisar os dados de setembro, a história é diferente. Até agora, em setembro de 2025, os ETFs de Ethereum já estão no vermelho com quase 135 milhões de dólares em saídas líquidas.

Isso repete uma tendência semelhante de setembro passado, que também foi negativa. O Bitcoin, por outro lado, começou este setembro com US$ 332 milhões em entradas líquidas, semelhante a setembro de 2024, quando os ETFs de BTC registraram ganhos de 1,26 bilhão de dólares.

Esse padrão sugere que setembro e cortes de taxa têm consistentemente favorecido o BTC em relação ao ETH quando se trata de fluxos de ETF. Mesmo com as grandes entradas de ETH no verão, seu histórico em setembro mostra fraqueza.
Como Jeff Dorman afirmou:
“BTC é ouro, mas poucos se importam com ouro. ETH é uma loja de aplicativos — e investir em tecnologia é um mercado maior”, disse ele no X”
Isso ajuda a explicar por que o ETH tem atraído capital de crescimento. Ainda assim, no mês mais fraco para cripto, os fluxos estruturais continuam a se inclinar para o Bitcoin. Essa possibilidade é o que discutimos anteriormente na seção ‘Atividade de Retirada’.
Relação ETH/BTC e dominância de mercado apontam força no Bitcoin
SponsoredA relação ETH/BTC caiu de 0,043 em setembro passado para 0,038 hoje.

Essa queda mostra o Ethereum com desempenho inferior em relação ao Bitcoin, apesar do impulso dos ETFs, ano a ano.
Enquanto isso, a dominância do Bitcoin subiu de 57,46% para 58,82% no mesmo período, enquanto a dominância do Ethereum caiu de 15,02% para 13,79%.

Em outras palavras, mesmo com o Ethereum mostrando melhores fluxos de ETF no curto prazo, o Bitcoin continua a manter a liderança estrutural.

Isso reforça por que os mercados ainda tratam o BTC como o referencial de risco, particularmente no mês mais fraco para cripto.
Potencial de Short Squeeze Inclina-se para o Bitcoin
Outro elemento de curto prazo são os dados de liquidação. No período de 30 dias, o Bitcoin tem 5,24 bilhões de dólares em posições vendidas contra apenas 1,83 bilhão de dólares em compradas. Esse desequilíbrio aumenta a chance de um short squeeze se os preços subirem.

O Ethereum parece mais equilibrado, com 6,55 bilhões de dólares em vendidos e 6,10 bilhões de dólares em comprados.

Essa inclinação sugere que, se setembro produzir alguma surpresa positiva durante o que geralmente é o mês mais fraco para cripto, o Bitcoin está melhor posicionado para subir acentuadamente em liquidações forçadas.
A Comunidade do X também acredita que os derivativos são a chave em setembro:
Analistas ainda alertam sobre volatilidade
Apesar desses cenários, as previsões dos analistas permanecem cautelosas. Para o Bitcoin, eles alertam que a falha em manter o suporte de US$ 107.557 pode abrir uma correção mais profunda em direção a US$ 103.931, mesmo que uma alta permaneça possível se a resistência próxima a US$ 111.961 for rompida.
Para o Ethereum, o cenário é igualmente incerto. Analistas apontam resistência em torno de US$ 4.579 e riscos de queda se o preço fechar abaixo de US$ 4.156. Movimentos instáveis e limitados permanecem como o caso base, reforçados pela alta oferta de lucro e divergência nos sinais do RSI. Em resumo, a pressão de venda ainda superaria as tentativas de alta se a narrativa usual de setembro se mantiver.
Perspectiva de setembro: mês mais fraco para cripto, mas contexto mudou
Setembro tem sido frequentemente o mês mais fraco para cripto, com BTC e ETH apresentando históricos ruins. Os raros ganhos em 2023 e 2024 fizeram pouco para mudar essa tendência.
Em 2025, o cenário parece diferente: ambas as moedas estão próximas de máximas históricas, ETFs estão impulsionando fluxos, e outro corte de taxa é esperado. O último corte de taxa em setembro — um movimento de 50 bps em 2024 — alinhou-se com fluxos mais fortes de Bitcoin (lembre-se dos ETFs), mas não de Ethereum.

Desta vez, a alta oferta de lucro e a fraca custódia própria ainda apontam para vendas. Tanto BTC quanto ETH podem enfrentar ventos contrários, mas se houver alta, o Bitcoin é mais provável de liderar com a demanda de acumulação supostamente aumentando. Altcoins ligadas ao Ethereum podem não se beneficiar, deixando o mercado mais amplo sob pressão.