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Bitcoin a US$ 100 mil ainda está barato, diz CEO da BlockBR

8 mins
Atualizado por Lucas Espindola

EM RESUMO

  • Tokenização pode redefinir o mercado financeiro ao reduzir intermediários e custos.
  • Blockchain oferece segurança e eficiência, mas qualidade do ativo é essencial.
  • O mercado cripto está em ascensão, e o Bitcoin ainda é considerado uma reserva de valor.
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A tokenização de ativos do mundo real (RWA) foi um dos principais destaques no primeiro dia do Smart Summit 2025. Durante o evento, o BeInCrypto Brasil conversou com Cássio Krupinsky, fundador e CEO da Block BR.

Para Krupinsky, em dez anos, a palavra “token” pode já ter caído no esquecimento. Ele acredita que o foco deve ser em como o RWA se estabelecerá no mercado, considerando aspectos como regulação e licenciamento.

O executivo também destacou a importância de entender as oportunidades para diversos agentes de mercado e até mesmo para aqueles fora da indústria, que podem ingressar no mercado de capitais. “O ativo é apenas o ponto final do processo”, concluiu Krupinsky.

Confira a entrevista completa:

BIC: Quais são os aspectos do processamento e dos participantes desses ativos e comodeve ser processado para que tenha um resultado positivo na oferta para os investidores?

Cássio Krupinsky:  Um tomador de crédito, tem algumas opções de tomada de crédito no mercado. Ou ele vai para um banco, ou uma corretora, ou para um fundo, para uma fintech, ou ele vai para um amigo que possa emprestar esse dinheiro, explica.

Geralmente no Brasil, por ser um país super volátil em taxas, em juros e tudo mais, o controle contábil e controle financeiro das empresas,  é praticamente impossível você ter uma economia completamente estabilizada. Ela muda basicamente de 4 em 4 anos.

E aí quando você entende também o tomador de crédito, como que ele busca dinheiro e qual a estrutura de operação que é oferecida para ele, por exemplo, no mercado imobiliário, você tem a opção de fazer uma LCI, um CRI, entrar em um FIP ou estruturar um FIP em fundo imobiliário por exemplo, até mesmo uma CCB de renda fixa.

Então tudo isso utiliza-se de instrumentos do mercado de capitais, que são muito caros.  Existe muitos  intermediários. São taxas anuais, às vezes custos de emissão,  só que você tem vários participantes dentro desses intermédios que são agentes regulatórios.

Tem o registrador, agente bancário, depositário central, custodiante, você tem a conta extra etc. Depende de cada instrumento. E aí que entra a tokenização.

A tokenização chega para fazer um comparativo entre todos esses instrumentos e todas as estruturas para que dentro desse sistema, o token, analisar o que ele substitui, o que tira fora e quem pode fazer esse papel? detalha o CEO da BlockBr.

Cassio revela que criou a BlockBr para ser a infraestrutura para justamente fazer os participantes do mercado regulado terem novos papéis.

Ele explica que o cliente hoje não quer mais ser refém de uma corretora quando precisar tokenizar algo. “Então ele tem a oportunidade de trazer os investidores para o guarda-chuva dele e assim, reduzir o custo de operação onde ele mesmo passa a ser o estruturador.”

Na prática, a empresa vem transformando assessores de investimento, por exemplo, em estruturadores autônomos,  fazendo com que o cliente faça o próprio papel da corretora sob a licença regulatória da BlockBr.

Isso é um papel que a tokenização pode prover.  Só que quando a gente fala de ativo, o que eu falei muito nessa palestra no Smart Summit, foi justamente que não adianta nada você fazer um token e esse token não ter um processamento aderente à oferta.

BIC: Mas o que é esse processamento?

Cássio Krupinsky:  É desde antes da emissão do token, são os aspectos legais, de garantia, análise de risco, análise de processamento do ativo, quem são os agentes participantes dessa estrutura, para que tenham as responsabilidades como custódia, emissão, etc.  

Até que o investidor, lá na ponta, possa confiar na empresa que está estruturando essa operação. Por isso que banco é a banco, porque o banco começou a estruturar as operações dentro da garantia de que não teria default. E por isso que tem dinheiro por trás, para cobrir o risco de default e cobrar caro na taxa de juros.

Só que, ao mesmo tempo, o banco só dá crédito com garantia até um determinado valor,  justamente para não correr o risco de não ter, de ultrapassar o orçamento dele para cobrir risco de default.  Então, é a mesma coisa.  Só que a oportunidade que o token traz é que a blockchain substitui uma série de fatores e nós, na verdade, olhamos esses novos fatores.

BIC: Hoje virou uma moda falar de RWA, que tudo é tokenizável. O que você pensa sobre isso? Você acha que tudo é realmente, tokenizável? Como a BlockBR está olhando para isso? 

Cássio Krupinsky:  Existe uma previsão da Apple de vender para 90% da população mundial, mas quem tem dinheiro para comprar um Apple, um iPhone? exemplifica Cassio.

Se você for pensar, tudo sim é tokenizável, mas nem tudo traz as garantias adequadas para que um token seja super sólido para uma oferta onde o tomador de risco tem a segurança de que ele está comprando um ativo mais seguro. Claro, são ativos de risco e ativos um pouco mais seguros. Então, sim é possível tudo ser tokenizado.

Economia tokenizada é um caminho sem volta

BIC: Existe previsões que variam um movimento entre US$ 16 trilhões e US$ 33 trilhões com os ativos do mundo real. Como você vê esse movimento?

Cássio Krupinsky:   Os grandes bancos, principalmente Europa, Estados Unidos, principalmente agora,  já começam a fazer movimentos que ninguém sabe ao certo, mas são movimentos muito pró-cripto, pró-blockchain, pró-digital assets e quando você vê uma BlackRock em movimento antecedente a uma própria troca de presidência nos Estados Unidos (EUA), mas já olhando para esse futuro, é um caminho sem volta, de fato, acredita o Krupinsky.

Para o gestor da fintech , os números acima podem ser alcançados, mas ele acha que os números, na verdade, não representam o tamanho do mercado. Isso porque dentro da expectivativa ainda existe a estimativa de risco do ativo

Tudo pode ser tokenizado, mas de novo, qual a qualidade do ativo para ser tokenizado?  Será que é de US$ 33 trilhões? Então, fica essa questão.

Mercado está afunilando

Cássio Krupinsky: O que eu quero dizer é que tem menos empresas hoje dentro do universo da tokenização, porque tem mais empresas entrando, mas pouquíssimas que, não digo nem pela seriedade, mas pela expertise de terem chegado primeiro também e entender os movimentos regulatórios, de agentes de mercado e pensar em como prover novos papéis para que exercer algo seguro. 

BIC: O Brasil avançou bem na questão da regulamentação. Como você está vendo todo esse cenário, desde o final de 2021 até agora, 2025,  com o aval de Donald Trump para indústria cripto chegar ao mainstream?

Cássio Krupinsky:   É super interessante.  É a mesma coisa que olhar para daqui a quatro anos o que será. Bom, esse aval super positivo para o mercado cripto, não só traz uma expectativade crescimento para o mercado de criptomoedas, de ativos em cripto, mas muito mais para o mercado de tokenização, onde você acelera uma cultura de digitalização.

BIC: O que isso representa?

Cássio Krupinsky:    É uma analogia que eu sempre faço, eu costumo usar. Você usava o Nokia e agora você usa um iPhone, por exemplo. Só que no ano passado, nós estávamos na era Blackberry. E esse ano, nós já estamos nos primeiros iPhones. – isso falando como se fosse a era cripto –

Nós estamos nos primeiros iPhones,  talvez o primeiro,  vivendo o início do primeiro iPhone.  Então, eu acho que esse aval representa o início do primeiro iPhone dentro do mercado cripto.

Tudo corrobora para o crescimento dos ativos digitais no mercado.  Porque quando você vê uma corretora perdendo espaço, assessor de investimento insatisfeito,  bancos perdendo fatias para bancos digitais, e você vê o mercado sendo mais descentralizado para quem de fato é muito bom no que faz. Já quem é ruim, pode demorar 15 anos ou mais, e fica claro que faltou competência para fazer algo e se manter na indústria.

É natural, estamos em um caminho que o crescimento do digital assets é inerente, e acompanha também a queda de muitas empresas do mercado tradicional. 

Corretoras principalmente, tem muitas tentando sobreviver e tem gigantes perdendo mercado para os próprios escritórios. Isso porque cada escritório viu a oportunidade de se tornar a própria corretora, mas o escritório não quis mais ser corretora e agora tem uma oportunidade de entrar em ativos digitais também para poder participar de uma forma muito melhor sem que tenha a necessidade daquela grande corretora que tentava colocar um contrato de exclusividade nele. 

 Então é um caminho que culturalmente muito positivo e não é só por conta do aval de Trump, mas muito mais ainda por conta da queda do mercado tradicional, pela incompetência de não ter sido aderente antes a tecnologia.

E agora está tarde para ter aderência a tecnologia, porque os dados viraram macarrão de dados e eles não têm competência agora para fazer link de dados de ponta a ponta, para que na visão do usuário, na visão do cliente, seja algo muito transparente. 

E o que eles confundem na verdade é sobre tornar a operação transparente, mostrando, por exemplo, quanto alguém ganha, mas isso não é transparência. Transparência está no processamento, na estruturação em  processo todo.

Bitcoin ainda está barato e é reserva de valor

Cássio Krupinsky:   Para mim é muito simples. Eu tento ser muito lógico. Tirando todas as meme coins, todas as coins de volatilidade que fazem as pessoas ganharem os troquinhos e ficarem felizes, e defendendo algumas coins que de fato não fazem o menor sentido, o Bitcoin para mim é uma reserva de valor.

Eu diria que ele está só começando, essa é a minha crença. Eu não acho que US$ 100 mil dólares, está caro. Está barato, ainda está barato.É o momento de entrar. Eu sempre falo isso, o Bitcoin não é algo para te deixar rico, mas é algo para deixar os seus filhos ou netos ricos.

Porque é um ativo que na minha concepção, eu vou fazendo uma análise sobre o volume de halving e o volume de escassez. Temos ainda alguns fatores externos  como eu falei, a tokenização cresce à medida que o mercado tradicional tem queda. Então, um puxa para baixo, o outro puxa para cima. 

E naturalmente os ativos digitais estão sendos puxado para cima,  porque já é super aderente, super transparente, enfim, etc. 

BIC: E quando o Bitcoin acabar? Se vier uma guerra , alguém apertar um botão e tem uma bomba ? Por que tanto bunker? E por que tanta coisa? 

Cássio Krupinsky:   Vai ser a única moeda no mundo que tenha a capacidade de você ter uma reserva de valor.

Acredito que pelo quesitos segurança, descentralidade, liberdade e escassez, está só começando. 

Bitcoin e o poder da liquidez

Cássio Krupinsky: Eu não chuto preço, porque hoje você tem um mercado institucional com poder de organizar liquidez,  compra e venda, aguardar, e entrar no momento certo e tudo mais.  Então, se a gente for pegar pela história do próprio Bitcoin,  você tem a alavancagem do próprio mercado e você tem as quedas.

Eu acredito que o Bitcoin possa subir para uns US$ 140 mil, US$ 190 mil.

BIC: Ainda esse ano?

Cássio Krupinsky: Eu acredito que se sobe para US$ 140 mil, mas pode cair para US$ 50 mil.

Queda bruta, onde todo mundo intristece, e aí você tem o poder de compra,  tem o poder de alavancagem também para o preço subir, por conta de grandes instituições.

Cassio lembra que hoje o Bitcoin está muito descentralizado também no varejo,. E portanto é muito difícil  fazer previsões.

Só que, infelizmente, no Brasil, a gente ainda tem um varejo achando o BTC caro e  não enxerga a vantagen em comprar R$ 1 mil e ter apenas alguns centavos de satoshis que no futuro podem valer muita coisa, finaliza.

Quem e Cássio Krupinsky?

Aos 15 anos, Cássio Krupinsky iniciou sua carreira no Banco Safra, uma das famílias mais renomadas de banqueiros do Brasil. Depois de passar por uma corretora de câmbio e criar 16 empresas, ele comprou seus primeiros Bitcoins em 2011, mas os vendeu em 2016.

Em 2019, retomou seu interesse pelo mercado cripto e, em 2020, durante uma temporada em Dubai, aprofundou-se na comunidade cripto dos Emirados Árabes. Foi ali que se associou ao Crypto Valley, na Suíça, para estudar criptomoedas e altcoins, criando um ecossistema de tokens com segurança.

Em 2021, fundou a BlockBr, que hoje já está avaliada em R$ 15 milhões. Na próxima semana, a startup será apresentada a um grupo de investidores e alunos da Universidade de Stanford.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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