Novo relatório da Binance Research apontou que a capitalização de mercado das criptomoedas recou quase 30% desde janeiro. A volatilidade do Bitcoin (BTC) sofre com oscilações violentas nos últimos meses. Com isso, investidores migram para ativos tradicionais em meio à aversão ao risco.
O mercado de criptomoedas recuou mais de 25% desde as máximas de janeiro, eliminando cerca de US$ 1 trilhão em valor, diante de um ambiente de aversão ao risco impulsionado por tensões comerciais e instabilidade macroeconômica. A correlação com ativos de renda variável se intensificou, levando as criptomoedas a acompanhar o desempenho de bolsas em queda.
Criptomoedas recuam com tensões comerciais
O relatório “Elevação tarifária e o mercado de ativos virtuais: análise de impacto” mostrou que a capitalização total do mercado de criptomoedas despencou em relação ao pico de janeiro, refletindo a sensibilidade dos criptoativos a anúncios de tarifas e ao cenário de disputa comercial entre grandes economias, como o “Tarifaço” do presidente americano, Donald Trump.
Investidores reagiram provocando amplas liquidações e empurrando o setor para território de correção. Em paralelo, índices acionários registraram queda, enquanto portos seguros tradicionais, como títulos do Tesouro e ouro, exibiram recuperação. O metal precioso, em particular, bateu sucessivas máximas históricas, atraindo fluxos em busca de proteção contra a volatilidade.
No mesmo período, o Bitcoin caiu 19,1%, e as principais altcoins registraram declínios iguais ou ainda mais acentuados. O Ethereum recuou mais de 40%, e categorias de alto beta, como memecoins e tokens ligados a projetos de inteligência artificial e soluções de camada 2, despencaram acima de 50%. A recente queda anulou boa parte dos ganhos obtidos no início do ano. Com isso, o Bitcoin passou a registrar desempenho negativo em 2024 até o início de abril, mesmo após os avanços do primeiro trimestre.
Com a intensificação da guerra comercial e a perspectiva de novas tarifas, a aversão ao risco deve permanecer elevada. Fundos institucionais e investidores de varejo estão migrando capital para ativos percebidos como menos voláteis. Em pesquisa recente com gestores de fundos, apenas 3% afirmaram planejar alocar recursos em Bitcoin no cenário atual, enquanto 58% disseram favorecer o ouro. A preferência por instrumentos de renda fixa, como títulos governamentais, também ganhou força, limitando o fluxo de recursos para o mercado de criptomoedas.

Tensões comerciais aumentam volatilidade no mercado cripto
O mercado de criptomoedas tem reagido com sensibilidade às decisões de política tarifária, registrando picos de volatilidade a cada anúncio relevante. O Bitcoin sofreu grandes oscilações nos últimos meses, incluindo uma das maiores quedas diárias desde a crise da COVID‑19 em 2020.
Após o anúncio, no final de fevereiro, de tarifas sobre Canadá e União Europeia, o BTC recuou cerca de 15% nos dias seguintes, em paralelo ao aumento da volatilidade realizada. O ETH apresentou trajetória semelhante, com volatilidade de um mês acima de 100%, superando faixas anteriores próximas a 50%.
Richard Teng, CEO da Binance, falou sobre como uma incerteza macroeconômica faz com que os investidores adotem uma postura mais cautelosa:
O ressurgimento do protecionismo comercial está gerando uma volatilidade significativa nos mercados globais – e o mercado cripto não é exceção. No curto prazo, esse tipo de incerteza macroeconômica tende a provocar uma postura mais cautelosa, com os investidores recuando enquanto aguardam desdobramentos relacionados ao crescimento, às políticas e ao comércio, afirmou.
Esses movimentos evidenciam a vulnerabilidade do mercado a mudanças repentinas de política. Em um cenário macroeconômico de incerteza, a volatilidade elevada tende a persistir, tanto pela aversão ao risco quanto pelo risco de novas escaladas na guerra comercial. A estabilização dependerá da clareza sobre o fim das medidas tarifárias e da plena precificação dos desenvolvimentos recentes.
As novas tarifas funcionam como um aumento de impostos sobre produtos importados, pressionando a inflação em um momento em que o Federal Reserve busca conter a alta de preços. Medidas de mercado, como swaps de inflação de um ano, superaram 3%. Além disso, as expectativas de consumidores chegaram em 5%. Ambos indicam que o ritmo de alta de preços pode se intensificar nos próximos 12 meses.
Uma guerra comercial total pode resultar em perdas de até US$ 1,4 trilhão na produção global. Nos Estados Unidos, o impacto inicial seria uma queda de quase 1% no PIB real per capita. A Fitch Ratings alerta para risco de recessão caso o regime tarifário seja mantido.
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