Com a aprovação do Genius Act nos Estados Unidos, o uso de stablecoins por instituições financeiras pode mudar a partir de 2025. Embora os bancos europeus estejam na vanguarda dessa transformação, a nova legislação norte-americana pode se tornar um marco para outras economias, inclusive a brasileira.
Essa é a avaliação de Arthur Carvalho, diretor e especialista em criptoativos e ativos digitais do Grupo Braza. Segundo ele, a aprovação do Genius Act representa um avanço positivo para o mercado global de stablecoins.
Essa regulação vai oferecer maior segurança jurídica aos emissores, mais confiança aos usuários e facilitará a integração com o mercado tradicional. Outros países, incluindo o Brasil, vão utilizar o Genius Act como inspiração para aprimorar suas próprias regulamentações e fomentar a integração das stablecoins à economia tradicional, afirma.
Por que os bancos investem em stablecoins?
De acordo com especialistas, as stablecoins oferecem mais segurança e eficiência nas transações.
Os bancos brasileiros têm uma oportunidade relevante ao integrá-las aos seus produtos, especialmente em operações internacionais e câmbio on-chain, proporcionando transações mais rápidas, seguras e com menor custo. Além disso, essas moedas digitais funcionam como porta de entrada segura para o ecossistema DeFi, comenta.
Acompanhando o movimento global, o JPMorgan anunciou o lançamento de sua segunda stablecoin, a JPMD. Em 2019, o banco já havia colocado no mercado a JPM Coin, voltada para liquidações internas. Outros bancos norte-americanos também avançaram na tokenização, como o Signature Bank, que criou uma plataforma de liquidações em tempo real utilizando blockchain.
Na Europa, o Societe Générale planeja lançar sua segunda stablecoin lastreada em moedas fiduciárias. Em 2023, a instituição lançou a EUCV, atrelada ao euro, e, neste ano, anunciou a USDCV, vinculada ao dólar. No Japão, Mitsubishi UFJ e SBI também deram início a testes com stablecoins atreladas ao iene.
Como o Brasil investe na blockchain e na tokenização?
O Brasil acompanha essa tendência. O país é visto como pioneiro na América Latina com a implementação do Drex, também conhecido como Real Digital. A moeda está em fase de testes por bancos como a Caixa Econômica Federal, embora ainda sem data de lançamento.
Durante a Febraban Tech 2025, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, detalhou o funcionamento do Drex
Trata-se de um sistema baseado em tecnologia de registros distribuídos (DLT), com suporte a smart contracts e tokenização, que facilitará a realização de transações financeiras mais eficientes e seguras, disse Galípolo no painel.
Carvalho acredita que o mercado nacional já apresenta maturidade técnica para emitir stablecoins, com infraestrutura robusta e práticas de compliance bem estabelecidas. Em fevereiro, o Grupo Braza lançou a BBRL, sua primeira stablecoin lastreada no real, ancorada na XRP Ledger (XRPL), uma blockchain descentralizada de camada 1.
Bancos criam suas plataformas de criptoativos
Dados do relatório da Triple-A apontam que cerca de 17,4% da população brasileira, o equivalente a 38 milhões de pessoas, já utilizam criptoativos de alguma forma. Nos últimos anos, diversas instituições financeiras passaram a oferecer serviços relacionados ao setor, de bancos tradicionais a fintechs.
O Banco Inter, por exemplo, investiu em infraestrutura de ativos digitais e, em parceria com a B3 Digitas, passou a oferecer negociações em Bitcoin, Ethereum, Tether, Litecoin e Ripple. Dos 7 milhões de usuários da plataforma, 10% já realizaram transações com criptomoedas.
Reconhecemos que o tema das criptomoedas possa ser um tabu para algumas pessoas, mas o Inter está comprometido em promover a educação financeira entre nossos clientes nesse segmento, afirma Bruno Grossi, gerente de digital assets do banco.
Outras fintechs também investiram no setor, como o Nubank, com o lançamento da plataforma Nubank Cripto. Em 2023, o banco criou a NuCoin, um programa de recompensas semelhante a um criptoativo interno, apesar de não ser possível realizar transferências entre instituições.
Entretanto, o interesse em cripto não está mais restrito às fintechs. Bancos como Itaú, Santander e Bradesco também passaram a oferecer investimentos no setor. Ainda que o foco não inclua memecoins, ativos como o Bitcoin já têm forte presença nas plataformas dessas instituições.
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