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Autor de best-seller afirma que Bitcoin falhou como dinheiro

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Atualizado por Paulo Alves

EM RESUMO

  • Para Nassim Nicolas Taleb, o Bitcoin (BTC) tem falhado em ser uma forma de dinheiro, reserva de valor e proteção contra regimes totalitários.
  • O escritor e analista financeiro, antes um grande entusiasta da criptomoeda, mudou de opinião sobre o BTC neste ano.
  • Taleb teve críticas rebatidas e chegou a discutir publicamente com brasileiro recentemente.
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Para Nassim Nicolas Taleb, o Bitcoin (BTC) tem falhado em ser uma forma de dinheiro, reserva de valor e proteção contra regimes totalitários.

O analista financeiro e escritor, famoso pelos best-sellers Cisne Negro e Antifrágil, teceu novas críticas ao Bitcoin em artigo publicado no último fim de semana.

Outrora conhecido como um grande entusiasta da criptomoeda, chegando a escrever o prefácio do livro The Bitcoin Standard, Taleb mudou de lado e passou a criticar fortemente a criptomoeda. O analista já havia feito comentários negativos em relação ao BTC e aos seus usuários em fevereiro deste ano.

Bitcoin possui pouca utilidade

Em seu artigo, Taleb questiona o papel do Bitcoin como dinheiro. Para ele, a alta volatilidade vista no ativo tem sido um grande impedimento para que a criptomoeda consiga cumprir esse papel de forma correta.

O escritor afirma que uma moeda precisa ser estável o suficiente para servir como uma unidade de conta, algo impossível de ser feito com o BTC.

Ele ainda defende que toda compra feita atualmente com a criptomoeda é na verdade uma troca de mercadorias utilizando o dólar como moeda subjacente, já que o preço do BTC na moeda norte-americana é utilizado como âncora para a transação.

Taleb destaca também que a criptomoeda dificilmente irá superar o ouro num cenário de curto ou médio prazo como um ativo de reserva de valor, devido ao histórico milenar de adoção do metal precioso.

“Também é um erro de raciocínio alegar que uma inovação, o Bitcoin, pode se tornar o “novo ouro”, quando o ouro não foi decidido para ser assim por meio de um white paper; ele tornou-se organicamente a reserva ao longo de séculos de seleção competitiva contra outros modos de armazenamento, pagamento e itens colecionáveis. ”

Para Taleb, leva muito tempo para que um ativo seja considerado tanto uma moeda ou uma reserva de valor, envolvendo acordos sociais ou a “força” de um governo. Dessa forma, o Bitcoin teria, pelo menos por ora, pouca utilidade por não conseguir cumprir com nenhuma das duas funções.

BTC como reserva de valor

Ainda em seu artigo, Taleb ataca pontos defendidos pelos entusiastas do Bitcoin: que o ativo seria uma forma de reserva de valor e proteção contra governos totalitários.

Ele afirma que ao invés de manter o seu valor ao longo do tempo, a moeda sofre com alterações de preço parecidos com outros ativos que sofrem processos de bolhas financeiras, hora tendo grandes altas, hora sofrendo com grandes quedas. Com isso, seus usuários não possuem uma certeza que o seu capital investido estará protegido no longo prazo.

O escritor ainda destaca que a transparência da rede blockchain e a conversão de unidades de BTC para moedas fiduciárias facilita o envolvimento de instituições governamentais neste mercado, não dando uma eventual segurança necessária para os seus usuários contra regimes opressores.

Por fim, Taleb comenta que uma dependência de bancos e governos ao se utilizar moedas fiduciárias seria apenas trocada pela dependência de grandes corporações e usuários que já possuem grandes quantidades de Bitcoin. Haveria apenas uma troca daqueles que controlam o sistema financeiro, mas esse controle ainda existiria.

“Infelizmente, parece haver um problema de agência pior: um grupo de insiders agarrando-se ao que eles acham que será a moeda mundial, de modo que outros teriam que procurá-los mais tarde para obter suprimentos. Eles estariam ganhando trilhões cumulativamente, com muitos “Hodlers” bilionários. É uma transferência de riqueza para o cartel dos primeiros usuários do bitcoin.”

Desentendimento com Fernando Ulrich

As fortes críticas de Taleb ao Bitcoin já ensejaram até uma discussão calorosa com o brasileiro Fernando Ulrich, defensor do Bitcoin e autor de um livro sobre o criptoativo.

Em vídeo publicado em seu canal no Youtube em fevereiro, Ulrich se disse surpreso pela mudança de opinião de Taleb. Apesar de concordar que o Bitcoin não cumpre com diversos requisitos necessários de uma moeda, o brasileiro relembrou que nunca houve a promessa de que o BTC fosse capaz de superar o ouro ou o sistema financeiro tradicional em intervalo de tempo tão pequeno.

O embate, no entanto, aconteceu em maio, quando Ulrich criticou novamente o escritor líbano-americano.

“Taleb está provando ser um economista questionável. O problema descrito em sua postagem se aplica a qualquer mercadoria durante sua fase de monetização. Nenhuma mercadoria jamais se tornou dinheiro da noite para o dia. Leva tempo para evoluir para um meio de troca geralmente aceito.”

Taleb respondeu o tuíte afirmando que Ulrich seria um “idiota” ao achar que o Bitcoin deveria ser monetizado. Após pedir desculpas ao brasileiro, Taleb restringiu sua conta pessoal no Twitter, permitindo apenas que usuários aprovados por ele possam ver seus comentários na rede social.

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Anderson Mendes
Membro ativo da comunidade de criptoativos e economia em geral, Anderson é formado pela Universidade Positivo, e escreve sobre as principais notícias do mercado. Antes de entrar para a equipe brasileira do BeInCrypto, Anderson liderou projetos relacionados à trading, produção de notícias e conteúdos educacionais relacionados ao mundo cripto no sul do Brasil.
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