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As consequências: destino das criptos consideradas títulos pela SEC

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Por Bary Rahma
Traduzido Thiago Barboza

EM RESUMO

  • A SEC entrou com ações judiciais contra a Binance e a Coinbase, trazendo intenso escrutínio regulatório ao mercado de criptomoedas.
  • 19 criptomoedas foram explicitamente nomeadas como títulos nas ações judiciais, o que pode levar a uma possível exclusão das exchanges dos EUA.
  • Apesar dos desafios regulatórios, a recente vitória legal da Ripple oferece um farol de esperança para outros ativos digitais sob investigação.
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Em um abalo sísmico entre 5 e 6 de junho de 2023, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) moveu ações judiciais contra a Binance e a Coinbase.

Esta ofensiva jurídica estratégica repercutiu em todo o setor cripto, desafiando as normas estabelecidas.

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O elevado escrutínio regulatório iniciou um intenso discurso sobre a classificação de criptomoedas específicas como títulos. Ao mesmo tempo, impactou negativamente os preços de muitas altcoins mencionadas nos processos judiciais.

Revelando a postura da SEC

No epicentro deste turbilhão jurídico, a Binance, liderada pelo seu icónico fundador Changpeng Zhao, enfrenta acusações por não segregar bilhões em fundos de usuários. A maior exchange de criptomoedas do mundo em volume de negociação supostamente violou as leis para acomodar comerciantes ricos dos EUA em sua plataforma global.

O presidente da SEC, Gary Gensler, disse em uma longa declaração:

“Através de treze acusações, alegamos que as entidades Zhao e Binance se envolveram em uma extensa rede de engano, conflitos de interesse, falta de divulgação e evasão calculada da lei. Conforme alegado, Zhao e Binance enganaram os investidores sobre seus controles de risco e corromperam os volumes de negociação, enquanto ocultavam ativamente quem operava a plataforma, a negociação manipulativa de seu formador de mercado afiliado e até mesmo onde e com quem os fundos dos investidores e ativos cripto eram custodiados. Tentaram contornar as leis de valores mobiliários dos EUA, anunciando controles falsos que desconsideraram nos bastidores, para que pudessem manter clientes norte-americanos de elevado valor nas suas plataformas. O público deve tomar cuidado ao investir qualquer um de seus ativos suados com ou nessas plataformas ilegais.”

Enquanto isso, a Coinbase enfrenta acusações de funcionar como uma corretora não registrada. A SEC aponta o dedo para as principais operações de corretagem, staking e câmbio da empresa como infrações às regulamentações de valores mobiliários.

De acordo com Gensler, a SEC alega que “a Coinbase, apesar de estar sujeita às leis de valores mobiliários”, combinou várias funções que normalmente são separadas nos mercados de valores mobiliários. Estas alegadas ações podem ter privado os investidores de salvaguardas vitais, como “manuais de regras que previnem a fraude” e outras proteções críticas.

Além disso, Gensler menciona que a Coinbase “nunca registrou seu programa de staking como serviço conforme exigido pelas leis de valores mobiliários”.

As ações resolutas contra estes dois gigantes geraram especulações generalizadas. A SEC pretende reduzir a crescente influência das exchanges de criptomoedas, criando um vácuo de poder para Wall Street?

Identificando Criptos como Valores Mobiliários

Um aspecto de destaque dos processos judiciais da SEC é a nomeação explícita de 19 criptomoedas como títulos. A Binance se destacou na negociação de tokens como Cosmos (ATOM), Binance Coin (BNB), Binance USD (BUSD) e COTI (COTI), entre outros.

Ao mesmo tempo, a Coinbase examinou minuciosamente a facilitação de negociações em Chiliz (CHZ), Near (NEAR), Flow (FLOW), Internet Computer (ICP), Voyager Token (VGX), Dash (DASH), Nexo (NEXO) e uma série de outros. Nitidamente, o Ethereum (ETH) estava ausente dessas listas.

Simultaneamente, uma seção transversal de tokens como Solana (SOL), Cardano (ADA), Polygon (MATIC), Filecoin (FIL), The Sandbox (SAND), Decentraland (MANA), Algorand (ALGO) e Axie Infinity (AXS ) apareceram como pontos controversos para ambas as exchanges.

A implicação de tal classificação é profunda. Se esses tokens receberem a etiqueta de títulos, isso poderá levar à sua exclusão das exchanges dos EUA, estrangulando as vias comerciais e apresentando enormes obstáculos regulatórios para desenvolvedores e entusiastas de cripto.

Uma Ripple de esperança na tempestade

No entanto, é fundamental observar que nem todos os tokens cripto citados em processos judiciais enfrentam um destino sombrio. Um exemplo ilustrativo é a recente decisão na saga SEC vs. Ripple da juíza Analisa Torres.

“O pedido dos réus para julgamento sumário é CONCEDIDO quanto às vendas programáticas, às outras distribuições e às vendas de Larsen e Garlinghouse, e NEGADO quanto às vendas institucionais”, dizem os documentos do tribunal.

Aqui, as transações de XRP da Ripple em exchanges públicas foram consideradas isentas de serem classificadas como contratos de investimento. Este julgamento histórico foi recebido com euforia em toda a indústria de cripto.

O cofundador da Gemini, Cameron Winklevoss, elogiou a decisão como um “momento divisor de águas” que remodela a autoridade da SEC sobre os ativos digitais.

“A venda de XRP em exchanges não é um título. O que significa que as vendas de todas as criptomoedas nas exchanges não são títulos e a SEC e Gary Gensler não têm jurisdição sobre elas”, disse Winklevoss.

No entanto, para a miríade de tokens listados nos processos judiciais da Binance e da Coinbase, seu futuro permanece incerto, especialmente após a liquidação que a maioria dessas altcoins sofreu.

Criptomoedas rotuladas como títulos apresentam baixo desempenho

Desde o início de junho, as 19 criptomoedas identificadas como títulos nos processos judiciais da SEC contra a Binance e a Coinbase sofreram quedas consideráveis.

Por exemplo, BNB, ADA e MATIC testemunharam uma diminuição nas suas avaliações de mercado em 28,8%, 29,8% e 32,2%, respetivamente. Em contraste, o token SOL de Solana demonstrou resiliência, com uma queda mínima de 1,0% no momento desta redação.

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Desempenho de preços BNB, ADA, MATIC e SOL . Fonte: TradingView

Outras altcoins, incluindo Cosmos, Internet Computer, Filecoin e Near Protocol, passaram por correções ainda mais profundas. Especificamente, o ATOM diminuiu 32,4% desde 5 de junho, enquanto o ICP, FIL e NEAR registaram quedas de 26,3%, 33,7% e 26,1%, respetivamente.

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Desempenho de preços ATOM, ICP, FIL e NEAR . Fonte: TradingView

Da mesma forma, o mercado cripto mais amplo tem mostrado pouca misericórdia para com Algorand e tokens de metaverso como The Sandbox, Axie Infinity e Decentraland. ALGO viu uma queda de 36,1%, SAND de 43,8%, AXS de 31,8% e MANA despencou 36,7%.

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Desempenho de preços ALGO, SAND, AXS e MANA . Fonte: TradingView

Flow, Nexo, Chiliz e Dash também enfrentaram quedas substanciais. Em particular, FLOW, CHZ, NEXO e DASH diminuíram 37,5%, 39,8%, 11,8% e 40,8%, respectivamente.

Desempenho de preços FLOW, CHZ, NEXO e DASH. Fonte: TradingView

Por fim, COTI e Voyager Token, as duas últimas altcoins identificadas como valores mobiliários nas ações judiciais, também não foram poupadas. Seus respectivos tokens nativos, COTI e VGX, caíram 43,9% e 19,6%.

Desempenho de preços COTI e VGX. Fonte: TradingView

A importância de quadros regulamentares claros e consistentes torna-se evidente à medida que a linha entre as finanças tradicionais e o mercado emergente de criptomoedas se confunde. Embora algumas criptomoedas tenham conseguido resistir à tempestade, muitas enfrentam futuros incertos.

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Thiago Barboza
Sound Designer de profissão e apaixonado por comunicação, Thiago Barboza é graduado em Comunicação com ênfase em escritas criativas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 2019 conheceu as criptomoedas e blockchain, mas foi em 2020 que decidiu imergir nesse universo e utilizar seu conhecimento acadêmico para ajudar a difundir e conscientizar sobre a importância desta tecnologia disruptiva.
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