O fundador da Cardano, Charles Hoskinson, foi convocado para testemunhar pela comissão parlamentar que investiga o presidente argentino Javier Milei sobre o escândalo Libra ocorrido no início deste ano.
Hoskinson já havia falado extensivamente sobre o lançamento da Libra e o contexto do Fórum de Tecnologia da Argentina.
Figuras-chave convocadas em investigação sobre Libra
A comissão parlamentar que investiga o envolvimento do presidente argentino Javier Milei no escândalo Libra divulgou uma lista de 19 pessoas citadas por seu conhecimento sobre o assunto, de acordo com documentos obtidos pelo BeInCrypto.
SponsoredA lista continha principalmente nomes de políticos de destaque, empresários e investidores intimamente ligados ao caso logo após o lançamento da Libra.
Enquanto Milei recebeu cinco dias para fornecer um testemunho detalhado por escrito e respostas a um questionário anexo, outros membros de sua administração também foram convocados.
Os membros do gabinete citados incluem Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência; o chefe de gabinete Guillermo Francos; e o secretário de imprensa Manuel Adorni.
Investidores próximos ao presidente e organizadores do Fórum de Tecnologia da Argentina de outubro passado também terão que responder. Entre eles estão o trader e empreendedor argentino Mauricio Novelli e o investidor e influenciador Manuel Terrones Godoy, conhecido no YouTube como “KManuS88”.
Um nome surpreendente na lista
De acordo com o deputado Maximiliano Ferraro, presidente da comissão investigativa da Libra e membro do partido de oposição Coalición Cívica ARI, apenas Milei foi formalmente convocado para testemunhar até agora.
Ele acrescentou que a comissão provavelmente publicará o cronograma de convocações para o restante das pessoas na lista em algum momento da próxima semana.
“No momento, estou emitindo cartas e solicitações oficiais. Certamente, amanhã, algumas pessoas serão convocadas para a próxima semana, mas isso ainda não foi finalizado. Preciso discutir com as autoridades da comissão”, disse Ferraro ao BeInCrypto em uma entrevista em espanhol.
A comissão incluiu um nome surpreendente no final da lista. A última pessoa citada para prestar depoimento foi Charles Hoskinson, fundador da Cardano.
Sponsored SponsoredQuando questionado sobre sua convocação, Hoskinson disse ao BeInCrypto que desconhecia a citação. Ele acrescentou que acreditava que as motivações por trás da investigação eram políticas e reafirmou sua confiança no curso de ação atual do governo.
“Minha única declaração é que o presidente Milei tem sido uma força positiva para o povo da Argentina, e acredito que suas realizações e histórico falam por si mesmos”, disse ele ao BeInCrypto.
Embora o fundador da Cardano tenha sido crítico em relação ao lançamento da Libra e à abordagem organizacional do Fórum de Tecnologia da Argentina, ele tem reforçado seu apoio ao cenário fintech da Argentina.
As origens do escândalo Libra
Hoskinson tem desempenhado um papel ativo no desenvolvimento do ecossistema Cardano na Argentina.
Em maio, a Input Output Global, a empresa de pesquisa por trás da rede, inaugurou seu primeiro escritório físico fora dos Estados Unidos em Buenos Aires. Em dezembro passado, o fundador sediou a ratificação da Constituição da Cardano na Universidade de Buenos Aires.
Hoskinson também viajou para a capital argentina em outubro passado para participar do Fórum de Tecnologia da Argentina. O evento era muito aguardado, já que Milei faria um discurso principal. Lá, Milei se encontrou com pessoas posteriormente associadas ao escândalo Libra, como o CEO da Kip Protocol, Julian Peh, e Novelli.
SponsoredQuando o token Libra disparou e depois despencou em fevereiro, causando milhares de dólares em perdas para investidores de varejo, um escândalo político eclodiu para o presidente argentino, que havia compartilhado o projeto em sua conta no X.
Peh, e posteriormente o CEO da Kelsier Ventures, Hayden Mark Davis, ficaram sob críticas intensas após seu suposto envolvimento na promoção do projeto se tornar público.
Hoskinson recorreu ao YouTube para compartilhar sua experiência no Fórum de Tecnologia da Argentina um dia após a queda do preço da Libra.
Alegações de suborno de Hoskinson
Um dia após o lançamento da Libra, Hoskinson dedicou um vídeo para discutir o que havia acontecido. Durante a transmissão ao vivo, ele enfatizou extensivamente o evento que havia ocorrido cinco meses antes.
O fundador da Cardano, interessado em expandir operações no país além das oportunidades do setor privado, queria explorar potenciais parcerias público-privadas.
Ele explicou que os organizadores do evento, provavelmente referindo-se a Novelli e Terrones Godoy, disseram-lhe que o Fórum de Tecnologia seria uma boa oportunidade para uma reunião com o presidente. Isso nunca aconteceu. Em vez disso, Hoskinson conseguiu um aperto de mão e uma fotografia em grupo.
Segundo ele, tais promessas logo se transformaram em um pedido de suborno.
“Tivemos todas essas pessoas que encontrávamos pelo caminho e diziam: ‘Ei, você nos dá algo e podemos conseguir uma reunião e coisas mágicas podem acontecer’”, lembrou Hoskinson na transmissão ao vivo.
Assim que Hoskinson respondeu que isso seria contra a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior dos Estados Unidos (FCPA), esses atores interromperam todo o diálogo com ele e sua equipe.
Hoskinson também compartilhou sua interpretação pessoal do escândalo Libra. Ele esclareceu que achava que Milei era uma boa pessoa que se cercou das pessoas erradas.
Por que o depoimento de Hoskinson é fundamental
Embora os motivos oficiais para a citação de Hoskinson permaneçam desconhecidos, é provável que os investigadores considerem suas declarações públicas altamente relevantes.
Pessoas próximas ao assunto disseram ao BeInCrypto que ficaram surpresas ao ver o nome de Hoskinson listado entre os investigados. Dada sua compreensão do tema, afirmaram que Hoskinson deveria ter sido citado para testemunhar como especialista.
Embora a investigação não seja criminal, Ferraro esclareceu que todas as 19 pessoas citadas devem responder. Se não o fizerem, a comissão avaliará quais serão os próximos passos a serem tomados.
“Uma possibilidade é, claro, solicitar a assistência das autoridades e outros, mas isso será avaliado pelos membros da comissão”, disse Ferraro, acrescentando: “Claro, cada pessoa tem direito ao devido processo e a ser representada por um advogado. Elas não são obrigadas a testemunhar contra si mesmas.”