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O que é BTCFi? Guia do universo DeFi no Bitcoin

6 Min.
Atualizado por Luís De Magalhães

O BTCFi, abreviação de Bitcoin Decentralized Finance (finanças descentralizadas do Bitcoin), refere-se a serviços financeiros como empréstimos, financiamentos e trading que são executados em Bitcoin ou em camadas de sua blockchain. Essas novidades permitem que você faça mais com do que apenas segurar seu BTC como reserva de valor. Neste guia, você aprenderá o que é o BTCFi, como ela funciona, seus principais protocolos e como ela se compara à DeFi na Ethereum.

O que é BTCFi?

O BTCFi (Bitcoin DeFi) é a estrutura que usa da rede do Bitcoin (ou camadas secundárias vinculadas ao Bitcoin) para executar aplicativos financeiros descentralizados, ou dApps.

Simplificando, são recursos de DeFi semelhantes aos do Ethereum, mas para o Bitcoin. Até pouco tempo atrás, Bitcoin era visto somente como reserva de valor ou para pagamentos simples, enquanto blockchains como o Ethereum assumiam a liderança em DeFi com contratos inteligentes, DApps complexos e outras funcionalidades..

O interesse em DeFi baseado em Bitcoin, no entanto, está aumentando. Veja por quê:

Liquidez e base de capital

O Bitcoin é a maior cripto do mercado, e mesmo uma quantia pequena de BTC entrando em DeFi poderia garantir uma liquidez gigante.

Muitos investidores do Bitcoin usaram o Wrapped Bitcoin para buscar rendimentos na rede do Ethereum. Portanto, se o DeFi se tornar viável no próprio Bitcoin, parte dessa atividade possa se deslocar.

Segurança

O blockchain do Bitcoin é conhecido por sua confiabilidade e seu protocolo nunca foi violado a nível de protocolo. Interrupções notáveis em outras cadeias (como a parada de cinco horas de Solana em fevereiro de 2024) justificam a construção de uma solução DeFi na rede do Bitcoin.

O design conservador do Bitcoin pode oferecer uma base mais estável para os aplicativos DeFi.

Novas tecnologias

As limitações iniciais do Bitcoin estão desaparecendo graças à atualizações e às camadas de contratos inteligentes.

Além disso, a oferta de Bitcoin mantida por detentores de longo prazo continua a aumentar, correspondendo ao aumento do interesse institucional e à criação de uma reserva estratégica de Bitcoin nos EUA.

O BTCFi registrou um aumento de 2.767% em TVL no último ano, alavancado por novos protocolos, integrações entre cadeias e demanda por infraestrutura financeira nativa baseada em Bitcoin, ao invés de encaminhar o BTC para o Ethereum ou outras reds.

BTCFi TVL: DeFiLlama

Se as taxas de juros forem cortadas em 2025, isso poderá aumentar ainda mais o apetite por ativos de maior risco, especialmente o Bitcoin, que tem cada vez mais utilidades on-chain sendo criadas.

Enquanto isso, as integrações com plataformas como LayerZero e Meson Finance também apontam para um potencial de longo prazo. Esses projetos estão apoiando o Bitcoin para dar suporte a aplicativos financeiros mais complexos diretamente em sua própria rede.

Como o Bitcoin possibilita de um sistema DeFi?

É comum pensar que o Bitcoin pode ser muito limitado para soluções em finanças decentralizadas. Até pouco tempo atrás, este pensamento não estava tão errado, afinal, diferentemente do Ethereum, o Bitcoin usa uma linguagem de script restrita que não suporta a lógica complexa necessária para aplicativos DeFi, como empréstimos ou exchanges descentralizadas.

Mas então, como é que o BTCFi funciona? Tudo depende de camadas externas e de sidechains que ampliam os recursos do Bitcoin sem alterar seu núcleo.

  • Lightning Network: O Lightning é uma camada secundária que viabiliza pagamentos rápidos e baratos em BTC, processando transações fora da blockchain principal. Embora não tenha sido projetado para DeFi, serve de base para movimentações de alto volume que outros protocolos podem aproveitar.
  • Sidechains e cadeias conectadas: são redes separadas que se ligam ao Bitcoin. A RSK, por exemplo, usa o RBTC, um token pareado 1:1 com o BTC, para rodar contratos inteligentes. Já a Stacks permite escrever contratos e registrar o resultado final na blockchain do Bitcoin. Com isso, dá pra usar BTC em aplicações tipo DeFi sem mudar o protocolo original.

Juntas, essas camadas atuam como “complementos” e permitem que o Bitcoin permaneça simples e seguro, ao mesmo tempo em que obtém funcionalidade de contrato inteligente por meio de sistemas externos. Foi assim que o BTCFi se tornou possível, é por isso que as plataformas construídas em torno dessas camadas estão agora trazendo o verdadeiro DeFi para o Bitcoin.

Principais protocolos no ecossistema DeFi do Bitcoin

O ecossistema DeFi do Bitcoin está crescendo por meio de protocolos que adicionam contratos inteligentes e funcionalidade de camada de ativos sem alterar a cadeia de base.

Stacks: e uma blockchain separada que se conecta ao Bitcoin via prova de transferência. Suporta contratos inteligentes, NFTs e apps DeFi com a linguagem Clarity. O token STX é usado para taxas e governança, e quem o mantém pode ganhar BTC com o “Stacking”. Apesar de o BTC não ser programável, os apps da Stacks conseguem acompanhar e reagir às ações na rede Bitcoin.

Rootstock (RSK): é uma sidechain do Bitcoin, minerada junto com ele, que roda um EVM compatível com Ethereum. O BTC fica travado e vira RBTC, usado para contratos inteligentes em Solidity. Com isso, dá pra portar apps do Ethereum pro ecossistema Bitcoin, com liquidação em BTC.

Sovryn: construída sobre a RSK, é uma plataforma de DeFi focada em Bitcoin, com trading de margem, empréstimos em BTC, swaps de stablecoin e estratégias automatizadas. Usa BTC e RBTC como base, e lançou stablecoins lastreadas em Bitcoin, como DOC e DLLR, ampliando o uso do BTC em finanças descentralizadas.

Lightning Network + Taproot Assets: a Lightning permite enviar BTC quase instantaneamente por canais fora da blockchain. Já o protocolo Taproot Assets (ex-Taro) permite emitir tokens, como stablecoins, sobre essa estrutura. Em 2025, a Tether confirmou que vai emitir USDT via Taproot Assets, tornando possível transferir stablecoins em cima da rede Bitcoin com agilidade e baixo custo.

Outros participantes importantes incluem o Liquid da Blockstream, enquanto novos projetos como o Mintlayer também estão contribuindo para a expansão da pilha DeFi do Bitcoin.

BTCFi. vs. Ethereum DeFi em poucas palavras

CategoriaBTCFi (Bitcoin DeFi)Ethereum DeFi
Contratos inteligentesHabilitados por meio de sidechains e camadas (por exemplo, RSK, Stacks)Nativos na rede principal (EVM, Solidity)
Token básicoBTC usado diretamente ou como token agrupado (por exemplo, RBTC)Tokens ETH ou ERC-20
Maturidade DeFiEmergente, menos protocolos e ativosMaduro, ampla gama de serviços DeFi
TVL e liquidezTVL mais baixo, menor presença de stablecoinTVL alto, liquidez profunda em todos os ativos
Modelo de segurançaAncorado no Bitcoin PoW ou minerado por fusãoProtegido pelo consenso PoS da Ethereum
Velocidade e custoMais rápido via Lightning ou sidechainsMais rápido em L2s; taxas mais altas na rede principal
InteroperabilidadeDepende de ativos vinculados ou pontesAlta capacidade de composição e integrações entre cadeias
DesenvolvimentoMenos ferramentas, ritmo mais lentoAmplo ecossistema de desenvolvimento e ferramentas
Casos de usoTrading, empréstimos, stablecoins lastreadas em BTCConjunto completo de DeFi, incluindo opções, sintéticos, NFTs
Emissão de ativosPossível via Taro, Liquid ou StacksIntegrado com os padrões ERC-20 e ERC-721
CustódiaAutocustódia, a confiança varia de acordo com o protocoloAutocustódia, altamente descentralizada
Metas compartilhadasFinanças descentralizadas com BTC como ativo básicoFinanças descentralizadas com ETH ou tokens
AutomaçãoContratos inteligentes em sidechains ou scriptsContratos inteligentes nativos da rede principal
Controle do usuárioSim – chaves privadas e plataformas sem custódiaSim – os usuários mantêm o controle dos ativos

O que vem por aí para o Bitcoin DeFi?

Ainda em fase inicial, o BTCFi vem amadurecendo rápido. O que começou como testes isolados virou um ecossistema em expansão com sidechains, Layer 2 e apps que ampliam o que o Bitcoin pode fazer. Além disso, hoje já dá pra emprestar, tomar emprestado e negociar BTC de forma descentralizada, algo que antes parecia impossível.

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Shilpa Lama
Shilpa é escritora e jornalista de tecnologia, apaixonada por inteligência artificial, como registros distribuídos e criptomoedas. Ela cobre o setor de blockchain desde 2017. Antes de seu trabalho contínuo na mídia tecnológica, Shilpa emprestava suas habilidades a empreendimentos de fintech apoiados pelo governo no Bahrein e a uma importante organização sem fins lucrativos com sede nos EUA dedicada a apoiar projetos de software de código aberto. Em sua função atual, ela se concentra em...
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