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Qual é o impacto ambiental dos NFTs?

11 mins
Atualizado por Maria Petrova

Os tokens não fungíveis, ou NFTs, cresceram de popularidade nos últimos 2 anos. Eles são usados principalmente para transmitir a propriedade de uma arte digital. A criação de coleções milionárias de NFTs, como o BAYC e Crypto Punks, além dos inúmeros jogos play to earn e metaversos criados, fizeram com que o mundo inteiro voltasse seus olhos para os NFTs.

Os NFTs conquistaram inúmeros fãs e entusiastas ao longo dos últimos anos, mas, e talvez com a mesma fração, eles conquistaram muitos críticos. Apesar de todas as vantagens dos tokens não fungíveis, existe um custo oculto na criação e comercialização dos NFTs. O consumo de energia para transferir os ativos e o impacto ambiental que isso causa é a grande desvantagem dos NFTs.

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No entanto, existem maneiras mais ecológicas de cunhar e comercializar NFTs. Neste artigo, vamos analisar o impacto ambiental causado pelos NFTs e como a indústria pode minimizar esses efeitos.

Neste artigo:

Uma breve introdução sobre os NFTs

Venda de NFTs

Os tokens não fungíveis, ou NFTs, utilizam a tecnologia blockchain para certificar a propriedade de um ativo, seja ele uma imagem, vídeo, gif, terreno e etc. Os tokens não fungíveis contêm informações específicas que os diferenciam e os fazem funcionar de maneira das criptomoedas. Enquanto qualquer criptomoeda possui o mesmo valor que outra criptomoeda, o mesmo não acontece com os NFTs. Por exemplo, um BTC possui o mesmo valor de outro BTC. Já os NFTs, são identificáveis por meio de um hash de transação único. Ou seja, não existem dois NFTs iguais.

Além disso, os NFTs são hospedados em um protocolo blockchain. A maioria dos criadores de NFTs utiliza a blockchain Ethereum para cunhar os seus tokens não fungíveis. Isso acontece porque o Ethereum suporta tokens ERC-721, que são ideais para NFTs, já que cada token ERC-721 é único.

No entanto, apesar de grande parte dos NFTs utilizar a blockchain Ethereum, existem outras blockchains que oferecem suporte a NFTs.

O impacto ambiental dos NFTs

Desde que os NFTs começaram a ser adotados por parte da população e chamaram a atenção de grandes artistas, como Snoop Dogg e BTS, os críticos começaram a apontar as desvantagens e o impacto ambiental causado por esse tipo de ativo digital.

Qual é o impacto ambiental causado pelos NFTs? Os NFTs em si não causam nenhum impacto ambiental, no entanto, a forma como os NFTs são criados e comercializados é pouco ecológica.

O principal problema dos NFTs é a quantidade absurda de energia necessária para cunhar e comercializar os ativos.

Grande parte dos NFTs utiliza a blockchain Ethereum, que usa o consenso proof of work para confirmar um novo bloco. Ou seja, os mineradores, que são redes de computador, precisam resolver um problema matemático complexo para extrair um novo bloco. O primeiro computador que resolver a equação matemática recebe o direito de confirmar o bloco e cobrar taxas de rede a cada transação realizada no bloco, além de uma recompensa de criptomoedas.

Cada vez que o preço do Ethereum e as taxas de rede aumentam, as recompensas por resolver o bloco se tornam mais lucrativas. Portanto, os mineradores utilizam mais poder computacional para serem os primeiros a resolver a equação matemática. Isso resulta em uma quantidade cada vez maior de energia elétrica gasta, seja ela pra manter os computadores funcionando ou para resfriar as fábricas de mineração.

O gasto absurdo de energia elétrica pode até não parecer um grande impacto ambiental para você, afinal, no Brasil, cerca de 84% da energia elétrica vem de fontes renováveis. No entanto, se essa energia vier de fontes não renováveis, que emitem gases de efeito estufa, isso afetará negativamente o meio ambiente.

NFTs vs energia

Ainda é difícil determinar qual são os reais impactos causados pelos NFTs e qual porcentagem os NFTs representam nas transações da blockchain Ethereum. Porém é importante entender como esse gasto energético está relacionado com os NFTs:

  • Listagem do NFT – geralmente, antes de ser cunhado, um NFT é listado em algum marketplace NFT. Apesar da listagem do NFT não demandar um gasto energético grande, o marketplace onde ele foi listado vai determinar quanta energia será utilizada no processo de cunhagem. Isso porque cada marketplace NFT utiliza uma rede blockchain diferente.
  • Compra do NFT – os grandes marketplaces permitem que os NFTs só sejam cunhados no momento da compra, como forma de incentivo aos artistas que não podem arcar com o custo da taxa de rede. Se o NFT for comprado em um marketplace que utiliza a blockchain Ethereum, ele será cunhado na rede Ethereum, no processo que consome muito poder computacional e, portanto, muita energia elétrica.
  • Venda do NFT – uma vez que o NFT foi listado e cunhado, o comprador pode decidir mantê-lo na carteira de criptomoeda ou transferir e vendê-lo para outra pessoa. Armazenar o NFT na carteira não irá consumir energia, mas o processo de transferência pode usar a mesma quantidade de energia que usada para cunhar o ativo.

Quanta energia é necessária para cunhar um NFT?

Como explicado anteriormente, o principal motivo dos NFTs consumirem tanta energia é porque eles utilizam blockchains com consenso proof of work, como o Ethereum.

A mineração de criptomoedas, criação de NFTs e transações de ativos em blockchains PoW consomem anualmente várias vezes a quantidade de cidades inteiras e até países. É difícil medir quanto desse consumo é relativo à criação e comercialização de NFTs. Memo Akten, fundador do antigo site Cryptoart.WTF, alertou a comunidade de criptomoedas sobre o consumo abusivo de energia para a criação de NFTs, no entanto, ele retirou o site do ar depois que os seus dados foram usados para disseminar informações incorretas.

Mas quando olhamos para o consumo geral de energia da rede Ethereum, podemos entender um pouco a quantidade de energia usada. De acordo com o Digiconomist, o consumo anual do Ethereum é de cerca de 97 TWh (Terawatt-hora), isso é equivalente ao consumo de energia do Cazaquistão. Já se levarmos em conta a pegada de carbono (cálculo da emissão total de gases de efeito estufa), o consumo da rede Ethereum é de quase 55 Mt, o mesmo valor de Singapura.

uma única transação na rede Ethereum, gasta em média 229 kWh, a média do gasto energético de uma residência no Brasil é de 152 kWh por mês.

Além disso, a pegada de carbono deixada por uma única transação na rede Ethereum é equivalente a um vôo de São Paulo para Salvador.

Os NFTs não são os vilões?

Ainda não existem estudos acadêmicos revisados por pares que consigam validar quanto desse consumo energético se deve aos NFTs. Alguns entusiastas e defensores dos tokens não fungíveis alegam que os NFTs não são os verdadeiros culpados. Segundo eles, se um avião voa com capacidade máxima ou só com 2 passageiros, o seu consumo de energia não muda. E o mesmo acontece no universo das criptomoedas, a criação de alguns NFTs não vai alterar o consumo da rede.

De acordo com o ARTnews, de 1,2 milhão de transações que acontecem na rede Ethereum em um dia, somente 30 mil são transações de NFTs. Portanto, os NFTs ainda são uma parte muito pequena de um ecossistema. E por isso, eles não são os vilões. Mas isso não quer dizer que a indústria de criptomoedas não cause impactos ambientais. Principalmente porque estamos focando só na segunda maior criptomoeda do mercado. O Bitcoin, assim como o Ethereum também utiliza o consenso de proof of work. Além disso, o consumo energético anual do Bitcoin chega a ser 2 vezes maior do que o do Ethereum.

Todos os NFTs causam impacto ambiental?

nft; impacto ambiental

Muitas blockchains são executadas no consenso proof of work, como o Bitcoin e Ethereum. Mas esse consenso não é a única forma de as blockchains funcionarem. Algumas blockchains utilizam o consenso proof of stake, esse consenso não utiliza mineradores para validar as transações de blocos. O PoS, ao contrário do PoW, não precisa que todos os computadores da rede validem cada transação. Na verdade, os usuários são incentivados a fazerem staking de suas criptomoedas para se tornarem validadores. No PoS, os usuários depositam criptomoedas como garantia de que não irão validar transações fraudulentas. Então a rede seleciona um validador, que é recompensado se validar corretamente ou penalizado se validar uma transação fraudulenta.

Esse processo de verificação é considerado mais eficiente em termos de gasto energético e impacto ambiental, já que restringe a função de validador para aqueles usuários que realmente estão interessados nesta função. Além de eliminar a corrida computacional para tentar encontrar uma solução para um problema matemático, como é o caso do modelo proof of work.

O proof of stake é um entre outros consensos considerados mais ecológicos. Outras blockchains utilizam consensos e formas de validar suas transações de forma diferente. E os NFTs podem ser cunhados em algumas dessas blockchains.

Algumas das blockchains para cunhar NFTs são:

A blockchain Solana é a principal concorrente do Ethereum, porém, a quantidade de NFTs criados e transacionados na rede Solana ainda estão a anos luz da quantidade de NFTs da rede Ethereum. Apesar disso, a Solana é uma alternativa rápida, com mais de 1.000 transações por segundo, que oferece uma infraestrutura robusta para cunhar NFTs de maneira mais econômica e ecológica.

No entanto, apesar de oferecer várias vantagens como altas velocidades, taxas baixas e menor impacto ambiental, a rede Solana ainda é considerada nova e arriscada por alguns entusiastas de NFTs.

Migrar para o consenso proof of stake

Já que a blockchain proof of stake é muito mais ecológica do que a proof of work, porque todas as blockchains não utilizam o consenso PoS? O problema é que é muito difícil para as blockchains fazerem a troca para outro consenso enquanto permanecem funcionais. Seria como trocar o motor do seu carro enquanto ele está em movimento.

Além disso, alguns mecanismos proof os stake ainda escolhem como validadores aqueles usuários que depositam mais criptomoedas. E isso pode acabar gerando uma centralização, o que vai contra o objetivo das blockchains. Além disso, alguns especialistas dizem que o consenso proof of stake não é tão seguro quanto o proof of work.

Por outro lado, o Ethereum, com o objetivo de melhorar alguns aspectos, principalmente os relacionados a impactos ambientais, está fazendo a mudança para o consenso proof of stake. Essa mudança deve reduzir em até 99% o impacto ambiental causado pelo Ethereum.

Os NFTs podem ser mais ecológicos

impacto ambiental

Apesar da cunhagem e da transferência dos NFTs utilizar muita energia, existe a possibilidade de diminuir o impacto ambiental dos tokens não fungíveis. Já mencionamos plataformas blockchains que utilizam o consenso proof of stake, que não demanda um alto poder computacional e, portanto, utiliza menos eletricidade.

A diferença entre os métodos operacionais proof of work e proof of stake é que no PoW, os mineradores são motivados a consumir mais eletricidade na tentativa de minerar um bloco com sucesso. Já no proof of stake, os validadores são obrigados a fazer staking, ou seja, eles concordam em bloquear seus tokens, não comercializar ou vender, em troca de recompensas.

O ideal é que todas as criptomoedas migrassem para o método proof of stake, mas como já mencionamos, a migração é um processo difícil. Além disso, nem todos os projetos têm interesse em abandonar o consenso proof of work.

Outra solução relativamente simples para tentar diminuir o consumo de energia na transação de NFTs é utilizar uma solução de segunda camada. A segunda camada permite que qualquer pessoa faça transações fora da blockchain e as processe em um lote de uma só vez em uma grande transação na própria blockchain. Existem diversas soluções de camada 2 para todas as blockchains, a solução mais conhecida e utilizada hoje é a Lightning Network do Bitcoin.

Além de cunhar NFTs em blockchains proof of stake, existem outras formas de diminuir o impacto ambiental causado pela comercialização de tokens não fungíveis:

  • Usar energia renovável – os mineradores podem começar a usar energia de fontes renováveis em suas fazendas de mineração. Isso não vai diminuir o consumo de energia necessário para cunhar e transferir NFTs, mas o impacto ambiental causado pelo uso de energias livres de emissões de carbono é muito menor. As energias solar, eólica e hidrelétrica são as escolhas mais populares.
  • Investir em energia renovável – o mercado de NFTs já movimentou bilhões de dólares. Alguns dos tokens não fungíveis mais famosos foram vendidos por mais de milhões de dólares. Em um mercado que está acostumado a ver cifras tão grandes, é possível dedicar uma parte dos recursos para investir em energia renovável. Esses investimentos poderiam levar a uma adoção em grande escala de energia renovável no mercado das criptomoedas.
  • Investir em tecnologias experimentais – assim como o investimento em energias renováveis, parte das receitas geradas no mercado de NFTs podem ser investidas em tecnologias experimentais que tentam mitigar ou reverter os impactos ambientais. Existem diversos projetos promissores, como a captura e armazenamento de carbono, que tem o objetivo de coletar e bombear as emissões de dióxido de carbono para o solo, diminuindo os efeitos das mudanças climáticas.
  • Comprar créditos de carbono – além disso, os investidores de NFTs podem comprar créditos de compensação de carbono para compensar o impacto ambiental gerado pelo NFT que eles compraram ou criaram. Embora o crédito de carbono não reduza a emissão de carbono, ele é uma maneira simples que a população média pode utilizar para incentivar ações que tentam reduzir as mudanças climáticas.

Onde comprar NFTs mais ecológicos

Os maiores marketplaces de NFT geralmente utilizam blockchains proof of work, como o Ethereum. Mas se você deseja comprar um NFT utilizando uma blockchain proof of stake que não utiliza enormes quantidades de energia elétrica, é possível. As principais blockchains proof of stake e os marketplaces que utilizam suas redes são:

  • Solana – vários marketplaces NFT utilizam a Solana para cunhar e transferir seus tokens não fungíveis, são eles o Magic Eden, Solanart e Rabbit Hole.
  • Algorand – assim como a Solana, vários mercados NFTs utilizam a blockchain Algorand para cunhar e comercializar seus NFTs. Alguns deles são: ALGOxNFT, Rad Gallery e ZestBloom.
  • Cardano – um dos projetos queridinhos entre os entusiastas de criptomoedas também é uma alternativa ecológica para criar e comercializar NFTs. É possível comprar NFTs na blockchain Cardano nos marketplaces CNFT e Galaxy of Art.
  • Tezos – a blockchain Tezos já é muito utilizada por muitos artistas NFTs e investidores. Além disso, a blockchain é utilizada para cunhar e comercializar NFTs no famoso marketplace Rarible.
  • Polygon – o Polygon é uma solução de camada 2 para Ethereum que já está sendo adotada por grandes marketplaces de NFT. No OpenSea o usuário pode cunhar e transferir NFTs utilizando a rede Polygon.
Você sabia?

O Ethereum está na fase final para a implementação do Ethereum 2.0, que vai alterar o método operacional de proof of work para proof of stake. O The Merge (Ethereum 2.0) deve ser lançado no mais tardar no final de outubro.

Quando a fusão for concluída, o consumo de energia para realizar uma transação na rede Ethereum vai diminuir drasticamente. Estima-se que com o consenso proof of stake, uma única transação do Ethereum vai gastar o equivalente a 20 minutos de televisão.

O futuro dos NFTs e o impacto ambiental

O mercado de artes digitais já entendeu a preocupação em torno do impacto ambiental gerado pelos NFTs e hoje já existe um amplo esforço de artistas para tornar os NFTs mais ecológicos. Além disso, todo o setor de criptomoedas já está sofrendo pressão para reduzir suas emissões de carbono.

Com o mercado exigindo uma maneira mais ecologicamente correta para comprar, vender e colecionar NFTs, a indústria já começou a entender o recado. Já existem soluções para diminuir o impacto ambiental dos NFTs e muitos marketplaces já estão adotando essas soluções. Além disso, já é possível ver projetos NFTs que estão migrando de plataformas e mudando para blockchains que utilizam o consenso proof of stake para diminuir seus gatos energéticos.

No entanto, nenhuma outra blockchain que suporta contratos inteligentes necessários para NFTs possui a confiabilidade e a reputação do Ethereum. Portanto, grandes coleções de NFTs ainda vão continuar utilizando a blockchain Ethereum para desenvolver seus projetos. A notícia boa é que o Ethereum já está na sua fase final para migrar para o consenso proof of stake, o que vai permitir que todos os NFTs cunhados e transacionados na sua rede gastem muito menos energia e impactem menos o ambiente.

Perguntas frequentes

Os tokens não fungíveis (NFTs) são ruins para o meio ambiente?

Quanta energia os NFTs usam?

Existem NFTs ecológicos?

Se você quiser saber mais sobre o impacto ambiental causado pelos NFTs, confira os nossos artigos educacionais.

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Airí Chaves
Com formação em marketing pela Universidade Estácio de Sá e um mestrado em liderança estratégica pela Unini, escreve para diversos meios do mercado de criptomoedas desde 2017. Como parte da equipe do BeInCrypto, contribuiu com quase 500 artigos, oferecendo análises profundas sobre criptomoedas, exchanges e ferramentas do setor. Sua missão é educar e informar, simplificando temas complexos para que sejam acessíveis a todos. Com um histórico de escrita para renomadas exchanges brasileiras...
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