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Adoção e uso do Bitcoin na África Subsaariana são os mais altos do mundo. Dado é da Chainalysis

4 mins
Atualizado por Thiago Barboza

EM RESUMO

  • A adoção e o uso do Bitcoin na África Subsaariana são os mais altos do mundo aponta relatório da Chainalysis.
  • A Nigéria é a principal cripto economia da África.
  • O Bitcoin é usado como alternativa à inflação.
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A África Subsaariana continua no topo da lista quando o assunto é adoção de criptomoedas, principalmente o Bitcoin. O dado foi revelado no relatório “Geografia das criptomoedas” de 2023, da Chainalysis.

“Semelhante aos anos anteriores, a África Subsaariana tem a menor cripto economia de todas as regiões, respondendo por 2,3% do volume global de transações entre julho de 2022 e junho de 2023. Durante esse período, a região recebeu cerca de US$ 117,1 bilhões em valor na cadeia, aponta a plataforma.

Apesar de ser a menor economia cripto do mundo, o levantamento mostra que com uma taxa de crescimento de 9%, a Nigéria foi um dos seis únicos países do planeta cujo volume de transações cresceu ano a ano.

Adoção e uso do Bitcoin na África Subsaariana são os mais altos do mundo. Dado é da Chainalysis

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Uso das exchanges locais supera uso das corretoras globais.

Conforme a Chainalysis na África Subsaariana as exchanges centralizadas são as mais utilizadas, facilitando mais da metade de todo o volume de transações. 

“O mercado de criptomoedas da África Subsaariana parece ser muito mais utilizado no varejo do que a maioria, com uma parcela maior do volume de transações proveniente de transações abaixo de US$ 1 milhão em valor, em comparação com a maioria das outras regiões.”

Adoção e uso do Bitcoin na África Subsaariana são os mais altos do mundo. Dado é da Chainalysis

Crise local impulsiona adoção

Apesar de ser um dos menores mercados de criptomoedas do planeta, a análise mostra que a adoção aconteceu de forma mais rápida e em massa devido às condições da economia local.

Desde 2016, a Nigéria sofreu duas grandes recessões com a situação política instável, foi duramente atingida pela pandemia da COVID-19 e pelo colapso dos preços do petróleo. 

A consequência, foi mais de 20 milhões de desempregados em 2021, buscando alternativas a uma e-Naira desvalorizada. Daí o aumento da adoção do Bitcoin.

A análise mais detalhada revela que a criptomoeda entrou nos principais mercados e se tornou uma parte importante da vida cotidiana de muitos residentes. 

“Nenhum país exemplifica isso melhor do que a Nigéria, que ocupa o segundo lugar geral em nosso Índice Global de Adoção de Criptomoedas e lidera a região em volume bruto de transações.”

Outros países da região com uma classificação elevada no índice incluem o Quenia (21), Gana (29) e África do Sul (31).

População migra para Bitcoin e stablecoins para se proteger contra inflação e dívidas 

Em nenhuma região do mundo o Bitcoin é mais dominante do que na África Subsaariana. Já que a primeira criptomoeda do mundo representa uma parcela maior do volume de transações lá do que em qualquer outra região. 

Por que a adoção desproporcional do Bitcoin? 

Segundo a Chainalysis, pode ser que os residentes da África Subsariana estejam recorrendo ao chamado ouro digital como reserva alternativa de valor. Além da luta contra o aumento da inflação e da dívida.

A criptomoeda acaba virando uma alternativa atraente para armazenar valor, preservar poupanças e alcançar maior liberdade financeira. 

Em Gana, por exemplo, a inflação atingiu 29,8% em Junho de 2022, após 13 meses consecutivos de aumentos — o que marca o nível mais elevado em duas décadas . 

Com poucas oportunidades financeiras, muitos ganenses recorreram ao Bitcoin . 

NigériaQuênia e África do Sul enfrentaram problemas semelhantes nos últimos anos e todos mostram uma grande adoção popular da criptomoeda – o que provavelmente não é coincidência.

População africana também está de olho nas stablecoins

As stablecoins também tem atraído olhares dos usuários. Muitos optam pela classe de ativo por ter menor volatilidade de preço do que o Bitcoin, hoje com preço bem aquém das máximas históricas.

Moyo Sodipo, cofundador e CPO da bolsa de criptomoedas Busha , com sede na Nigéria, disse a equipe da Chainalysis que quando a “Busha ganhou popularidade por volta de 2019 e 2020, houve um grande frenesi para o Bitcoin. Muitas pessoas inicialmente não estavam interessadas em stablecoins. Agora que o Bitcoin perdeu muito do seu valor, existe um desejo de diversificação entre Bitcoin e stablecoins.”

As pessoas estão constantemente à procura de oportunidades para se protegerem contra a desvalorização do Naira e o persistente declínio econômico desde a COVID”, diz Sodipo. 

Nigéria é a principal criptoeconomia da África

A Nigéria possui a maior população e economia da África Subsaariana e, também a maior economia de criptomoedas. Apesar do longo inverno cripto, o país é um dos únicos seis países entre os 50 maiores em tamanho do mundo, cujo volume de transações cripto cresceu ano após ano no período entre julho de 2022 e junho de 2023.

A taxa de crescimento de 9,0% da nação a coloca em terceiro lugar entre esses seis.

Adoção e uso do Bitcoin na África Subsaariana são os mais altos do mundo. Dado é da Chainalysis

Avanços regulatórios abrem portas para adoção cripto

A África do Sul tem se destacado na região tanto na regulamentação de criptomoedas quanto no desenvolvimento de estruturas de apoio ao comércio.

No final de 2022, a Autoridade de Conduta do Setor Financeiro (FSCA) introduziu um sistema de licenciamento para empresas que atuam com criptomoedas e oficializou que os ativos cripto são considerados produtos financeiros.

A medida proporcionou maior clareza legal a esses ativos, ao mesmo tempo, em que fortaleceu a capacidade das autoridades em combater com eficácia atividades ilícitas nesse setor.

Sobre o futuro da África Subsaariana, a Chainalysis diz parecer brilhante com a Nigéria na liderança global e maior clareza regulatória:

“A principal lição, porém, é a mesma que obtivemos ao estudar os mercados emergentes ao longo dos anos: embora os residentes das nações mais ricas possam ter comprado e vendido mais criptomoedas do que os dos mercados emergentes, estes últimos têm uma necessidade diária maior de criptomoedas, muito alinhado com a visão original do Bitcoin e do setor em geral”, concluí o relatório.

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Aline Fernandes
Aline Fernandes atua há 20 anos como jornalista. Especializada nas editorias de economia, agronegócio e internacional trabalha na BeINCrypto como editora do site brasileiro. Já passou por diversas redações e emissoras do país, incluindo canais setorizados como Globo News, Bloomberg News, Canal Rural, Canal do Boi, SBT, Record e Rádio Estadão/ESPM. Atuou também como correspondente internacional em Nova York e foi setorista de economia dentro do pregão da BM&F Bovespa, hoje B3...
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