A adoção de cripto na América Latina registrou uma expansão expressiva e colocou a região entre as que mais crescem no mundo. De acordo com relatório da Chainalysis, o uso dessas tecnologias avançou 63%, com movimentação de US$ 1,5 trilhão entre julho de 2022 e junho de 2025.
O desempenho reflete tanto o avanço regulatório quanto a busca de empresas e consumidores por alternativas para proteger fluxos financeiros diante de inflação elevada, volatilidade cambial e incertezas macroeconômicas.
SponsoredStablecoins dominam o volume negociado no Brasil
No Brasil, esse movimento é liderado pelas stablecoins. As moedas digitais, projetadas para manter paridade com ativos estáveis, já respondem por 90% do volume total negociado no país. Apenas em julho de 2025, o montante movimentado alcançou R$ 9,3 bilhões, com média diária de R$ 300 milhões, segundo dados da Biscoint. O volume indica que esses ativos passaram a ocupar papel central nas operações financeiras digitais, indo além do uso especulativo.
Apesar da tendência comum, as motivações variam entre os países da região. Na Argentina, onde a inflação compromete o poder de compra da população, as stablecoins ganharam espaço principalmente em transações de varejo, com valores de até US$ 10 mil. Já no México, a combinação entre baixa bancarização e custos elevados de remessas tradicionais impulsiona a adoção como alternativa mais eficiente para transferências internacionais.
América Latina supera média global na adoção desses ativos
O avanço latino-americano supera a média global. Dados da Chainalysis mostram que a participação das stablecoins no volume total de transações chega a 61,8% na Argentina e a 59,8% no Brasil, enquanto a média mundial é de 44,7%. Com isso, Brasil, México e Argentina se consolidam entre os maiores mercados cripto do planeta.
“As stablecoins deixaram de ser apenas um componente do ecossistema cripto e passaram a funcionar como uma camada financeira de uso cotidiano. No Brasil, elas sustentam operações que exigem liquidez e previsibilidade, desde remessas internacionais até a gestão de caixa corporativo”, disse Sofia Düesberg, general manager da Conduit no Brasil.
Segundo a executiva, em economias emergentes esses ativos também cumprem papel relevante na inclusão financeira e na eficiência de pagamentos cross-border, atendendo demandas que os sistemas tradicionais ainda não conseguem suprir.
Esse crescimento ocorre em paralelo às discussões sobre moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). Enquanto governos avançam na estruturação de seus projetos, as stablecoins já operam em escala global, com liquidação quase imediata e integração a plataformas corporativas. Atualmente, empresas utilizam esses ativos para contornar limitações do sistema financeiro convencional, como prazos longos de compensação, custos elevados em transferências internacionais, gestão multimoedas e automação de fluxos.
“Observamos um cenário de complementaridade: as stablecoins atendem demandas imediatas das empresas, enquanto as CBDCs tendem a fortalecer a infraestrutura financeira local. Essa combinação deve acelerar a integração dos mercados internacionais, especialmente nas economias emergentes”, concluiu Düesberg.