A Aave pausou os empréstimos de 17 tokens de Ethereum. Segundo a empresa, o congelamento temporário ocorre para evitar novos ataques de manipulação de mercado.
Os empréstimos foram interrompidos na Aave v2 após a aprovação de uma proposta de governança. A Llama e o Chaos Labs solicitaram a pausa de ativos “voláteis” devido aos baixos perfis de liquidez no Aave.
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Os mercados de empréstimos pausados são yearn.finance, Curve DAO, 0x, Decentraland, 1inch, Basic Attention Token, Ampleforth, DeFi Pulse Index, renFIL e Maker, Enjin, xSUSHI e cinco stablecoins: sUSD, GUSD, RAI, USDP e LUSD.
Os usuários não poderão depositar ou fazer empréstimos com esses ativos na plataforma para fins de gerenciamento de risco.
“Em resposta aos recentes eventos de mercado e à contração contínua da liquidez nos mercados, esta proposta busca reduzir o perfil de risco em muitos ativos mais voláteis”, descreve a proposta.
A Aave é o maior protocolo de empréstimos DeFi da rede Ethereum com mais de US$3,65 bilhões em ativos bloqueados e diversas blockchains.
Protegendo a Aave de insolvência
A proposta foi apresentada uma semana antes, após uma tentativa de manipulação no preço do token CRV utilizado como garantia para empréstimos na Aave. Um explorador tentou um ataque construindo uma posição de venda a descoberto dentro dos parâmetros da Aave.
Rapidamente, uma série de propostas foram apresentadas pelos colaboradores do projeto para evitar uma nova tentativa de manipulação.
O desenvolvedor de engenharia de protocolo Llama e a plataforma de modelagem financeira Gauntlet, relataram:
“Na última semana, o usuário 0x57e04786e231af3343562c062e0d058f25dace9e abriu uma posição vendida no CRV usando USDC como garantia. No ápice, o usuário estava vendendo cerca de 92 milhões de unidades de CRV (aproximadamente US$ 60 milhões aos preços de hoje). A tentativa de vender CRV na Aave não teve sucesso e o usuário perdeu cerca de US$ 10 milhões nas liquidações”.
A Llama explicou que o usuário foi totalmente liquidado, mas a Aave adquiriu uma posição de inadimplência de US$ 1,6 milhão. “Esse excesso de dívida é isolado apenas para o mercado de CRV. Embora este seja um valor pequeno em relação à dívida total da Aave, e bem dentro dos limites do Módulo de Segurança da Aave, é uma boa prática recapitalizar o sistema para completar o mercado de CRV”, destacou a empresa”.
No projeto, Llama e Gauntlet propõem a utilização do fundo de insolvência do Gauntlet e do Tesouro Aave para saldar dívidas inadimplentes. Posteriormente a Gauntlet apresentou uma proposta complementar pedindo o congelamento temporário de tokens, incluindo a CRV, na Aave v2.
Jogo entre baleias
O ataque foi elaborado por Avraham Eisenberg, o mesmo que ficou com mais de US$ 100 milhões no ataque ao protocolo Mango Markets da rede Solana. No início de novembro Eisenberg publicou um tuíte questionando:
“Me perguntando se alguma outra equipe fez um token e depois pegou milhões emprestado usando ele como garantia?”
Ele sabia que o fundador da Curve, Michael Egorov, tinha fornecido US$ 48 milhões em CRV como garantia na Aave a um preço de liquidação de US$ 0.259 na época, conforme dados do DeFi Llama.
Eisenberg então começou a fornecer USDC como garantia e retirar CRV como empréstimo e enviar em blocos para a exchange OKEx. O passo seguinte era fazer um swap de CRV por USDC e repetir o processo anterior até atingir a alavancagem desejada. Desta forma ele devia CRV ficando com USDC na troca.
Deste ponto em diante a arquitetura do plano era simples, se o preço da CRV caísse, a dívida diminuiria, gerando lucro. Se o preço da CRV subisse, a dívida aumentaria correndo o risco de liquidação. Basicamente ele construiu uma posição vendida gigante em CRV.
A estratégia ia bem com o token derretendo 25% em apenas 6 horas. Porém a maré virou e em poucas horas a CRV subiu mais de 80%.
Os contratos inteligentes da Aave dispararam o sistema de liquidações recomprando os tokens. Ao liquidar a posição vendida, a Aave adquiriu uma inadimplência devido ao slippage muito alto (mais de 90%).
Não é possível saber o prejuízo total devido às atividades que ocorreram em exchanges centralizadas. Durante todo o processo Eisenberg tuitou ativamente aumentando o mistério em torno do evento. Todo o ataque foi efetuado dentro dos parâmetros do protocolo, sem fraudes, hacks, backdoors ou brechas fiscais.
Quais as motivações do ataque a Curve?
Surgiram duas teses após o ataque para justificar a escolha da CRV. A primeira girava em torno das ambições de Eisenberg em liquidar o empréstimo do fundador da Curve. Ele chegou muito perto, mas Egorov acrescentou outra garantia para evitar a destruição.
A segunda tese é de que ele estava testando os limites da Aave. Apesar do risco de ser liquidado ao assumir uma posição tão grande, ainda assim a plataforma ficaria com dívidas incobráveis.
Outros rumores dizem que ele estava jogando um grande jogo psicológico, e ao mesmo tempo mantinha uma posição comprada em uma exchange centralizada lucrando com a alta. Mas Egorov não foi liquidado e a Aave não entrou em colapso.
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