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A adoção institucional pode apresentar um risco para a rede de criptomoedas?

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Atualizado por Caio Nascimento
Certamente você observou como o mercado de criptomoedas cresceu nos últimos meses. Sem dúvida, esse aumento de 400% está relacionado aos investimentos institucionais. Diversas empresas entraram nesse meio e compraram bilhões de dólares do criptoativo. As grandes empresas criaram uma demanda de 2600 BTCs por dia, enquanto apenas 900 bitcoins são criados no período. Mesmo após a alta do Bitcoin a US$28.000, os investidores institucionais não abandonaram as compras nas exchanges. O último ano fechou com nove fundos detendo US$23 bilhões em Bitcoin. Abrindo essa entrada temos a Grayscale, maior gestora de fundos do criptoativo, que encerrou 2020 com cerca de 3% de todo o fornecimento total do Bitcoin. Houve até um momento em que a Grayscale comprou mais BTC que o que estava sendo extraído pelos mineradores. Além disso, vimos a MicroStrategy entrando no ativo digital em agosto do último ano e realizando compras milionárias desde então. Galaxy Digital não deixou de participar do mercado e comprou cerca de 16.700 BTC. Square também realizou compras significativas. A emrpesa fez um investimento de US$50 milhões no ativo digital. Certamente não podemos deixar de comentar a entrada do PayPal. A empresa de pagamentos online anunciou no final de outubro de 2020 sua colaboração com a Paxos, que resultou na possibilidade de que seus usuários americanos pudessem comprar BTC. No final de 2020, vimos a entrada da Mass Mutual. A empresa fez um investimento de US$100 milhões em Bitcoin. De fato, esse foi um sinal de mudança dos investidores do espaço de criptoativos. Afinal, a Mass Mutual é uma empresa de seguros centenária que está apostando no BTC. Isso fez com que até o JPMorgan falasse do assunto e apostasse em uma entrada de US$600 bilhões do mercado institucional para o Bitcoin. Com todas essas empresas entrando no Bitcoin, surge a dúvida:

Qual o motivo para todo esse interesse institucional?

Sem dúvida, 2020 foi um ano totalmente atípico. O mundo vivenciou um momento de pandemia que não estávamos preparados. Logo após as quedas em todos os mercados e as pessoas terem parado de buscar liquidez, o dinheiro passou a ir para locais de proteção. Isso fez com que o preço do ouro subisse. Todavia, o metal precioso não conseguiu provar ser o foco de crescimento. O Bitcoin foi muito mais procurado. Podemos colocar na conta do ativo digital sua maior divisibilidade, portabilidade e a utilidade versátil. O BTC cresceu e com ele o pensamento de uma reserva de valor atual e apolítica também. Ademais, há faltas de alternativas que compõem essa narrativa no mercado tradicional. Sendo assim, as empresas perceberam necessidade de ter o ativo sob sua gestão, pois a demanda era e continua alta. Somente a Grayscale viu, no primeiro trimestre do ano passado, entradas de US$500 milhões, o dobro do valor observado na alta de 2019. Ou seja, a estratégia desses empresas indicam que o criptoativo é um investimento para longo prazo, diferentemente dos investidores de varejo, algo presente na alta de 2017, que costumam ser apenas especuladores. Muito além da diversificação da carteira, o investimento institucional tem outro motivo forte para acontecer. O que motiva essas empresas a entrarem nesse meio é que muitos investidores desejam obter Bitcoin e participar de seu mercado em alta, mas ainda possuem restrições de investirem diretamente nos criptoativos. A falta de clareza regulatória e as complexidades tecnológicas envolvendo os ativos digitais ainda causa um bloqueio em investidores tradicionais. Conforme observado pela Grayscale, as empresas podem fornecer uma forma de essa classe de investidores ficarem expostos ao Bitcoin sem ter a preocupação de custodiá-lo de maneira segura. Ainda observando a Grayscale, em maio de 2020, os seus clientes estavam pagando cerca de 20% a mais sobre o preço do BTC só para não ter que gerenciar seu ativo. Esse movimento parece longe de chegar ao fim. Certamente as empresas continuarão comprando mais Bitcoin. Sendo assim, é natural que a dúvida sobre a escassez do criptoativo seja constante. Afinal, o Bitcoin passou por um halving em 2020. Agora, apenas 6,25 BTCs são minerados por bloco.

Será que a entrada de grandes empresas é motivo para preocupação?

Pessoas comuns podem ter constantemente essa dúvida, o que é natural. Contudo, mesmo que a escassez seja uma possibilidade, não há razão para preocupações. Mesmo que a concentração esteja na mão de grandes empresas, a limitação da emissão do Bitcoin faz com que elas precisem vender o criptoativo. Certamente o que podemos esperar com a acumulação dos institucionais é uma rede mais segura que apresenta uma grande reserva de oferta de valor. Além disso, essas empresas não podem alterar o funcionamento da rede do criptoativo, mesmo que queiram. O poder de decisão não está em suas mãos. Sendo assim, observamos que o criptoativo não deixa nem por um instante de ser uma verdadeira reserva de valor. O mercado de cripto é interessante porque consegue apresentar oportunidades para todos. Há um grande sentimento positivo e um enorme potencial de algo que começou lá em 2017 com a entrada da CME Group lançando o primeiro futuro de Bitcoin. Atualmente, a bolsa é o principal nome de derivativos de BTC. O mercado não irá parar e o interesse institucional contribuirá para que mais empresas e governos venham desfrutar do meio blockchain. Esse é o momento de preparação para a verdadeira entrada institucional. O ano de 2020, foi apenas uma amostra do que o futuro nos reserva. Certamente podemos esperar uma entrada maior de empresas no mercado de Bitcoin e até mesmo de altcoins de grande capitalização, como é o caso do Ethereum. Imagina como não será o potencial do criptoativo daqui a uns anos. S&P Dow Jones já mencionou seu desejo de lançar um índice de Bitcoin em 2021. De fato, isso atrairá muito mais investidores institucionais que estão presente na bolsa de valores americana. Além disso, ainda não estamos contando com as empresas asiáticas nessa lista. Só para exemplificar, a região é um dos maiores pólos de crescimento do Bitcoin. Ou seja, o salto do BTC pode ser muito maior que o que estamos observando. Sem dúvida, as empresas sul coreanas não perderão novamente a oportunidade de acompanhar a alta do mercado. Além disso, temos uma clareza regulatória crescendo na Índia. Isso pode facilitar a aventura do investimento institucional nesse mercado. Aviso: As opiniões impressas neste artigo são de responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente, as mesmas do BeInCrypto ou de seus editores.
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André Horta
André Horta é CEO da Bitcointoyou. Trabalha há mais de dez anos com Tecnologia da Informação. Graduado em Informações do Sistema pela PUC-SP. Foi também professor da Universidade Presidente Antonio Carlos e CEFET. Escreve como colunista no portal BeInCrypto.
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