Uma recente pesquisa sobre inovação na América Latina revelou que parte significativa da população ainda tem dúvidas sobre a legalidade de criptomoedas como o bitcoin.
A pesquisa foi encomendada pela organização Somos Innovación e produzida pela empresa Kampo Brasil, uma das principais consultorias de pesquisa independente da América Latina.
O estudo foi desenvolvido para entender a opinião dos latino-americanos sobre tecnologias inovadoras. Foram 5.000 pessoas entrevistadas no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México.
Desconhecimento sobre criptomoedas
O questionário testou o conhecimento dos entrevistados sobre a legalidade de serviços e produtos inovadores. Em uma pergunta específica, a pesquisa indaga se criptomoedas como Bitcoin e Ethereum são legais.
O resultado revelou que 48% dos brasileiros acham que criptomoedas são ilegais ou têm dúvidas sobre sua legalidade.
Quando olhamos as estatísticas médias da América Latina, o número sobe para mais da metade (55%).
O desconhecimento, no entanto, é maior do que a resposta equivocada de que criptomoedas são ilegais. Aqui no país, 33% não souberam responder a pergunta, enquanto 15% afirmaram que BTC e ETH são ilegais.
Apesar disso, o Brasil foi o único país da América Latina onde mais da metade das pessoas (52%) deram a resposta correta de que usar criptomoedas não infringe qualquer lei da legislação brasileira.
Pirâmides financeiras em 2020
O uso das criptomoedas como meio de pagamento de práticas ilícitas, ou na promoção de pirâmides financeiras, contribue para a visão negativa dos criptoativos, que muitas pessoas acabam associando de maneira equivocada à fraudes.
Um relatório divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), revelou que das 260 denúncias recebidas pela autarquia esse ano, 139 envolvem suspeitas de pirâmides financeiras.
O superintendente da CVM, Alexandre Pinheiro dos Santos, declarou que promover a educação financeira é essencial para frear os esquemas ilícitos. A fala aconteceu nesta terça-feira (8) no Congresso Internacional Planejar 2020, conforme noticiou o Valor Investe:
“Estamos com comunicações de indícios de crime e pirâmide em um grau nunca visto. É realmente necessário trabalharmos em cima desse tema, em especial quem atua no campo da orientação e educação financeira”.
Legalidade do Uber e Airbnb
De acordo com a pesquisa da Somos Innovación, não é apenas a legalidade das criptomoedas que suscitam dúvidas na população. Outros serviços inovadores, como por exemplo o Uber e o Airbnb, também não têm seu status legal esclarecido.
Dos entrevistados, 31% acreditam que o Uber é ilegal ou não tem certeza. 27% das pessoas pensam que alugar um quarto através de serviços como o AirBnB é ilegal, ou não souberam responder. No Chile, esse número aumenta para um terço dos entrevistados (34%).
Apesar disso, a pesquisa também revela que 84% são usuários de serviços e produtos derivados de ideias inovadoras.
No entanto, o número é menor entre os brasileiros (66%), e maior entre os colombianos, onde 90% afirmara fazer uso de produtos e serviços inovadores.
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