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OpenSea é seguro para vender NFTs? Este cliente diz que não

5 mins
Por Josh Adams
Traduzido Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Um trader de NFT está processando o OpenSea.
  • Ele acredita que o mercado não fez o suficiente para impedir a revenda de ativos roubados.
  • O mercado NFT bloqueou a conta do cliente por mais de dois meses, impedindo a negociação durante um período de significativa volatilidade do mercado.
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Após o roubo de vários NFTs, a OpenSea pediu a um cliente que cometesse perjúrio como pré-condição para desbloquear sua conta. Este movimento estabelece um precedente preocupante no maior mercado NFT do mundo.

Se você tiver o azar de ter um NFT roubado, esperaria que o maior mercado de NFT do mundo agisse com rapidez e diligência. Mas nem sempre esse é o caso. Por exemplo, no caso de Robbie Acres, a OpenSea congelou sua conta por mais de dois meses.

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A menos que ele declarasse que sua carteira não havia sido comprometida, ele não a recuperaria. Isto é o que sabemos:

No dia 12 de julho de 2022, às 13h28 GMT, dois NFTs foram transferidos sem permissão da carteira de Robbie Acres. Um deles da coleção HAPE PRIME e o outro, da Karafufu. Portanto, ele suspeita que foi vítima de um golpe de phishing.

Pouco depois, às 14h11, Robbie Acres, que é um ávido comerciante de NFTs com carreira na Web3, enviou um relatório à OpenSea – de acordo com sua política de itens roubados – pedindo que a devolução deles à sua carteira e o bloqueio da conta do golpista.

Robbie anotou a carteira em que eles estavam e notificou as comunidades relevantes.

Fonte: OpenSea

OpenSea acusada de não agir com rapidez ou atenção suficiente

No entanto, uma hora e vinte minutos depois de o golpista transferir os NFTs para sua carteira, ele os vendeu. Dentro desse prazo, Robbie e sua equipe jurídica acreditam que havia ampla evidência e tempo para impedir que as vendas.

Em um e-mail para a OpenSea, ele disse: “Eu notifiquei a OpenSea antes de o golpista listar os tokens, neste momento o mercado deveria ter os removido e devolvê-los à minha carteira. Mas este não foi o caso e a venda de ambos ocorreu”.

A OpenSea lançou, há pouco tempo, uma função para detectar roubos automaticamente e impedir a venda desses ativos Apesar disso, ele não conseguiu bloquear nenhum NFT. Mesmo com a transferência sem pagamento de dois NFTs com valor conjunto de milhares de dólares.

Mais de duas horas após seu relatório inicial, Robbie foi solicitado a reenviar o ticket, usando o endereço de e-mail associado à sua conta. Ele mudou o endereço de e-mail de seu perfil e voltou a entrar em contato menos de quatro minutos depois.

Nos dias 13 e 14, Robbie enviou mais dois e-mails pedindo uma resposta. Deixando claro que esperava o ressarcimento ou a devolução dos bens roubados. Além disso, ele deu à empresa até o final da semana para responder antes de entrar com uma resposta legal.

No final do dia 14, Robbie recebeu a primeira resposta da OpenSea. Nela, o mercado admitiu e pediu desculpas por uma “resposta atrasada”, mas disse que não conseguiria “recuperar fundos perdidos ou NFTs que foram transferidos de sua carteira. Eu sei que isso é decepcionante e não é a resposta que você esperava”.

Conta congelada durante uma recessão do mercado

Em resposta, a OpenSea fez três coisas: primeiramente, o mercado bloqueou a conta do golpista e os NFTs roubados. Mas, também, a conta de Robbie – sem sua permissão – que estava cheia de ativos caros e voláteis.

Portanto, se ele quisesse que sua conta fosse desbloqueada, ele teria que dizer: “Confirmo que minha carteira não está comprometida”. Entretanto, ela obviamente tinha sido.

Depois de vários meses e e-mails, o mercado solicitou, no dia 29 de setembro, que Robbie concordasse com esta declaração:

“Certifico, sob pena de perjúrio, que tomei conhecimento de informações adicionais e gostaria de retirar meu relatório de que minha carteira [insira o endereço da carteira] foi comprometida. Gostaria que a OpenSea reativasse a compra, venda e transferência do(s) item(ns) nesta carteira usando a OpenSea. Eu entendo que esta ação não é reversível”.

O que é tão preocupante sobre a declaração acima é que 1) ela manteve os bens de Robbie para resgate. 2) Robbie teria que abrir mão de todas as reivindicações dos NFTs roubados, eliminando, permanentemente, qualquer chance de recuperá-los. 3) um mercado facilitar a venda de tokens roubados é ilegal na lei dos EUA.

Ao exigir que Robbie assine esta declaração, eles estão tentando remover sua culpabilidade legal.

Essa ação da OpenSea significa que a vítima não conseguiu negociar durante uma desaceleração significativa do mercado. Por isso, Robbie reivindica US$ 500.000 em danos.

Por sua vez, um porta-voz da OpenSea disse:

 “O roubo é um dos maiores e mais desafiadores problemas do ecossistema para resolver porque acontece em muitas áreas de superfície digital diferentes e por meio de muitos canais de comunicação exclusivos (e legítimos). O roubo em questão ocorreu fora do OpenSea e os itens foram vendidos antes do OpenSea tomar conhecimento. Logo após sermos notificados e tomarmos conhecimento, desativamos os itens e a conta do usuário já foi desbloqueada”.

O caso está com o advogado Enrico Schaefer, fundador da Traverse Legal, cuja especialidade jurídica é NFTs, DAO e blockchain. Além disso, ele também hospeda seu próprio canal educacional no YouTube.

No The NFT Lawyer, Schaefer discute a interseção entre ativos digitais e a lei. De acordo com ele, a OpenSea violou as leis de proteção ao consumidor e seus TOS e políticas escritas.

“A OpenSea não agiu com diligência em uma reclamação de NFT roubado e ainda bloqueou a conta do meu cliente sem permissão”, diz ele.

“O mercado também é responsável pela conversão, danos triplos, além de honorários advocatícios por assumir o controle dos ativos do meu cliente e se recusar a liberá-los. Por fim, o suporte ao cliente da OpenSea foi negligente ao lidar com esse assunto e não conseguiu fornecer assistência razoável”.

Schaefer não é apenas um especialista neste campo, mas, também, um defensor da tecnologia. Em sua opinião, a OpenSea ainda precisa cumprir os padrões da web3 e não é melhor do que suas contrapartes da web2. Esta também não é a primeira vez que ele vê esse tipo de comportamento do gigante do mercado NFT.

“A comunidade web3 elogia a transparência, a descentralização e a responsabilidade. O OpenSea falhou nos três aspectos. Algumas empresas da web3 estão focadas em ser as primeiras, as maiores e impressionar os investidores, mas acabam não sendo melhores do que a plataforma de ‘software como serviço’ da web2 que todos passamos a desprezar”.

“Tenho inúmeros clientes que tiveram experiências semelhantes com o OpenSea. A OpenSea falhou em focar no suporte bem treinado e disponível para os clientes. Estamos tentando consertar o comportamento egoísta flagrante e sem remorso nesta próxima era da internet. Isso me faz pensar se os mesmos advogados que estragaram a web2 agora estão levando os provedores de serviços de blockchain para o mesmo precipício”.

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Júlia V. Kurtz
Editora-chefe do BeInCrypto Brasil. Jornalista de dados com formação pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia pela Globo e, agora, está se aventurando pelo mundo cripto. Tem passagens na Gazeta do Povo e no Portal UOL.
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