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Exclusivo Golpe do bilhete cripto: criminosos usam OpenSea para roubar artistas fora da web3

3 mins
Atualizado por Júlia V. Kurtz

EM RESUMO

  • Golpistas abordam artistas no Instagram para roubar dinheiro usando NFTs no OpenSea.
  • Eles fingem não conseguir comprar os tokens porque vítimas precisam pagar uma suposta taxa em ETH.
  • Vítimas são pessoas que não sabem usar NFTs e como operar no mercado.
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A popularidade dos tokens não fungíveis (NFTs) e o grande volume de negociações gerados pelo setor faz com que muitos tipos de golpes derivem dele. O mais novo deles procura usar o desconhecimento de artistas de fora da web3 para roubar dinheiro.

A estratégia é uma versão online do golpe do bilhete premiado e tenta usar o desconhecimento das vítimas acerca do funcionamento do mercado cripto para roubar dinheiro.

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Golpistas usam redes sociais para encontrara vítimas

A aborgagem, normalmente, ocorre através de redes sociais. Um artista natural de Carinhanha, no nordeste da Bahia, contou ao BeInCrypto que foi chamado pelo golpista através do Instagram. “Eu costumo postar artes na minha conta e ele me encontrou através das hashtags”, disse ele, que pediu para manter sua identidade oculta.

O golpista disse que se interessou por duas artes da vítima e queria comprá-las por 8 ETH cada (cerca de R$ 9.483,75 cada, na cotação atual). O artista, entretanto, nunca havia negociado NFTs e não sabia como fazer para proceder.

Por várias horas, o golpista ensinou a vítima o básico do mercado NFT, incluindo como baixar uma carteira de autocustódia. Ele também ensinou como criar uma conta no OpenSea e como mintar e listar um NFT.

A suspeita é que o OpenSea foi escolhido por não cobrar pela cunhagem e listagem de tokens. Isso é importante porque outros mercados poderiam exigir taxas durante estas etapas, o que afasta novatos.

Em busca de transferências

Uma vez que a coleção estava pronta e listada para venda, o golpista entrou em contato com a vítima, dizendo que havia um problema no site. De acordo com o artista, o criminoso afirmou que o OpenSea impediu a venda porque faltava o pagamento de uma taxa.

Em seguida, a vítima recebeu um suposto e-mail da OpenSea, com o nome de “OpenSea Financialcart”. Ele informava que a compra só poderia ser feita após a transferência de 0,1 ETH (cerca de R$ 947,97) para um endereço.

Foi nesse momento que a vítima percebeu que havia algo errado. Isto ocorreu porque a transferência deveria ser feita manualmente e não através do site do OpenSea, como normalmente ocorre.

Logo depois, ele interrompeu a comunicação com o criminoso. A suspeita é que, se a transferência ocorresse, este desapareceria com o dinheiro em seguida.

Carteiras não tem relação com OpenSea

Uma busca no EtherScan pelo endereço mencionado no e-mail revelou que a carteira fora criada no mesmo dia. Até o momento, ele só fizera duas movimentações. A primeira foi uma entrada de exatos 0,1 ETH, provavelmente enviados por outra vítima que não percebeu o esquema a tempo.

A segunda foi o envio de quase todo esse valor para uma segunda carteira. O saldo do endereço quando este artigo foi escrito era de US$ 1,45 em ETH.

Por sua vez, a segunda carteira recebeu vários depósitos de valores similares, todos inferiores a 0,1 ETH. Novas transações aparecem logo após cada depósito, que enviam quase todo o dinheiro recebido para uma terceira carteira.

Este terceiro endereço, por sua vez, tem um comportamento semelhante, enviando todo o dinheiro para uma quarta carteira. Esta última, por outro lado, envia os fundos para um endereço ligado à Binance.

Esta movimentação indica que os endereços não têm qualquer tipo de envolvimento com a OpenSea.

Como se prevenir de golpes?

Muitos esquemas de pirâmide envolvendo criptomoedas, na verdade, não chegam perto do mercado cripto. Na verdade, eles abusam do desconhecimento das vítimas sobre como o setor opera para roubar seus fundos.

Embora às vezes o dinheiro seja realmente convertido em criptomoedas, isto normalmente ocorre para benefício do criminoso e não como forma de multiplicar o valor. O uso real do mercado cripto como meio é a exceção, não a regra.

O principal conselho dado aos investidores é que façam suas próprias pesquisas (DYOR) antes de comprometer seu dinheiro em algo que não dominem. Isto também vale para os novatos do meio.

Nesse caso, recomenda-se cuidado em dobro, uma vez que seu próprio desconhecimento pode ser usado contra você. O pagamento de taxas para blockchains é normal na web3, mas desconfie quando um dApp pedir pagamentos manuais em vez de executar um smart contract.

Por fim, desconfie de qualquer comunicação feita fora do site oficial. Há duas red flags nesse caso que tornaram o golpe fácil de descobrir.

O primeiro é que o rodapé do suposto e-mail da OpenSea é diferente das comunicações oficiais do site. Por exemplo, a url do site é escrita “Http://” e não “https://” como é o padrão.

O segundo é que a comunicação ocorreu através de um e-mail do Gmail, e não é o endereço de contato habitual da OpenSea – [email protected].

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Júlia V. Kurtz
Editora-chefe do BeInCrypto Brasil. Jornalista de dados com formação pelo Knight Center for Journalism in the Americas da Universidade do Texas, possui 10 anos de experiência na cobertura de tecnologia pela Globo e, agora, está se aventurando pelo mundo cripto. Tem passagens na Gazeta do Povo e no Portal UOL.
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